O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, liderou a maior parte das pesquisas de intenção de voto durante a campanha para o pleito deste domingo (21/04). Na reta final, no entanto, o liberal Efraín Alegre se aproximou de Cartes e ameaçou a sua vitória depois de anunciar um acordo com a Unace (União Nacional de Cidadãos Éticos), fundada pelo ex-general Lino Oviedo, morto em fevereiro deste ano.
Até a formalização da aliança, a Unace estava em quarto lugar na corrida à Presidência e, caso seus eleitores aderissem em massa a Alegre, Cartes seria derrotado. Na prática, porém, o pacto foi um fracasso.
Mais ligados historicamente ao Partido Colorado, o mesmo do novo presidente paraguaio, a militância oviedista refutou a aproximação com os liberais do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico).
Prova disso é que mais da metade dos fiscais de mesa da Unace não compareceram aos seus colégios eleitorais. Outro exemplo é que, no discurso em que Alegre assumiu a derrota, não havia nenhum líder ligado ao ex-general.
“Boa parte dos membros da Unace já foram colorados e voltaram a apoiar seu antigo partido nesta eleição”, afirma Francisco Capli, da empresa First Análises, que realiza pesquisas de intenção de voto e de boca de urna.
Funcionalismo público
O comportamento dos funcionários públicos também ajuda a entender a inesperada vantagem de nove pontos percentuais de Cartes na eleição de ontem. No governo com o presidente Federico Franco, o PLRA pressionou essa classe a aderir à candidatura de Alegre, sem sucesso.
“Por isso, muitos diziam para os pesquisadores que estavam indecisos ou votariam no liberal, mas, na urna, apoiaram Cartes. Mais de 80% dos funcionários públicos são ou já foram colorados, porque essa era uma exigência para se conseguir um emprego antes do governo de Fernando Lugo”, explica Capli. Até Lugo chegar ao poder, em 2008, os colorados comandavam a Presidência do Paraguai há mais de seis décadas.
Além da vitória de Cartes, que ficou com 45,8% dos votos, ante 36,9% de Alegre, o Partido Colorado também ganhou os governos de 15 dos 17 departamentos paraguaios e obteve maioria própria no Senado e na Câmara dos Deputados.
A legislação paraguaia não prevê segundo turno e é eleito presidente o candidato com mais votos, independentemente do percentual.

Publicado em Opera Mundi