Para ter acesso ao dinheiro, o primeiro-ministro entreguista Lucas Papademos, ex-executivo da Goldman Sachs, concordou com a presença permanente no país de uma equipe de rentistas, que fiscalizará se as metas acordadas são cumpridas. O governo ainda criará uma “conta vinculada”, que priorizará o pagamento da dívida em detrimento de outros investimentos públicos.

Sacrifícios no altar do “deus-mercado”

Apesar deste duro golpe, os banqueiros que saquearam a Grécia ainda querem mais. Nem eles acreditam que a “ajuda” salvará o país, fazendo com que a dívida caia dos atuais 159% do PIB para 120,5% em 2020. Além do corte de 22% no salário, da demissão de 150 mil servidores e da redução das aposentadorias, eles já prevêem mais sacrifícios no altar do “deus-mercado”.

Em comunicado lacônico, o presidente do grupo de ministros de Finanças, Jean Claude Juncker, declarou que “o Eurogrupo tem total conhecimento dos significativos esforços já feitos pelos cidadãos gregos, mas também ressalta que esforços adicionais da sociedade são necessários para que a economia volte a um caminho de crescimento sustentável”. Eles exigem mais sangue!

O fim melancólico da democracia grega

Temendo a onda de revolta que avança no país, os banqueiros também exigem o fim da democracia grega – o que prova que o neoliberalismo não combina com democracia. O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, porta-voz dos bancos e dos interesses imperiais alemães, inclusive já propôs que a Grécia adie as suas eleições como condição para receber nova ajuda.

Segundo o Financial Times, a bíblia dos rentistas, “Shäuble quer prevenir uma escolha democrática ‘errada’. Similar é a sugestão de que as eleições aconteçam, mas uma grande coalizão permaneça no poder, independentemente do resultado. A zona do euro quer impor a sua escolha de governo à Grécia, no que a transformaria em sua primeira colônia”.

O temor das explosões populares

O próprio jornal, porém, adverte para o risco de medidas “inacreditavelmente extremas”. “Uma coisa é os credores interferirem no gerenciamento das políticas de um país beneficiário. Outra é dizer a ele para suspender eleições. Na própria Alemanha, isso seria inconstitucional”. Ele teme que tais medidas sejam “insuportáveis para os gregos” e resultem em explosões de revolta.

E não é para menos. Todas as medidas impostas pelos banqueiros – e acatadas servilmente pelo governo fantoche da Grécia – só agravaram a situação do país. A nação ingressou no quinto ano consecutivo de recessão; o desemprego pulou dos 7,4%, quando eclodiu a crise capitalista global de 2008, para os 21% atuais; e a renda familiar caiu 30% nos últimos anos.

Além de agravar a situação do povo grego, este interferência não resolveu o quadro de falência do país. A dívida pública subiu de 109% do PIB, no primeiro trimestre de 2007, para os atuais 159%. Nada indica que o novo “pacote de ajuda”, que transforma a Grécia numa colônia – que lembra as “repúblicas bananeiras” da América Latina – vá solucionar os seus graves problemas.

Fonte: Blog do Miro