Luiz Alberto Viana de Moniz Bandeira, brasileiro, do estado Bahia, morreu no dia 10 de novembro, aos 81 anos, na Alemanha, país em que há muito tempo residia.

Moniz Bandeira foi destacado historiador, grande cientista político, autor de importante obra, reconhecida no Brasil e no exterior.

Moniz Bandeira foi, por excelência, um grande patriota. Um defensor erudito, corajoso dos interesses do Brasil. Brasil soberano, Brasil integrado, respeitado pelo concerto das nações.

Especialista em política internacional, em geopolítica, foi um pesquisador dos mais respeitados sobre os Estados Unidos da América. Sobre esse tema publicou em 2005, a Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à Guerra contra o Iraque.)

Esquadrinhou, revelou, fundamentado em rigorosa pesquisa, as investidas, a guerras, as ações do imperialismo estadunidense contra a soberania de povos e nações, ao longo da história e neste século XXI. Desnudou táticas, estratégias no imperialismo no passado e na contemporaneidade. Sobre os estratagemas que o imperialismo utiliza nas últimas décadas, publicou: A Segunda Guerra Fria, em 2013 e A Desordem Mundial, em 2016.

Em particular pesquisou a ingerência e a política de dominação dos EUA contra os países da América do Sul e contra nosso país.

Mesmo preso em 1973, no período da ditadura militar, publicou a importante obra Relação dos Estados Unidos com o Brasil (Duzentos anos de história) e também Brasil, Argentina e Estados Unidos (Da tríplice aliança ao Mercosul).

Opôs-se energicamente ao golpe de Estado que depós a presidenta Dilma Rousseff. E apontou evidências da participação dos Estados Unidos neste golpe.

Sobre o tema do nosso seminário, em 1967, Moniz, embora perseguido pela ditadura, clandestino, publicou O Ano Vermelho – a revolução russa e seus reflexos no Brasil.

Na juventude, Moniz Bandeira manteve uma relação amistosa com dirigentes do Partido Comunista do Brasil, entre eles, Maurício Grabois, João Amazonas e Pedro Pomar.

Na atualidade mantinha relações com a Fundação Maurício Grabois, correspondia-se com frequência com o historiador Augusto Buonicore, nosso diretor, e também com Walter Sorrentino, entre outros. Ano passado, concedeu uma entrevista à revista Princípios, realizada pelo diretor de nossa Fundação, Rubens Diniz.

Uma nação é constituída de várias dimensões, se ergue e se realiza em riquezas materiais, imateriais. O coração de Moniz Bandeira parou de bater. Partiu. Mas sua vida de cidadão consciente, militante, em defesa de sua pátria e de um mundo de paz e cooperação entre os povos, e a fortuna das ideias patrióticas, libertadoras do elenco de seus livros, são parte pulsante, viva, desse patrimônio construído por gerações e gerações e sobre o qual se ergue o Brasil.

Toda vez que for publicado um livro novo que reforce a luta pela soberania de nosso país; toda vez que uma criança, um jovem, ou adulto entoar o Hino nacional; toda vez que a classe trabalhadora realizar marchas e passeatas em defesa do patrimônio nacional, como faz agora contra a agenda antinação e antipovo do governo golpista de Temer; toda vez que em um muro for pichado no Brasil, ou qualquer parte do mundo “fora, imperialismo americano”; toda vez que se abrir um sorriso largo de esperança do nosso povo, Moniz Bandeira estará presente.

São Paulo, 10 de novembro de 2017

A diretoria Executiva da Fundação Maurício Grabois

 

(Foto: Sorrentino homenageia Moniz Bandeira, durante abertura do seminário Outros Outubros Virão.)