“Meu conselho é que esqueçam de maio de 1968. Por quê? Porque acabou! Foi extraordinário, formidável, mudou nossas vidas, mudamos a vida. Mas não vamos voltar ao tema eternamente” (Daniel Cohn-Bendit, 40 anos depois).

Esquecer 1968?

Em 2008, durante as comemorações dos 40 anos das grandes mobilizações operário-estudantis que abalaram a França e o mundo, a palavra de ordem que mais se ouviu foi “Esqueçam 1968!”. Por sinal, este é o título do livro do ex-l’enfant terrible da esquerda ortodoxa, outrora vermelho e hoje verde, Daniel Cohn-Bendit. O presidente direitista Sarkozy, por sua vez, chegou a afirmar que sua eleição representava o último prego no caixão de Maio de 1968. Então, duas questões nos assaltaram: O que foi o Maio de 1968? Será que ele ainda teria algo a ensinar nos dias de hoje?

Não podemos julgar um movimento daquela envergadura apenas tendo por referência o imaginário construído pelas lideranças estudantis e intelectuais a ele vinculados, como Sartre, Morin, Castoriadis e Marcuse. Estes tendiam a ver a juventude estudantil como vanguarda revolucionária da sociedade contemporânea pós-industrial, em substituição ao proletariado cada vez mais integrado ao sistema capitalista. Consideravam o movimento em curso naquele momento como a realização prática da liberdade, negação de todo e qualquer tipo de autoridade. Castoriadis chegou mesmo a afirmar que o Maio de 1968 “abriu um novo período na História Universal”. A utopia parecia se tornar uma realidade.

Eram teses, em geral, elaboradas no calor da hora. Faltava aos seus portadores o distanciamento histórico e crítico necessário para uma análise mais profunda. Suas avaliações eram reflexos de suas propensões ideológicas pequeno-burguesas. Confundiram as aparências (das palavras de ordem libertárias) com o conteúdo de classe real daquele movimento

 

Por outro lado, não devemos julgar o movimento ocorrido em 1968 pelo que veio a acontecer com a sociedade francesa e alguns de seus principais personagens, como Cohn-Bendit, Geismar, Roland Castro etc. Alguns teóricos, a partir de uma avaliação unilateral pós-fato, afirmaram que o Maio de 1968 nada mais foi que algo necessário à renovação do capitalismo francês – ou mesmo para que fossem criadas as condições da hegemonia neoliberal nos anos 1980 e 1990.

Quem melhor expressaria esta ideia seria Regis Debray. Abandonando o esquerdismo – e as teses “foquistas” das quais foi o principal formulador – escreveu “Modesta contribuição às cerimônias oficiais do décimo aniversário”. Neste texto provocativo, afirmou que o Maio de 1968 foi o “berço da nova sociedade burguesa”. Da mesma forma que a “república burguesa tinha festejado na tomada da bastilha seu nascimento, ela festejará o início de seu renascimento na tomada da palavra em 1968”. Ele afirmou existir uma “harmonia natural (…) entre as rebeliões individualistas de Maio e as necessidades políticas, econômicas e sociais do grande capitalismo liberal”. Continuou: “A comunhão dos egos sobre as barricadas tornou-se o egocentrismo generalizado, o sacrifício de si, o culto do eu (…), a exaltação das liberdades, a confirmação das desigualdades”. Ou seja, o movimento contestatório de 1968 produziu algo bastante diferente do que anunciara nas barricadas, numa espécie de “astúcia da razão” hegeliana – ou, mais precisamente, numa “astúcia do capital”.

Existe ainda outra versão dessa mesma tese, defendida pela direita francesa. Segundo Sarkozy: “Os herdeiros de Maio de 68 impuseram uma ideia de que não havia nenhuma diferença entre o bem e o mal, entre a verdade e a mentira (…) que o aluno era igual ao professor (…). A herança de maio introduziu o cinismo na sociedade e na política”. Ela havia “debilitado a ética do capitalismo e preparado o terreno para o capitalismo sem escrúpulos”.

O destino de algumas das principais lideranças estudantis de 1968 parecia confirmar essas teses. Muitos transitaram de posições esquerdistas para o reformismo socialdemocrático ou mesmo para o liberalismo tout court. Cohn-Bendit, por exemplo, passou do anarco-comunismo para posições favoráveis à guerra contra a Sérvia. Isso, no entanto, não depõe contra o Maio de 1968, apenas demonstra os limites políticos e ideológicos de seus principais dirigentes estudantis.

