O dia 28 de julho é feriado estadual no Maranhão para lembrar a data tardia em que o estado decidiu aderir à independência brasileira no ano de 1823. O lapso de nove meses é um sopro diante do atraso de meio século no fim do coronelismo e patrimonialismo representado pela família Sarney.

Há 50 anos, um mesmo grupo político mantém-se no poder do estado, alternando apenas o mandante do Palácio do Planalto ao qual promete apoio em nível federal. Em troca da representatividade da família Sarney no Congresso Nacional, todos os governos federais das últimas cinco décadas apoiaram seus aliados no Palácio dos Leões, no coração do conjunto arquitetônico do centro histórico de São Luís.

O custo oculto do apoio da família Sarney em nível federal tem sido a manutenção dos indicadores de vida da população maranhense abaixo de qualquer patamar digno. Por triste ironia, o apoio de Sarney a governos que fizeram o país melhorar nas últimas duas décadas custou a privação dos maranhenses desta evolução.

O legado de 50 anos de Sarney no Maranhão são as piores posições no ranking do IDH – índice da ONU que mede a qualidade de vida de cidadãos do mundo inteiro. O estado é o penúltimo em expectativa de vida e detém a pior marca em mortalidade infantil. Os maranhenses são atendidos pelo menor número de médicos e de policiais por habitante do país. Entre 2009 e 2013, o Maranhão seguiu o caminho inverso do Brasil no quesito Educação. O número de analfabetos cresceu no estado – passando de 19,1% dos maiores de 15 anos para 20,8% nesta faixa etária.

A sociedade, por meio de suas mais diversas forças políticas, já deu diversos sinais de que deseja superar essa etapa. Não por acaso, partidos que apoiam os três principais candidatos à Presidência da República decidiram se juntar em torno da coligação Todos pelo Maranhão nessas eleições de 2014, que podem eleger o primeiro governador filiado ao PCdoB no país.

É hora de virarmos a página desse passado, não só pelo bem do Maranhão e do povo lutador que aqui habita, sobrevivendo com alegria e esperança a cinco décadas de coronelismo. Quem tem a ganhar é também o Brasil, com a reintegração simbólica a seu território de 7 milhões de compatriotas privados do direito de serem brasileiros.

Publicado na Revista Forum