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Argentina condena oficiais da Operação Condor

O tribunal de Buenos Aires condenou o último presidente da segunda ditadura argentina, Reynaldo Bignone (1982 – 1983), a 20 anos de prisão por de crimes de lesa-humanidade. Além dele, outros 17 militares (16 argentinos e um uruguaio) foram condenados pelos crimes de sequestro, tortura e desaparecimento forçado. Porém, sete destes oficiais, entre eles o ex-ditador Jorge Videla, morreram durante o processo, que começou em 1999.

Durante as quase duas décadas que o processo durou, além de Videla, morreram impunes Augusto Pinochet, ditador do Chile; Hugo Banzer, da Bolívia e Alfredo Stroessner, do Paraguai.

Ao longo do processo cerca de 220 testemunhas foram ouvidas durante três anos de audiências.

Destas, 133 participaram por meio de videoconferências, por estarem no exterior. A investigação identificou 105 vítimas da Operação Condor, entre elas estão 45 uruguaios, 22 chilenos, 15 paraguaios, 13 bolivianos e 10 argentinos.

A Operação Condor foi uma rede de repressão política e troca de prisioneiros formada pelos serviços de inteligência das ditaduras do Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai). No entanto, até o momento apenas a Argentina investigou e julgou os crimes. O país também pediu a detenção e extradição dos ditadores das nações vizinhas Pinochet e Banzer em 2000 e 2001, para que fossem julgados. Porém, os pedidos foram rejeitados.

A coordenadora da Comissão de Memória, Verdade e Justiça da Argentina, Luz Palma Zaldúa, afirmou em entrevista à BBC, que na mesma época o ditador paraguaio Stroessner morava em Brasília. Mas o Brasil também rejeitou o pedido de detenção e extradição.

Segundo Zaldúa, mais tarde, em 2007, o Brasil aceitou um outro pedido feito pela Justiça argentina para extraditar o oficial uruguaio Juan Manuel Cordero Piacentini. Ele respondeu por 11 sequestros e desaparecimentos de compatriotas que foram levados para um centro clandestino na Argentina.

Ele integra o grupo dos oficiais condenados na última sexta-feira. Porém, por ter mais de 80 anos de idade, irá cumprir a pena em prisão domiciliar. Atualmente ele cumpre em regime fechado porque desrespeitou regras, mas poderá recorrer.

Os outros condenados também poderão recorrer à sentença. Ainda assim, familiares das vítimas da ditadura e as Mães da Praça de Maio, comemoraram o resultado do julgamento e consideraram como “um dia histórico”.

Operação orquestrada pelos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, determinou a retirada do sigilo de documentos da inteligência americana sobre a Operação Condor durante sua visita oficial à Argentina, em março passado. Esta erauma reivindicação histórica dos movimentos sociais e ativistas dos direitos humanos.

Documentos e investigações afirmam que a Operação Condor foi respaldada pelos Estados Unidos e só agora, mais de três décadas depois, o país vai abrir os arquivos.

A Argentina já julgou e condenou outros oficiais envolvidos na ditadura militar do país, mas esta foi a primeira vez que a Justiça reconheceu o esforço coordenado entre os países do Cone Sul.

Do Portal Vermelho, com agências