Tensão e perplexidade causou na União Européia (UE) a "rebeldia" dos quatro menores países-membros – Áustria, Holanda, Eslováquia e Eslovência – que exigiram "garantias suplementares" a fim de participarem ao novo (segundo) pacote de ajuda à Grécia, após a divulgação do acordo entre Grécia e Finlândia.

Aliás, já conforma-se também provável recuo do acordo bilateral, porque a não participação da Finlândia no novo – segundo – pacote consistiria mal menor pela generalização dos pedidos para fornecimento de garantias que, essencialmente, não poderão ser fornecidas.

Neste final de semana, a Áustria agravou sua reação, avançando mais um passo. Especificamente, apresentou proposta aos demais países integrantes da Zona do Euro, propondo atrelar as garantias com o nível do volume de participação de suas instituições financeiras ao plano de participação de particulares na reestrturação da dívida da Grécia.

A Finlândia defendeu o acordo que formalizou com a Grécia, porque, segundo as declarações da ministra das Finanças, Giuta Ourpilainen, "os demais Estados integrantes da Zona do Euro não podem intervir em um acordo entre dois outros Estados integrantes". Ela destacou que não negociará alterações neste acordo, colocando questão de participação no processo das garantias para a Grécia. "Não temos nenhuma informação sobre o como agirão os demais países-membros da União Européia (UE), mas a Finlândia não se opõe a ampliação das garantias, também, a outros países".

A solução da não participação da Finlândia no segundo pacote de ajuda à Grécia foi o que sugeriu Regio Karhinen, CEO do OP-Pohjola Group, segundo maior grupo bancário e securitário da Finlândia, em artigo publicado no jornal finlandês Savon Sanomat, afirmando que "nenhum país é provável de receber qualquer garantia para os empréstimos à Grécia e, por este motivo, a Finlândia pode não participar ao pacote de salvação à Grécia".

Áustria negocia

Referindo-se à posição da Áustria, Maria Fekter, ministra de Finanças austríaca, manifestou-se esperançosa de que "a proposta enviada a outros países integrantes da Zona do Euro eliminará a tensão criada após o esforço unilateral da Finlândia para obter garantias para sua participação na salvação da Grécia".

Maria Fekter prosseguiu: "Aquilo que a Finlândia negociou significa que todos nós devemos pagar mais, a fim de a Finlândia obter as garantias que exige. Mas isso é inaceitável para a Áustria, que exige tratamento igual. O plano – disse – reduzirá o número de países que exigem garantias, tornando o plano de salvação viável. Assim, espero que os demais países aceitarão a proposta austríaca".

De acordo com o jornal austríaco Der Standard, a ministra conversou com sua colega Ourpilainen, da Finlândia, a fim de propor-lhe um plano alternativo, com base no qual poderão ser fornecidas garantias a vários Estados integrantes da Zona do Euro, sem que o custo final da ajuda exploda.

Representando o Ministério das Finanças da Áustria, Harald Bayglein declarou que "certos países, cujos bancos envolvem-se em grau elevado na Grécia, aproveitam de forma não equivalente", e acrescentou que "envidam-se esforços para ser encontrada uma fórmula permitindo que países com menor exposição bancária possam participar. A Áustria não considera as garantias premissa básica para a ajuda à Grécia, se um plano assim "tomar carne e ossos", então, a Áustria desejará também, receber garantias".

Pacote total

Semelhantes exigências apresentou, também, por intermédio de comunicado, o Ministério das Finanças holandês, declarando que a Holanda e mais alguns outros países têm declarado, tanto em Bruxelas, quanto aos finlandeses, que, "se a Finlândia receber garantias, não deverá ser agravada nossa capacidade de endividamento e exigiremos nós, também, acordo de garantias. O acordo da Grécia com a Finlândia não é definitivo, até que exista um pacote total".

No mesmo tom, o ministro das Finanças da Eslováquia, Ivan Miklos, asseverou que seu país sempre exigia garantias da Grécia no âmbito do pacote de ajuda. "E não posso imaginar que, alguns países receberão garantias e outros não".

Com perplexidade parece estar acompanhando as evoluções do imbróglio a Comissão Européia (órgão executivo da UE), repetindo por intermédio de comunicados que "tem grande importância a rápida e absoluta adoção de todas as decisões tomadas durante a Reunião de Cúpula dos chefes de Estado e de Governo da UE, em 21 do mês passado, em Bruxelas".

E mesmo assim enviou uma "mensagem à Garcia" e a todos os países integrantes da Zona do Euro, destacando-lhes a responsabilidade que têm e que deverão evitar as excessivas exigências de garantias e as excessivas premissas para a rápida e imediata adoção das decisões de 21 do mês passado.

E finalizou alertando os países integrantes da Zona do Euro para decidirem se o acordo entre Finlândia e Grécia por garantias está de acordo com as decisões tomadas em Bruxelas, garantindo o segundo pacote de ajuda à Grécia, sem exigências de garantias.

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Fonte: Monitor Mercantil