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Relatório da CNV: Operação Condor usou esquadrões da morte para assassinar opositores

A Operação Condor, cooperação entre regimes autoritários da América do Sul na década de 1970 para assuntos relacionados ao “combate à subversão”, fez uso sistemático de esquadrões da morte e sindicatos do crime, em "clara situação de terrorismo de Estado". Essa é uma das conclusões de relatório da CNV (Comissão Nacional da Verdade) entregue à presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (10/12).

De acordo com o documento oficial, que tem dois capítulos sobre a violação de direitos humanos de brasileiros no exterior e a aliança entre as ditaduras do Cone Sul, a Operação Condor foi oficializada no final de 1975, em uma reunião na cidade de Santiago, no Chile, da qual participaram seis países (Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai).

O relatório, porém, apresenta indícios de que essa cooperação já existia dois anos antes desse encontro.

Para os pesquisadores da CNV, a Operação Condor foi realizada em três fases: na primeira, “houve a formalização da troca de informações entre os serviços de Inteligência, com a criação de um banco de dados sobre pessoas, organizações e outras atividades de oposição aos governos ditatoriais”; na segunda, “aconteceram operações conjuntas nos países do Cone Sul e a troca de prisioneiros, mobilizando agentes da repressão local envolvidos na localização e prisão de opositores caçados por governos estrangeiros”; já a última fase “consistiu na formação de esquadrões especiais integrados por agentes dos países-membros, assim como por mercenários oriundos de outros países (neofascistas italianos e cubanos anticastristas), que tinham por objetivo a execução de assassinatos seletivos de dirigentes políticos”.

O relatório ainda classifica esse último momento da Operação Condor como o “mais arrojado e secreto”. Entre os mortos desta fase estão dois ministros chilenos, sendo que apenas um dele teve o nome divulgado: o ex-chanceler Orlando Letelier, ”morto por atentado a bomba executado por agentes da Dina em Washington, em setembro de 1976.” A Dina (Departamento Nacional de Inteligência) era uma espécie de SNI (Sistema Nacional de Informações) chileno.

O trabalho divulgado hoje também apresenta uma lista de 377 militares, policiais e ex-agentes do Estado acusados pelos crimes cometidos durante a ditadura brasileira. Um dos mais conhecidos é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que teve atuação destacada na Operação Condor. Entre dezembro de 1974 e dezembro de 1977, Ustra foi chefe do Setor de Operações do CIE (Centro de Informações do Exército), considerado “braço brasileiro da Condor”.

Além disso, a comissão também divulgou outra lista, com os nomes de 434 mortos e desaparecidos políticos, em ordem cronológica. Leia aqui a íntegra do relatório.