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Homenagem a Moniz Bandeira na USP

O auditório Fernand Braudel, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo encheu de estudantes, intelectuais e amigos do homenageado no último 4 de novembro.

O organizador do evento, professor Luiz Bernardo Pericás, abriu a homenagem com a palavra de ordem “Fora, Temer!” e saudou os estudante secundaristas que ocupam escolas contra o Projeto de Emenda Parlamentar que visa colocar teto baixo e congelar os gastos públicos. O professor Pericás fez uma rápida apresentação do homenageado lembrando sua trajetória acadêmica e política.

O professor da Universidade Estadual da Bahia, Milton Pinheiro, ressaltou a importância de homenagear Moniz Bandeira num momento que é necessário refletir sobre o mundo contemporâneo. Sua intervenção abrangeu uma parte da produção intelectual de Moniz. Tratou sobre as particularidades políticas do pré-golpe de 1964. Segundo o professor, o trabalho de Moniz é importante, pois tem uma riqueza de fontes e documentos que possibilitam ir à fundo nas entranhas tanto do governo Juscelino Kubitschek, como no governo João Goulart. E isso pode contribuir na análise da conjuntural atual.

A professora do Departamento de Economia da PUC-SP, Regina Gadelha, trouxe um depoimento do homenageado que, da Alemanha, onde reside, telefonou a ela e agradeceu a homenagem de forma emocionada. Gadelha afirma que “apesar de viver distante do Brasil, Moniz talvez tenha sido o brasileiro mais brasileiro”. Pelo seu comprometimento com o abstrato e com o concreto na medida que desenvolveu ciência e se preocupou com a realidade, ou seja, um “intelectual orgânico”.  A professora apresenta a rica totalidade da obra do autor e sua profunda complexidade. Obra esta, que não se acaba em si, já que ele reescreve para novas edições.

O professor de História Contemporânea da USP, Osvaldo Coggiola, admite a grande admiração que tem por Moniz Bandeira pela quantidade, qualidade e diversidade temática que soma sua obra. Enfatiza o caráter polêmico de sua obra e mostra que não se “faz mais intelectuais” como Moniz, mas que deveriam ser formados os novos intelectuais como ele. Pois só assim não perderemos o sentido da palavra intelectual. E protesta contra o fomento de pesquisa no Brasil que, por valorizar mais o paper e o artigo, não instiga os pesquisadores a serem como Moniz; já que precisam escrever textos de pouco fôlego.

O Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, amigo de longa data de Moniz Bandeira, ressaltou pontos da obra do homenageado fazendo uma análise da conjuntura nacional e internacional historiando desde a formação dos Estados. E marcou fortemente a relação de classes que há dentro e entre os países. Mostrou a evolução política do continente com o fim das ditaduras militares, o ascenso, a primeira derrota e a volta das forças neoliberais ao centro dos poderes dos países latino americanos; que caracterizam a conjuntura atual.

O professor da Fundação Getúlio Vargas, Paulo Barssotti, afirmou que Moniz Bandeira “faz parte de uma estirpe de pessoas cada vez mais raras que conseguem conjugar luta política e combate teórico”, ou seja, duas dimensões da luta de classes. Barssoti lembra que quando ainda militante do movimento estudantil secundarista entrou em contato com a obra do autor (especificamente “O ano vermelho: a revolução russa e seus reflexos no Brasil”) e que ele e os jovens colegas liam e debatiam.