Responsável por, entre outros, O segredo de Brookeback Mountain (2005) e Tigre e o Dragão (2000), este diretor tailandês consegue tratar qualquer assunto sob ótica sensível. Não é diferente neste exemplar, lançado ano passado.

Existe em "Aconteceu em Woodstock" a tentativa de mostrar um universo tão amplo sob a perspectiva de uma única pessoa. É o jovem Elliot Teichberg, que narrou em livro homônimo (lançado aqui pela Ed. Best Seller) o impacto que aqueles três dias de paz, amor e música tiveram sobre sua vida. Jovem designer de interiores em Nova York, o garoto volta a pequena cidade de White Lake para ajudar os pais numa falida pousada, quase sem esperança.

Nesta volta, ele consegue trazer para a pequena cidade o festival que fora negado por outras vizinhanças. A ideia de um monte de hippies loucos invadindo a cidade ao som de altos acordes de guitarras não soava bem aquela população interiorana. O que acontece, além disso, é uma invasão de produtores que se vestem como hippies, mas chegam em seus helicópteros e investem uma bolada em um evento que parecia estar fadado ao fracasso.

O bacana do filme está em deixar o festival em segundo plano, onde as estrelas como Janis Joplin são quase ignoradas, fazendo emergir a figura deste jovem (bem interpretado pelo americano Demetri Martin) que, ao mesmo tempo que tenta colocar em prática uma ideia visionária, tem que lidar com traumas e situações em seu circulo familiar que beiram a comicidade.

Grandes planos seqüência e o uso de telas dividas em campo e contra-campo não deixam o espectador perder as reações de Elliot, que é o tempo inteiro acompanhado por nós nesta jornada. O mar de gente que se forma em uma pequena fazenda em White Lake é o cenário onde ele mergulha como um garoto sem muita pretensão na vida. Dali, emerge como figura de personalidade, capaz de transgredir o próprio pensamento e buscar o além.

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Camila Alam é jornalista, repórter de Cultura de CartaCapital

Fonte: revista CartaCapital