Apologista incondicional do Estado de Israel, acaba de publicar na Military Review, uma revista especializada das forças armadas dos Estados Unidos, um artigo que põe em evidência o “clima de opinião” que prevalece na direita norte-americana, o complexo militar-industrial e nos setores do topo da administração, muito especialmente no Pentágono. O título do seu artigo diz tudo: “Um Irã com armas nucleares pode ser dissuadido?”

A resposta, convém esclarecer, é negativa. Esta publicação não podia chegar num momento mais oportuno para os belicistas estadunidenses, quando reiteradas informações – silenciadas pela imprensa que se diz “livre” ou “independente” – falam do deslocamento de navios de guerra estadunidenses e israelitas através do Canal de Suez em direção ao Irã, o que faz temer a iminência de uma guerra. Em várias das suas últimas “Reflexões” o comandante Fidel Castro tinha advertido, com a sua habitual lucidez, acerca das sinistras implicações da escalada desencadeada por Washington contra os iranianos, cuja pauta não difere senão em aspectos anedóticos da utilizada para justificar a agressão ao Iraque: assédio diplomático, denúncias perante a ONU, sanções cada vez mais rigorosas do Conselho de Segurança, “descumprimento” de Teerã e o inevitável desenlace militar.

As sombrias previsões do comandante parecem otimistas em comparação com o que coloca este tenebroso ideólogo dos falcões norte-americanos. Em uma entrevista concedida a quarta-feira passada a Natasha Mozgovaya, correspondente do jornal israelita Haaretz nos Estados Unidos, Etzioni ratifica o afirmado na Military Review, a saber: o Irã pretende construir um arsenal nuclear e isso é inaceitável. A única opção é um ataque militar exemplar e é preferível desencadeá-lo um mês antes e não dez dias depois de o satanizado Irã dispor da bomba atômica.

No seu artigo, o professor da GWU insiste em assinalar que qualquer outra alternativa deve ser descartada: a diplomacia fracassou; as sanções da ONU carecem de eficácia; bombardear as instalações nucleares não mudaria muito as coisas porque, segundo declarações do secretário da Defesa Robert Gates, a única coisa que se conseguiria seria atrasar o avanço do projeto atômico iraniano por três anos; e, finalmente, a dissuasão não funciona com “atores não racionais” como o atual governo do Irã, dominado pelo irracionalismo fundamentalista que contrasta com o comedimento e racionalidade de governantes israelitas que assassinam ativistas humanitários em pleno Mediterrâneo. Em consequência, a única coisa realmente eficaz é destruir a infraestrutura do Irã para impossibilitar a continuação do seu programa nuclear.

Esse ataque, acrescenta, “poderia ser interpretado por Teerã como uma declaração de guerra total”, mas como as tentativas de diálogo ensaiadas por Obama fracassaram é urgente e imprescindível adotar medidas drásticas se os Estados Unidos não quiserem perder o seu predomínio no Médio Oriente em favor do Irã. Por suas grandes reservas petrolíferas – superadas apenas pela Arábia Saudita e o Canadá, e muito superiores às do Iraque, Kuwait e dos Emirados –, o Irã excita a ânsia de rapina do imperialismo norte-americano, que com 3% da população mundial consome 25% da produção mundial de petróleo.

Além disso, não se pode esquecer que a guerra é o principal negócio do complexo militar-industrial, de modo que para sustentar os seus lucros há que utilizar e destruir aviões, foguetes, helicópteros etc. Assim, o par diabólico formado pela “guerra preventiva” e “guerra infinita” continua o seu curso inalterável, agora sob a presidência de um Prêmio Nobel da Paz cujo servilismo diante destes escusos interesses juntamente com a sua falta de coragem para honrar esse prêmio coloca a humanidade à beira do abismo.

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Sociólogo e professor da Universidade de Buenos Aires

Fonte: Opera Mundi