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Conselhos discutem tarefas estratégicas da Fundação Maurício Grabois

Segundo o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, ao mesmo tempo em que demanda tarefas específicas, “as atuais condições anormais de temperatura e pressão” dificultam a atuação convencional da entidade, que precisa reagir às condicionantes conjunturais. O período eleitoral que se avizinha, demanda uma contribuição da Grabois para o debate, que deverá participar com a realização de seminários em localidades prioritárias.

A busca pelo relacionamento constante com outras fundações, como a Perseu Abramo, a Leonel Brizola-Alberto Pasqualini e a Lauro Campos, assim como a parceria com universidades, sindicatos e outras organizações, para a realização de atividades, será uma tarefa perene com o objetivo de ampliar o alcance das iniciativas e também da capacidade de financiamento das tarefas estratégicas.

Outra ferramenta importante para o debate estratégico, tanto para a conjunta de crise política e institucional, quanto para o debate de alternativa à crise capitalista em andamento, é a formação política, por meio da Escola Nacional de Formação João Amazonas. O curso de Estudos Avançados previsto para o início de julho será uma oportunidade para esse debate mais qualificado acerca do golpe de Estado em andamento.

Outro instrumento importante para essa tarefa, disse Renato Rabelo, é o Portal Grabois, que deve ser valorizado para que ele cumpra o seu papel. Os diretores precisam ver como podem contribuir, divulgando o que está sendo publicado e colaborando. O Portal precisa ser levado em conta para esse papel, para que a Fundação possa falar com um público maior.

A memória do Partido é outra questão fundamental, destacou Renato Rabelo. Quem é do PCdoB sabe que esse é um trabalho permanente, uma questão essencial, por suas características políticas e ideológicas, afirmou. Mas, como muita coisa se perdeu por ter sido perseguido e viver muito tempo na clandestinidade, o esforço atualmente empreendido é de grande importância. Renato Rabelo ressaltou o esforço para a digitalização dessa memória com o objetivo de democratizar o acesso a esse acervo. É um instrumento da democracia, destacou.

Para Renato Rabelo, a chave do trabalho da Fundação está em voltar-se ao desenvolvimento do pensamento estratégico. “Mobilizar o partido e aliados para debater questões vinculadas ao pensamento estratégico, é fundamental para não ficar preso a uma práxis cega do dia-a-dia político”, afirmou. Para ele, a partir de um pensamento estratégico é sempre possível articular e remodelar a tática cotidiana à pressão conjuntural, sem perder o rumo do socialismo.

Para Renato Rabelo, os debates precisam considerar a busca pela compreensão mais acurada do que caracteriza esse capitalismo contemporâneo, o papel do neoliberalismo e qual seria a alternativa para sair da simples reforma do sistema econômico. “Nos marcos atuais, como compreender o desenvolvimento como um pacto pelos destinos nacionais? Existe possibilidade de desenvolvimento nacional para avançar para um sociedade superior?”, indaga-se ele.

Renato Rabelo chama a atenção para os rumos do socialismo na China, no Vietnã e em Cuba, que “a seu tempo, tiveram que decidir como manter sua perspectiva socialista para alcançar um capitalismo avançado. Não existe socialismo com base material atrasada”.

Outros temas abordados foram relativos à atuação das seções estaduais da Fundação (RJ, SP, RS e Serra Gaúcha, BA, CE, PA, MG, AM, PE, PR, MA) e o Centro de Documentação e Memória, a atuação internacional no Fórum Social Mundial, entre 9 e 14 de agosto no Canadá, e no XXII Foro de S. Paulo, entre 23 e 26 deste junho, em El Salvador, e, ainda, na SBPC, que será realizada entre 3 e 9 de julho em Porto Seguro (BA).

