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Vigília da UNE contra o golpe registrou entrevistas com Proença, Toscano e Poerner

Destruir um dos símbolos da democracia e do poder jovem. Esta foi uma das primeiras ações dos militares, tão logo deram um golpe de Estado em 1964. A sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), localizada na Praia do Flamengo, 132, no Rio de Janeiro, foi completamente incendiada. Na última segunda-feira (31/3), 50 anos depois, o fogo voltou a crepitar no mesmo endereço, desta vez com velas acesas em memória aos torturados, mortos e desaparecidos durante a ditadura. A “vigília da resistência” foi organizada pela UNE e pela União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ) para que a sociedade não se esqueça das atrocidades cometidas durante a ditadura.

O ato teve início por volta das 18h com uma roda de conversas que recebeu diferentes convidados. Ivan Proença, ex- coronel do exército que foi contra o golpe; Regina Toscano, presa política durante o regime e Arthur Poerner, jornalista também vítima da ditadura, autor do livro ‘’O Poder Jovem’’.

A presidenta da UNE, Vic Barros, destacou a importância da vigília para que o período entre o dia 31 de março e 1º de abril, momento do golpe, não passe esquecido pela sociedade. “É necessário sempre lembrarmos a memória dos que lutaram e perderam a vida em defesa da liberdade, da democracia. Não podemos esquecer que a ditadura perseguiu, prendeu e assassinou jovens que sonhavam com o país diferente. Devemos sempre lembrar para que nunca mais aconteça uma ditadura cruel como a que se instaurou no Brasil durante longos e sombrios vinte anos”
Para o vice-presidente da UNE, Mitã Chalfun, o encontro de gerações promovido pela UNE foi de grande importância para relembrar a história. ‘’Saber o que se passou 50 anos atrás e ter a certeza que a nossa entidade lutou e ainda permanece lutando por mais direitos e melhorias na educação e para o país como um todo é emocionante”, falou.

Um enterro simbólico do regime militar foi realizado em frente a sede, com velas, flores, poesias e canções que lembraram desaparecidos como Vladimir Herzog, jornalista morto em 1975; Stuart Angel, morto em 1971; e Mário Prata, estudante morto em 1971, que hoje nomeia o Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Honestino Guimarães, estudantes desaparecido em 1973,

Os estudantes também ocuparam o Aterro do Flamengo, que fica em frente à sede, onde entoaram os famosos versos de Chico Buarque “Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia”, um dos hinos contra a ditadura militar.
”O período da ditadura foi vencido à custa de muito sangue e tortura. É um privilégio poder lutar pelos direitos do jovem em plena democracia conquistada’’, enfatizou Mitã.

Programa Especial, Ivan Proença 

Programa Especial, Arthur Poerner