Nos jornalões, apenas pequenas notas da assessoria de imprensa da corporação. Um dos tecnocratas da incompetente Chevron chegou a culpar a natureza pelo acidente. Nas televisões, o silêncio é criminoso, conforme criticou Fernando Brito, do blog Tijolaço. É como se o acidente não existisse. Caso o desastre ocorresse numa plataforma da Petrobras, a mídia privatista faria o maior escândalo.

Dois motivos da mídia privatista

Há informações de que 18 navios já trabalham na contenção do vazamento. Mas a mídia nada fala. “Devem ser navios-fantasmas, como é a direção da Chevron. Não têm nome, não têm comandantes, não tem tripulação… Será que vamos ter que esperar que coloquem uma mensagem na garrafa para que a nossa imprensa publique algo além de notas oficiais?”, ironiza Fernando.

O silêncio criminoso da mídia tem duas explicações. Uma econômica, já que as multinacionais do petróleo gastam bilhões em anúncios publicitários nas revistonas, jornalões e emissoras de TV. Seria um tipo de “mensalão” para comprar a sua cumplicidade. A outra razão é política, ideológica. A mídia privatista e entreguista sempre defendeu os interesses das multinacionais do petróleo.

Um histórico de traição e entreguismo

Historicamente, ela foi contra a criação da Petrobras no governo Getúlio Vargas e contra a campanha “O petróleo é nosso”. Ela dizia que não existia petróleo no Brasil. Monteiro Lobato foi um dos primeiros a contestar esta visão derrotista. Depois da descoberta das primeiras reservas, a mídia colonizada passou a difundir que o país seria incapaz de extrair e refinar esta riqueza natural.

Mais recentemente, com a descoberta do pré-sal, ela bombardeou a proposta do governo Lula de alterar os contratos no setor – de concessão para partilha. O ex-presidente também deu mais força à Petrobras, que passou a ser a operadora exclusiva nos campos do pré-sal. Estas mudanças irritaram a mídia privatista, defensora da Chevron e das outras multinacionais do setor.

As revelações do WikiLeaks

Também neste ponto, a mídia entreguista e o candidato José Serra tiveram total concordância. Segundo documentos vazados pelo WikiLeaks, o tucano se comprometeu a rever o marco regulatório da exploração do pré-sal. Um telegrama diplomático dos EUA, de dezembro de 2009, confirma a subserviência do presidenciável do PSDB diante das poderosas multinacionais do setor:

“Deixa estes caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, disse Serra a Patrícia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron. Outros documentos vazados mostram que os EUA se empenharam para evitar a mudança nos contratos do setor e para inviabilizar a Petrobras como “operadora-chefe” do pré-sal.

O silencio diante do grave vazamento no Campo do Frade não é por acaso. Os interesses alienígenas ainda são muito influentes no Brasil, principalmente na sua mídia colonizada e corrompida.