A deputada que declara de que lutará com tenacidade para derrubar as oportunistas reformas do presidente Barack Obama, Candice Michel Bakman, do Estado de Minnesota, é figura líder do Tea Party. Suas declarações pelo poderoso canal de notícias Fox News, através do qual manifestam-se os republicanos do Tea Party, não constituem exceção, mas regra.

Com semblante triunfal, todos os deputados próximos, ideologicamente, ao superconservador movimento Tea Party declaram que seu objetivo é derrubar as principais reformas alavancadas pelo presidente norte-americano.

Obama tentou entrar em acordo com seus opositores sobre grandes questões nacionais, como reforma do setor da Saúde, novos controles sobre os bancos de Wall Street, mudanças climáticas e eliminação de sanções tributárias aos ricos, mas o resultado foi ele ficar sem condição para reivindicar para si e para seu partido nenhuma vitória clara. Agora, enfrenta um partido republicano radicalizado, com proclamado – e talvez único – objetivo de não permitir-lhe governar um segundo mandato.

Contudo, infelizmente, todos estes perigosos reacionários têm explorado oportuna e inteligentemente os erros do presidente Obama. O atual acordo que ele buscou com seus adversários políticos sobre o problema maior da dívida nacional o desgastou impiedosamente, oferecendo um triunfo ao Tea Party, conforme destaca em editorial o jornal norte-americano Wall Street Journal.

"O acordo sobre a dívida que se conseguiu com os republicanos não constitui catástrofe somente para o presidente Obama e seu partido. Atingirá a já enfraquecida economia, provavelmente agravará o prolongado déficit da América e – o pior – comprovará que a crua chantagem rende, com resultado de rebaixar a América a República de Bananas", denuncia, irado, o economista e Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, em sua coluna no The New York Times.

"Trata-se de uma catástrofe multilateral que deixa os republicanos dissolverem o programa Medicare. E existirão, também, outras questões críticas sobre as quais poderão chantagear. E agora estão sabendo que o presidente recuará", adverte Krugman.

A grande derrota de Obama e dos democratas, ano passado, nas eleições de 2 de novembro para renovação do Congresso, alterou completamente os equilíbrios no traçado da política econômica do país, com o controle da Câmara dos Representantes sendo entregue aos republicanos.

Entretanto, é o caráter essencial do presidente, o qual encontra-se em oposição com a personalidade que desenvolveu durante a campanha pré-eleitoral há três anos. Grande parte dos eleitores, particularmente, os mais liberais, sucumbiu ao estereótipo e imaginou que fosse combatente.

O welfare state, por exemplo, que sobreviveu do "pogrom" da época do presidente Ronald Reagan, não é – de forma alguma – um "Robin Hood" que corta dos ricos para dar aos pobres, mas uma complicada máquina redistribuidora cujo peso encontra-se sobre os ombros da classe média. Foi esta que prometeu defender o Obama, mas…

Se não existiram todas estas grandes expectativas que acompanham sua eleição, os três anos de Obama no poder não seriam sequer triunfo e muito menos decepção. O risco que corre é que enquanto havia sido supercotado pré-eleitoralmente, igualmente poderá conhecer o contrário. Mas este é o risco de qualquer político que um dia conhece facilmente a apoteose e, no outro dia, despenca, também, facilmente na hostilidade.

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Fonte: Monitor Mercantil