A exposição de Rabelo encerrou a conferência distrital do PCdoB UFMA, organismo que reúne cerca de 40 militantes entre professores, servidores técnico-administrativos e estudantes. A eles vieram somar-se militantes de outras bases, além de amigos e simpatizantes do PCdoB – vários deles professores da Universidade – para ouvir as ideias do presidente da Fundação Grabois sobre “A frente ampla e o novo rumo para o Brasil”.

Segundo o presidente da Fundação Grabois no Maranhão, o professor e jornalista Fábio Palácio, o evento teve por objetivo discutir a posição dos comunistas diante da situação política nacional, apresentando propostas para o país sair da crise. “A palestra foi o principal momento de debate sobre as teses ao 14º Congresso do PCdoB não apenas na UFMA, mas no estado do Maranhão”, sublinhou Palácio.

 

Em sua intervenção, Rabelo destacou o legado de treze anos de governos progressistas no Brasil, pontuando vitórias, revezes e a herança de transformações, além das lições deixadas pela derrota culminada no impeachment de Dilma Rousseff. Entre elas, Rabelo cita o que tem sido chamado de “republicanismo ingênuo”, isto é, a postura de cultivar ilusões sobre uma suposta “neutralidade” da burocracia do Estado.

Para Rabelo, as classes dominantes impuseram, por meio de um golpe parlamentar, uma ordem retrógrada, que desde o primeiro momento visa ao resgate das políticas neoliberais e à destruição de conquistas. “Temer foi uma contingência necessária para mascarar a ilegalidade do golpe”, disse Renato. Ele acrescenta que vivemos uma situação de rápida destruição de conquistas e de desmonte dos instrumentos capazes de garantir possibilidades de desenvolvimento nacional autônomo. Ao mesmo tempo, as classes dominantes atrelam o país à tendência internacional em declínio. “Tudo isso vem resultando em um retrocesso histórico inédito.”

Para Rabelo, a grande tarefa que se impõe é a superação da crise, com a retomada do crescimento econômico e a reconstrução do país. Contra as tendências que pretendem substituir a política por soluções tecnocráticas, ele afirma que a saída para a crise, como sempre, é política. “É preciso unir uma ampla base social, que vá da classe trabalhadora até parte das camadas médias e da burguesia – principalmente aquela voltada ao produtivismo – em torno a um programa de restauração da democracia, salvação nacional e reconquista dos direitos sociais”, salientou.

Na visão de Rabelo, o centro da tática para a resistência é a retomada da soberania popular – que vem sendo crescentemente sonegada desde o golpe parlamentar de 2016 –, com a realização de eleições diretas para presidente da República em 2018 e a apresentação de um novo projeto de desenvolvimento nacional. Esse projeto inclui pontos como uma robusta política industrial e de inovação; uma estratégia nacional de reindustrialização conduzida pelo Estado; uma nova matriz macroeconômica, antirentista, e um vigoroso programa de infraestrutura de integração e articulação nacional.

Rabelo considera ainda como ponto essencial a democratização das estruturas do Estado, com a realização das reformas política e do judiciário, a democratização dos meios de comunicação e a criação de novos métodos de formação e seleção da burocracia do Estado. O presidente da Fundação Grabois cita ainda a necessidade de investimentos maciços em educação, com a plena retomada do PNE; a realização de ampla reforma para tornar mais progressivo o sistema nacional de tributos, e a implementação de um projeto de desenvolvimento específico para a Amazônia, entre outros pontos.