Fábio Juliano Wasem foi o quinto dos seis filhos que tiveram Delanói e Délcia Wasem. Seus pais, de origem germânica e luterana, eram humildes operários do setor calçadista na cidade de Novo Hamburgo. Desde muito cedo, ainda na infância, começou a trabalhar. Nos restaurantes e nas feiras por onde trabalhou como vendedor, aprendeu a “arte” de negociar, contar e ouvir inúmeras estórias do povo mais simples que o cercava. A capacidade de conversar, de entender e de convencer as pessoas se tornou a principal marca de sua Foi uma criança e adolescente serelepe, e um estudante marcante nas escolas por onde passou.

Questionador, irrequieto, subversor da ordem, não se adaptou ao modelo tradicional e excludente das escolas públicas por onde estudou. Provavelmente, por isso tenha abandonado a escola ainda na 7ª série do ensino fundamental e só concluindo o ensino médio muito tempo depois. Teve várias ocupações temporárias. Não escolhia trabalho. Aceitava trabalho de vários tipos, noite ou dia, para manter-se e ajudar sua família.

De perfil aventureiro, apreciou, de maneira incomum para a época, servir ao Exército brasileiro aos 18 anos. Naquele momento, já havia tido conhecimento preliminar, por meio do irmão Sandro, das teorias marxista do Partido Comunista do Brasil que, a partir de então, se tornariam a razão de sua maior preocupação e dedicação. De volta do Exército, descobriu na militância do Partido a razão para sanar sua inquietude e indignação diante das desigualdades e injustiças sociais das quais sempre foi testemunha.

Foi naquele período que teve maior contato com o materialismo dialético e convenceu-se de que é possível mudar nosso destino através da luta revolucionária. presidente da UENH (União dos Estudantes de Novo Hamburgo), em 1994/95, à frente da gestão “Declare guerra a quem finge te amar”, no momento em que era necessária a renovação. Foi sob sua gestão que foi lançada a primeira campanha do metrô para Novo Hamburgo, àquelas alturas vista com completa utopia. Nasceu ali sua preocupação com a questão da mobilidade urbana e desenvolvimento das cidades.

Com revolucionária, foi responsável por uma das entidade: a aquisição da Casa do Estudante através do poder público municipal. Desde então, as lutas sociais passaram a fazer parte do seu cotidiano: denúncias contra taxas de matrículas em escolas públicas, a falta de professores, passeatas por qualidade do ensino público e gratuito na Praça do Imigrante. Depois de se afastar do movimento estudantil secundarista, passou a dedicar-se ao Partido, que para ele tinha um único sinônimo: o

Após ficar algum tempo sem profissão definida, começou a trabalhar como representante comercial em Santa Catarina. No começo, recusava-se a aceitar a nova profissão por ter de se afastar por duas semanas por mês de sua amada Novo Hamburgo e das atividades políticas do seu obstinado Partido, mas aos poucos se adaptou ao trabalho e aproveitou a oportunidade de que as peripécias de visitar várias cidades, diretórios, realidades políticas e sociais poderiam lhe proporcionar. A partir daí, passou a ser um homem de vários lugares: interagindo, opinando, contribuindo, e militando em várias cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Projetou-se politicamente e revelou-se um dirigente de grande perspicácia para discussão e negociação política mais acurada em variadas áreas. experiência adquirida com a diversidade política de muitas cidades o ajudou a fazer leituras acertadas sobre rumos e coalizões políticas viáveis para a realidade local. Enfrentou embates acalorados dentro do Partido com o unidade partidária em torno do centralismo democrático defendida pelo Partido. Arrefeceu algumas vezes e reconheceu seus equívocos, mas fortaleceu-se em outras quando convenceu os outros de que as razões a Entre as maiores alegrias de sua vida pode-se citar: a eleição de Lula, Manuela, Raul Carrion, e a eleição do primeiro vereador comunista de Novo Hamburgo (Volnei), além do nascimento do filho amado Nícolas de Sousa Wasem, fruto de sua união com a camarada e historiadora Deusa M. Sousa.

Até o último momento de sua vida projetou, sonhou e pensou num futuro mais promissor para Partido, sempre o Partido. Dirigente habilidoso, militante incansável! Fábio, como se pode afirmar: foi um homem do Partido. Um grande homem do Partido!

O falecimento precoce de Fábio não o fez desaparecer de nossa luta política, pois, como disse o poeta chileno Pablo Neruda, acerca de si mesmo, como um homem do Partido, pode-se fazer a mesma comparação sobre a memória e a história do homem Fábio Wasem: “ (…) me fizeste indestrutível porque contigo não termino em mim mesmo.” (1) Fábio Wasem vive! Fábio Wasem, presente!!

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(1) NERUDA, Pablo. A meu Partido. Disponível em http://pcdobcuiaba.blogspot.com/2008/04/pablo
neruda-meu-partido.html acessado dia 14/03/11.