Uma torturante pergunta tem surgido nos últimos tempos no Japão, enquanto vê a economia da China crescer assustadora e perigosamente: como conseguirá conviver harmoniosamente com sua vizinha, enquanto cresce ininterruptamente a dependência da economia japonesa ao crescimento econômico chinês.

Paralelamente, os complexos japoneses emergem à superfície, considerando que a China não é mais um país “atrasado” em poderio militar, mas evolui a superpotência predominante, aumentando seus gastos em armamentos e aperfeiçoando sua tecnologia no setor de defesa.

“De fato, o interesse do Japão não é outro do que a construção de relações de boa vizinhança e o desenvolvimento de fortes compromissos políticos e diplomáticos por causa da interdependência econômica com a China”, destaca Jefrey Kingston, diretor-geral de Estudos Asiáticos na Universidade Temple do Japão.

A imprensa japonesa recebeu com visível preocupação a informação de que a economia da China superou a do Japão e visivelmente busca tomar a primazia dos EUA. Aliás, até o terceiro lugar do Japão na classificação mundial das economias é ameaçado pelo seu anêmico crescimento e a galopante recuperação da Alemanha.

Mesmo peso que EUA

Mas o pior é que aprofunda-se a dependência da até há pouco segundo economia do mundo, da emergente superpotência chinesa. As exportações do Japão para a China atingiram 20% do total das exportações ano passado.

Igualmente indicativo da importância que adquire para o Japão o país vizinho é o fato de que o percentual de suas exportações à China “empatou” com o correspondente para os EUA. Em outras palavras, a indústria japonesa está baseada agora em duas pernas. Não só sobre o consumidor norte-americano, mas, também, sobre os alucinantes ritmos de crescimento da China.

Como prevê o Instituto de Pesquisas Nomura, as exportações de produtos para a China continuarão aumentando nos próximos anos, atingindo em 2020 35% do total. Aliás, ano passado, o volume de investimentos diretos na China superou em 70% os correspondentes investimentos nos EUA.

“A China torna-se cada vez mais importante para as indústrias japonesas, porque a China já não é mais a pequena oficina dos mundo, mas o mais importante mercado mundial”, diz Hung Kwan, do Instituto de Pesquisas Nomura.

Um teme o outro

Ha duas semanas, uma comissão de ministros do governo japonês encontrou-se com seus colegas chineses em Beijing, a fim de discutirem temas econômicos. Foi a terceira vez que realizou-se este encontro de alto nível e de importância econômica, assim como política. E isto porque a desconfiança continua pairando sobre as relações sino-nipônicas.

Pesquisa do jornal chinês em língua inglesa China Daily mostrou que 52,7% dos chineses continua considerando o Japão “uma ameaça militar para a China”. Enquanto, mais importante, é o correspondente percentual (70,8%) dos japoneses que temem seus vizinhos do leste.

O dilema para o Partido Democrático (situacionista) do Japão é a espécie de relações que deverá desenvolver e manter no futuro com a China. E, ao que tudo indica, Japão é convocado a equilibrar-se entre a cooperação “com juízo” e o abraço bem apertado.

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Fonte: Monitor Mercantil