Ruy Barbosa foi eleito deputado provincial da Bahia e logo depois, em 1879, deputado-geral. Chegava à Câmara aos 30 anos, para a mesma cadeira que fora do pai. Com ele, no seu Partido Liberal, "os novos" Rodolfo Dantas, Joaquim Nabuco, José Mariano, Afonso Pena. E "os antigos" Saldanha Marinho, José Bonifácio, Silveira Martins, Martinho Campos. Todos com a grande bandeira da "Reforma", a eleição direta.

Martinho Campos, ensinava aos "novos" "a maneira de vencer":

– "Ser amigo do presidente da Câmara. Atacar os adversários mas sem esquecer a possibilidade de futuras reconciliações, pois a política dá muita volta. Permanecer no recinto e não nos corredores do parlamento, mantendo-se sempre em atitudes corretas. Praticar algum ato de energia e repelir a primeira agressão, pois evitava outra".

Ruy

Em 9 de janeiro de 1881, afinal, depois de dez anos, no governo de Saraiva, o Partido Liberal aprovava "A Reforma" – a eleição direta, cujo projeto, a pedido de Saraiva, foi escrito por Ruy:

– "Restituir ao povo o governo de si mesmo".

Dissolvida a Câmara para as "primeiras eleições livres" do país, apesar de os liberais ganharem, foram derrotados o barão Homem de Melo, Pedro Luiz e Joaquim Nabuco. No segundo distrito de Salvador, em sua circunscrição, Ruy se elegeu pelo pau do canto: 444 votos contra 424.

Seu amigo o baiano Rodolfo Dantas também se elegeu e aos 27 anos se tornava ministro do Império, o mais jovem ministro da história do país. Também o mineiro Afonso Pena foi para o ministério com menos de 30 anos. Ruy apresentou seu primeiro grande projeto individual:

– "A reforma do ensino secundário e superior".

Rodolfo Dantas

Ruy tinha 35 anos, era deputado, escrevia no Jornal do Comercio, com os pseudônimos de "Lincoln" e "Grey". Cai o Império, a Bahia manda Ruy, que pregara a República, para oSenado. Em 9 de abril de 1891, seu amigo Rodolfo Dantas, monarquista, funda o Jornal do Brasil e Joaquim Nabuco, também monarquista, assume a chefia da redação.

Pedro II morre em Paris em 5 de dezembro de 1891, no hotel Bedford, próximo à Madelaine, e uma placa, lá até hoje, o relembra. O "Jornal do Brasil" dedicou-lhe uma edição especial:

– "O grande morto".

Na noite de 16 de dezembro, a redação do Jornal do Brasil foi invadida por uma multidão histérica, que esbravejava: – "Mata! Mata Nabuco"! Rodolfo Dantas e Joaquim Nabuco "venderam" o jornal.

Nabuco

Era um artifício. Nabuco continuou escrevendo com o pseudônimo de "Axel". Em maio de 1893, Rui Barbosa assumia a direção do jornal.

1. – "Pregava a defesa do regime republicano, associada, porém, ao combate à degeneração do regime promovida pela ditadura de Floriano Peixoto. A intenção de Rui, ao assumir o jornal, era combater a ditadura de Floriano, através da valorização da Constituição". 2.- "O jornal alterou profundamente suas características, provocando um impacto na opinião pública. Da linguagem mansa, quase humilde, doutrinária, passou a violento, agressivo e contundente, pelos artigos de Ruy e dos colaboradores. O próprio noticiário era inflamado, servindo para alimentar o combate a Floriano Peixoto".

Floriano

3. – "A 31 de agosto de 1893, a petição de habeas-corpus em favor do almirante Wandenkolk, apresentada por Ruy Barbosa ao Supremo Tribunal, foi reproduzida no jornal, ocupando toda a primeira página. Essa publicação irritou ainda mais Floriano, que intimou Ruy Barbosa a deixar o jornal. Ruy não obedeceu e continuou a escrever até a eclosão da Revolta da Armada, em 6 de setembro quando Floriano ordenou sua prisão, vivo ou morto.Ruy conseguiu fugir,deixando o jornal com Joaquim Lúcio de Melo"

4. – "A Revolta da Armada, encabeçada por Custódio de Melo contra Floriano, prosseguiu cada vez mais acesa. Foi decretado o estado de sítio, suspensas as garantias individuais e a liberdade de imprensa. Os jornais não divulgavam qualquer notícia sobre o movimento. O Jornal do Brasil era o único que se atrevia a noticiar em detalhes na coluna "O dia de ontem".

5. – "Floriano ordenou que a direção do jornal fosse intimada a suspender o noticiário sobre a revolta. A negativa de Joaquim Lúcio resultou na invasão militar do jornal e seu fechamento" (FGV-CPDOC).

Tanure

Um ano e um mês depois, o JB ressuscitou pelas mãos de Fernando e Candido Mendes de Almeida. Em 1919, o Conde Ernesto Pereira Carneiro assumiu o jornal. Vieram os Brito. E veio o baiano Nelson Tanure. Terça-feira, 31 de agosto, o Jornal do Brasil morreu. Um grande morto. Um baiano o fundou, outro baiano o enterrou. Mais uma vez ficou provado que jornal é coisa de jornalista e não de empresário.
 
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Fonte: Diário de Pernambuco