Com relação aos preparativos para o Centenário da Revolução Russa, ficou definido que será realizado um seminário internacional em março de 2017, organizado pela Fundação com vários aliados e a participação de convidados de fora do país, e um ato comemorativo amplo no aniversário da Revolução. A Fundação também participará de um seminário da editora Boitempo, previsto para outubro do ano que vem, lembrou. Também em março de 2017 será lançado um livro sobre a Revolução, com uma coletânea de artigos, além de uma obra com ensaios de Lênin sobre o tema. Renato Rabelo observou que as seções estaduais devem acompanhar essas iniciativas para organizar eventos locais.

Renato Rabelo expressa especial interesse na formação de um amplo conselho consultivo, a partir dos cerca de 200 nomes de intelectuais que já participaram das atividades da entidade, “para ampliar e reunir as melhores ideias de expoentes de distintas universidades”. Durante a reunião foi apresentada a percepção de que a conjuntura golpista favoreceu a aproximação da intelectualidade brasileira do PCdoB, criando oportunidades.

O presidente da Fundação apontou a necessidade de organizar o trabalho com os intelectuais, além de recomendar urgência na institucionalização do CDM para abrir caminhos, instituir convênios e avançar ainda mais. Comentou também o sentido de urgência do Conselho Consultivo e da instituição de um sistema de TV no Portal Grabois, para transmissões ao vivo dos debates. A proposta de Rubens Diniz de sistematização das experiências de políticas públicas também deve ser levada adiante, indicou. E a seção maranhense da Fundação merece atenção porque, além dela em si, o PCdoB tem o governo do estado. Destacou a riqueza do livro iconográfico da história do Partido que está sendo preparado pelo CDM, como um verdadeiro feito editorial, e encerrou com o reforço à necessidade de ampliar as receitas da Fundação para que ela possa dar conta das suas tarefas.

Balanços e perspectivas

Foram feitos balanços e apontadas as atividades já previstas de cada setor da Fundação pelo secretário-geral Adalberto Monteiro. O êxito do trabalho, apresentado de forma resumida no início da reunião, tem como causa a decisão do Comitê Central do PCdoB de apoiar resolutamente a Fundação, disse Adalberto Monteiro. Comentou que foram publicados 61 livros, além de uma variada plataforma de trabalho. Falou que o conceito da Fundação de ser um espaço do pensamento marxista e progressista tem sido aplicado de forma ampla, com aproveitamento do potencial dos quadros do Partido e intercâmbio com a intelectualidade.

Comentou a abordagem de Renato Rabelo sobre a importância do desenvolvimento da teoria, um trabalho que remonta à constituição da Escola Nacional em 2003. Lembrou que a desativação da Escola na esteira da crise do socialismo se deveu à necessidade de tempo para a busca de novos nexos da teoria com a luta de classes. Na procura por novos nexos, emergiu a crise de 2007-2008, exigindo um esforço para desvendar as singularidades e as tendências dessa crise. Outra linha de pesquisa e elaboração que foi priorizada pela Fundação no último período se refere aos conteúdos e bandeiras do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, concebido como caminho para o socialismo.

Havia o desafio de dar densidade teórica e política ao Programa do PCdoB, enfrentado pela revista Princípios. Há agora também o desafio de um exame crítico, multilateral, desses 13 anos de governos progressistas, avaliou Adalberto Monteiro, lembrando que a Fundação tem papel destacado na ajuda da preparação dos debates do Congresso do PCdoB, oferecendo massa crítica para o conjunto da militância. Encerrou dizendo que o desafio é enfrentar a questão das finanças por meio de parcerias para as atividades da Fundação.

O apoio da direção nacional do PCdoB foi decisivo para o êxito da Escola Nacional de Formação do PCdoB, que vem em atividade ininterrupta desde 2003. A Escola foi representada por sua coordenadora Nereide Saviani, que expressou atenção com a necessidade de qualificar os alunos melhor no Nível 2, para, só então, encaminhá-los para o Nível 3. Ela destacou o apoio das seções estaduais, que em muitos locais estão constituídas e consolidadas, como ponto de apoio fundamental. Apontou três pontos interconectados para essa boa performance da Escola: o currículo, as condições materiais e o empenho dos camaradas envolvidos nessa atividade. Destacou o empenho dos professores e a organização dos cursos em três níveis, além da modalidade formação à distância — esta, mais recente.

