“Vamos fechar daquele jeito que só nós sabemos fazer” (Luiz Carlos Mendonça de Barros para André Lara Resende)

“Ter governo decente e que funciona” é um dos chavões que o candidato dos ricos vem martelando em sua campanha. A foto dele ao lado de seu velho amigo e protegido senador Zezé Perrella documenta sua indecente concepção da decência. Os Perrella jogam pesado. Em novembro do ano passado, numa fazenda situada em Afonso Cláudio (Espírito Santo), num helicóptero pertencente à Limeira Agropecuária e Participações, firma fundada por Zezé Perrella que a transferiu a seu filho Gustavo Perrella, deputado estadual em Minas, e outros membros da família, foi apreendida uma carga de 443 quilos de cocaína. 

Rogério Antunes, piloto do desde então chamado “helicoca”, indicado para o posto por Gustavo Perrella, foi preso em flagrante, mas logo solto. Até o “helicoca”, que tinha sido apreendido por determinação judicial, acabou sendo solto, isto é, devolvido ao clã Perrella. Obviamente, nenhum dos envolvidos admitiu saber qual era a carga que transportavam. Todos ingênuos, todos santinhos.
  Zezé Perrella e Aécio: velha parceria

Vários inquéritos da promotoria de Minas Gerais sobre trapaças no governo de Aécio encontraram as digitais dos Perrella, por exemplo na concessão dos restaurantes da Cidade Administrativa, na venda de refeições para os presos, na fraude fiscal sobre negócios de carnes e no convênio do programa Minas Sem Fome. O controle exercido pela tucanagem sobre os meios de comunicação, especialmente no maior jornal local, O Estado de Minas, abafou esses e outros escândalos. É assim que o moralismo hipócrita dos facho-udenistas encobre suas indecências.

Quanto ao segundo termo do chavão eleitoral, governo “que funciona”, há um velho, mas precioso documento sobre como funcionou a privataria tucana no tempo em que Aécio ainda era um coadjuvante na tropa de choque neoliberal. Foi publicado em Carta Capital datada de 25/11/1998, trazendo na capa o título FITAS SUJAM O GOVERNO (FHC), acompanhado de algumas frases em linguagem vulgar e debochada, em que membros proeminentes da “equipeconômica” de FHC discutem a partilha do botim das telecomunicações. 

“Se faz aqui esses consórcios borocoxôs, são todos feitos aqui. O Pio (Borges) levanta e depois dá a rasteira” (Luiz Carlos Mendonça de Barros para o irmão José Roberto)
“Temos que fazer os italianos na marra, que estão com o Opportunity. Fala pro Pio que vamos fechar daquele jeito que só nós sabemos fazer” (Luiz Carlos Mendonça de Barros para André Lara Resende)
“Vai lá e negocia, joga o preço para baixo. Depois, se precisar, a gente sobe e ultrapassa o limite” (André Lara Resende para Pérsio Arida)

João Quartim de Moraes coordena a Fundação Maurício Grabois, Seção São Paulo