Mesmo diante desta complexidade em que vivemos, algumas organizações ambientalistas (não todas, diga-se de passagem) creem que vivemos em outra realidade ou dimensão. Querem fazer crível, por exemplo, ser possível derrubar todos os baobás existentes em nosso planeta através do pastejo de lindos carneirinhos. E que não se iluda o incauto leitor, pois no dia que uma destas ONGs alienígenas chegar ao B612 poderá perfeitamente encrespar com o nosso “principezinho” acusando-o de haver promovido a compactação do solo pelo pisoteio das patas do carneiro, ter alterado a atmosfera pela emissão de CO2 da ruminação do pobre animal ou não ter feito corretamente a compostagem de todo o excremento produzido.

Em nosso planeta tudo é muito mais difícil, a começar pelo fato dele ser habitado por mais de seis bilhões de pessoas que necessitam consumir carboidratos e proteínas, a preço acessível, diariamente. Não podemos esquecer-nos deste “pequeno” detalhe. Concretamente, qual é a fórmula mágica para se proteger as florestas, a agricultura e a nação? Creio, firmemente, que a resposta passa pela proposta final contida no relatório do deputado Aldo Rebelo que mais uma vez foi adiada por forças que recusam a ceder minimamente em suas posições para se alcançar algo próximo do razoável ou do “consenso”.

No B612, o pequeno príncipe tinha a tarefa de, todos os dias, limpar dois vulcões (o terceiro estava inativo) para que eles não entrassem em erupção. Os vulcões que o paciente Aldo Rebelo tem que apagar diuturnamente em busca de um documento que consiga agregar todos os agentes interessados parecem ser bem mais explosivos. No fogo das vaidades, acaba voando labaredas para todos os lados e esquentando um debate que deveria ser mais frio e voltado aos interesses da maioria do povo brasileiro, além de respeitar aqueles que produzem alimentos em nosso país (sejam eles grandes, médios ou pequenos).

Muito cômodo, de dentro de um escritório climatizado, tomando um cafezinho ou comendo uma barra de cereal, condenar a “isenção” dada aos agricultores que plantam há décadas em topo de morros ou em várzeas. Mais que isso, beira a insensibilidade – típica daqueles que no livro confundiram o desenho de um elefante dentro da jiboia com um chapéu -, querer que um ribeirinho amazônico sobreviva em dez hectares tendo que preservar oito ou que um agricultor da serra gaúcha troque sua videira por área de preservação permanente. Cada caso guarda suas especificidades e tem de ser levado em conta e deliberado, inclusive pelos estados (como propõem o relatório). Ademais, a questão ambiental não pode ser entendida separada das necessidades básicas do povo brasileiro, e vai muito além do Código Florestal.

Certamente em B612 não há necessidades de se construir uma hidrelétrica da envergadura de Jirau ou Belo Monte; ou se promover a integração energética com outros mundos através de oleodutos e, muito menos, produzir biocombustíveis. Pois bem, todas essas ações geram impactos ao meio ambiente, mas, são fundamentais para que a economia continue gerando milhões de empregos, elevando o nível de vida do povo e sacando milhões da linha de pobreza como já vem ocorrendo. Todas elas, e outras mais, são necessárias para que nossa economia alce voos mais altos e mais duradouros que o de uma galinha.

Enquanto não superarmos o sectarismo político, por vezes importado de outras realidades, ficaremos reféns de alguns lunáticos que querem fazer crer que moramos num planeta fictício ou de conto de fadas.

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Engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Professor do Instituto Federal do Alagoas.

Fonte: Portal Vermelho