Nereide apontou como debilidade a dificuldade de trânsito das informações; em muitos locais são realizadas atividades que a coordenação da Escola não toma conhecimento. E com isso perde-se a oportunidade de registrá-las e divulgá-las. Nereide também comentou a ideia de formar um grupo de trabalho para debater e aprimorar a modalidade de formação à distância. Falou também da necessidade de se buscar formas de acompanhar com mais atenção as atividades das seções estaduais.

André Bezerra também abordou a atividade de formação, avaliando que a ênfase no curso de nível 3 é importante, mas muitos quadros precisam de cursos mais básicos, de nível 2 e até o CPS. Propôs uma formação massificada de quadros. Comentou também que para o estado de São Paulo a ideia de seminários locais cumpre bem o papel de subsidiar propostas para as eleições municipais.

O presidente do Conselho Curador, Augusto Buonicore, e o historiador Fernando Garcia, apontaram para a necessidade de formalização documental do CDM, para ampliar sua capacidade de parcerias institucionais. O diretor financeiro Leocir Costa Rosa fez um balanço e planejamento financeiro. Falou também da prioridade às redes sociais, para o qual deve haver um trabalho específico. Recomendou investimentos e um trabalho de massa crítica para definir a elaboração de um plano. Comentou também o dilema sobre as publicações da Fundação, que devem ser debatidas para ver como barateá-las e distribuí-las com mais eficiência, alertando que já há um problema de espaço para armazenar o estoque disponível.

O diretor de Comunicação e Publicidade, Fábio Palácio, apontou o momento de inflexão sobre a experiência de governo do campo progressista e os obstáculos enfrentados, possibilitando a realização de eixos centrais de avanços, mas também o negligenciamento de áreas importantes da construção ideológica da nação. “Diante disso, há um saldo positivo quando se observa que a intelectualidade artística e acadêmica está em bloco contra o golpe”, afirmou. Palácio, que assumiu recentemente a docência na UFMA, destacou a atuação da seção maranhense da Grabois, em pleno funcionamento e estruturação, vocalizando o debate político na imprensa e na universidade local. Tendo participado de parcerias da Grabois com a SBPC, em várias ocasiões, ele anunciou que aquele congresso vai promover um ato contra a extinção do Ministério de Ciência e Tecnologia ocorrido no governo interino de Michel Temer.

Pedro de Oliveira destacou a revista Princípios, com 35 anos de existência ininterrupta, um instrumento importante de tradução da ideologia e da política do Partido. Alertou que a revista passa por dificuldades financeiras e de circulação. A ideia de mantê-la impressa e ao mesmo tempo publicar uma versão digital, acessada mediante assinatura eletrônica, é positiva; mas é preciso superar as dificuldades de financiamento, sobretudo, para que ela siga cumprindo o importante papel de “mostruário” do PCdoB.

Participaram da reunião, os membros da Diretoria Executiva, Renato Rabelo, Adalberto Monteiro, Leocir Costa Rosa, Nereide Saviani, Fábio Palácio, Luciano Rezende, Rubens Diniz, Javier Alfaya, Aloísio Barroso, do Conselho Fiscal, André Bezerra, Pedro de Oliveira,  Julia Roland, do Conselho Curador, Augusto Buonicore, Altamiro Borges, Vital Nolasco e Nivaldo Santana e o coordenador editorial do Portal Grabois, Osvaldo Bertolino e o coordenador do CDM, Fernando Garcia. Justificaram ausência  Ana Prestes, José Carlos Ruy, Jô Moraes, Elisangela Lizardo e Walter Sorrentino.