A crise que sacode o Mundo Árabe ativa interesses obscuros, em uma região em que o petróleo e comércio de armas constituem "negócios" estáveis e lucrativos há mais de meio século. A guerra parece criar, a médio prazo, rompimentos negativos para a União Européia.

Se o sul mediterrâneo, isto é, o Mundo Árabe, surge em efervescência social e enfrenta o início de operações militares com incerta conclusão, o norte mediterrâneo, isto é, o sul europeu, é sacudido pela crise econômica e, além disso, enfrenta a eventualidade de novas ondas imigratórias.

Portugal – apesar de continuar negando – está a caminho do Mecanismo Provisório de Salvação, enquanto, na Espanha, os mercados prepararam a escalada para o jogo, reclassificando – para baixo – os bancos. Os empoados líderes europeus evidenciam seu fatalismo, imprudência e incoerência, sendo arrastados pela ortodoxia neoliberal e a Doutrina da "Frau" Angela Merkel. Aprovaram o Acordo para o Euro, que equivale ao Acordo de Queda para a Zona do Euro.

Acordo de Versalhes

Como apropriadamente advertiu a esquerda alemã, a Doutrina da Merkel para as economias fracas lembra a Convenção de Versalhes (1919), na qual os aliados impuseram à derrotada Alemanha condições humilhantes, preparando a crise e a ascensão do nazismo. Não foi ouvido então Keynes com seu famoso estudo intitulado As consequências econômicas da paz"

Em âmbito diferente, a mesma pergunta formula-se hoje: quem pagará para a saída da crise? O esgotamento dos povos europeus resultará na desestruturação da União Européia. A política adotada do mecanismo europeu não só é injusta socialmente, mas, também, não afasta as economias fracas da (controlada)falência, fato que fica evidenciado com Portugal.

Em condições de iminente novo ciclo no Mar Mediterrâneo, comprova-se novamente o valor da solidariedade européia, que com tanto sedentarismo solapam os empoados poderosos da União Européia, atendendo a interesses do capitalismo europeu.

Entretanto, a solidariedade européia, assim como a Europa Socialista, constituem conquistas de lutas sociais, que iniciaram-se com as esperanças dos cidadãos alemães no dia seguinte do fim da Segunda Guerra Mundial por uma Europa da paz, da democracia e do trabalho.

Por isso, o despertar dos sindicatos dos trabalhadores europeus como – mesmo timidamente – parece estar acontecendo nestes dias, facilita para ser reposto, com condições de intervenção popular, o objetivo para a realicerçacão da Europa. Não é por acaso que o grande comício em Bruxelas, quinta-feira passada, junto com a exigência por uma Europa Social, foram carimbados, também, por gritos contra a guerra.

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Fonte: Monitor Mercantil