Uma das mais críticas assembléias anuais da Organização das Nações Unidas (ONU), em nível de disputas imperialistas e periféricas, mas, também, quanto a suas consequências na região do Mediterrâneo Oriental, já foi iniciada.

Ao que tudo indica, ponta de lança será o imbróglio palestino, com a escalada da campanha diplomática, inaugurada há mais de um ano pela Autoridade Nacional Palestina, exigindo o unilateral reconhecimento de status do Estado independente palestino nas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental, pela ONU, invocando o fracasso de todas as negociações bilaterais até hoje, por causa da irreconciliabilidade israelense.

Na sexta-feira, o presidente palestino Mahmoud Abbas protocolará, oficialmente, o pedido para o reconhecimento da Palestina como Estado independente, durante seu discurso no plenário da Assembléia Anual da ONU, em Nova York. Segundo o planejamento palestino, o pedido será protocolado, simultaneamente, no plenário da Assembléia Anual e no Conselho de Segurança.

Aliás, a primeira proclamação de Independência da Palestina foi declarada pelo líder Yasser Arafat em 1988 – também, durante a Assembléia Anual – acompanhada pelo reconhcimento do direito de existência do Estado de Israel.

Naquela ocasião a Palestina foi oficialmente reconhecida por 70 países-membros da ONU. Desde então, a lista tem aumentado. Mais de 123 países reconheceram o Estado palestino, fato que torna quase garantido o reconhecimento oficial pela Assembléia Anual de 193 membros, considerando que para tomada desta decisão são necessários os votos de 2/3 dos países que integram a ONU.

Lloby judaico

Esta perspectiva criou uma extenuante corrida de contatos, pressões, negociações e até ameaças, na qual envolveram-se, oficialmente, o Estado de Israel, os EUA e até a União Européia (UE).

O lado israelense deixou claro desde o início que o ato de protocolar o pedido de reconhecimento e sua aceitação pela Assembléia Geral da ONU significará a anulação de todos os acordos já formalizados com os palestinos, desdenhando abertamente não só o regime de autonomia, mas também a própria existência da Autoridade Nacional Palestina.

O exército israelense já tomou medidas emergenciais de segurança, tem treinado os colonos israelenses que ocupam os assentamentos em "operações de repressão de manifestações" e prepara-se para fortes conflitos armados com os palestinos.

Os EUA também deixaram claro que exercerão seu direito de veto, assim que o pedido palestino entrar no Conselho de Segurança da ONU, insistindo na solução das – há muito tempo mortas – negociações entre Estado de Israel e palestinos.

O presidente Barack Obama, em período de campanha de reeleição, não ignora a influência do poderoso lobby judaico de Nova York, reconheceu que, na Assembléia Geral, "os EUA não exercem tanta influência". Mas, mesmo assim, esta desvantagem foi contrabalançada por abertas ameaças norte-americanas contra a Autoridade Nacional Palestina, de corte do financiamento anual norte-americano.

Ignora-se a posição da UE. Determinados países, como Alemanha e Itália, já declararam, oficialmente, que insistirão na solução negociada. Já outros, como Espanha, França e Grã-Bretanha, já sinalizaram que apoiarão a reivindicação palestina, enquanto outros, como Romênia, já deixaram claro sua abstenção.

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Fonte: Monitor Mercantil