O retrocesso no nível de consciência – que leva à capitulação diante da ideologia dominante e à integração à ordem – é um fenômeno típico dos períodos de recuo revolucionário. O mesmo fato ocorreu após a derrota da Comuna de Paris (1871) e da primeira revolução russa (1905). Muitos intelectuais revolucionários pequeno-burgueses abandonaram as alternativas coletivas e optaram por saídas individuais. O que se observou na França e em outros países capitalistas, depois da derrota de 1968, não foi uma completa novidade histórica. 

Somos todos judeus alemães

Volto à questão inicial: o que foi o Maio de 1968 parisiense? Ele não chegou a se constituir numa revolução, como advogam alguns trotskistas e maoístas. Contudo, foi bem mais do que um simples protesto de estudantes “enfurecidos”, como afirmaram alguns de seus críticos. A junção de uma série de fatores, objetivos e subjetivos, criou os germes de uma crise revolucionária que acabou não sendo aproveitada eficazmente. Crise revolucionária não se confunde com revolução.

A França não atravessava uma crise econômica de graves proporções, vivia ainda em meio aos “30 anos gloriosos” do capitalismo europeu. Isso não significava que os operários tivessem colhido todos os frutos desse desenvolvimento. Naqueles anos, pelo contrário, já começava a sentir uma relativa queda nos níveis salariais e do emprego, além do aumento do ritmo do trabalho. Nada que não tenha ocorrido em outras ocasiões de crise capitalista. Assim, as teses economicistas estavam desarmadas para entenderem aquele acontecimento que abalou a sociedade francesa.

Poucos anos antes, o país havia perdido suas colônias na África e Ásia. Havia sido derrotada pelos vietnamitas na famosa batalha de Dien Bien Phu (1954) e obrigada a dar independência à Argélia, depois de uma longa e sangrenta guerra colonial (1962). Por isso, naquele início de 1968, um fato ocorrido num lugar distante teve grande repercussão. Em fevereiro as tropas norte-vietnamitas, sob o comando de Ho Chi-Minh, realizaram uma grande ofensiva político-militar contra as forças pró-imperialistas do sul. Chegaram mesmo a invadir a embaixada dos Estados Unidos em Saigon. A solidariedade internacional ao povo vietnamita e a luta contra a intervenção estadunidense no conflito asiático atingiram um novo patamar.

 

A contestação estudantil na França teve como um dos seus estopins justamente a repressão que atingiu uma manifestação contra a guerra do Vietnã. Alguns jovens atacaram o escritório da American Express e um deles acabou sendo preso. No dia 22 de março, os estudantes ocuparam a reitoria da Universidade de Nanterre, periferia de Paris, e ocorreram choques com grupos de extrema-direita. O reitor solicitou a intervenção da polícia, que invadiu a escola. Nova e desastrosa intervenção policial ocorreria em 2 de maio.

A partir desse momento, começaram as mobilizações de solidariedade na tradicional Universidade de Sorbonne. Outros conflitos com os direitistas ocorreram e a sede da União Nacional dos Estudantes Franceses (UNEF) sofreu um atentado. O reitor de Sorbonne, como havia feito o seu colega de Nanterre, tomou a infeliz decisão de convocar a polícia. No dia 3, a universidade foi invadida e fechada. A invasão policial foi um verdadeiro ato de sacrilégio para a intelectualidade e os setores médios da sociedade francesa. Estava dada a largada para o maio quente francês.

No dia seguinte, os estudantes tomaram o Bairro Latino, onde se encontrava a universidade, e foram duramente reprimidos. O movimento se alastrou e os confrontos de rua se multiplicaram. Alguns dos líderes foram presos e condenados há vários meses de prisão. Cohn-Bendit, emigrado alemão e um dos líderes estudantis, foi ameaçado de ser expulso da França. Aflorou o preconceito por ele ser estrangeiro e judeu. Surgia uma nova palavra de ordem: “Somos todos judeus alemães!”. Graças à crise vivida pelo Partido Comunista da França, nas universidades fervilhavam grupos de extrema-esquerda: anarquistas, trotskistas, maoístas etc.

No dia 6, cerca de cinquenta mil estudantes marcharam sob o Arco do Triunfo. Ocorreram novos confrontos. A repressão usava cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo e os jovens respondiam com as pedras retiradas do calçamento. Estas se tornariam um dos símbolos daquele movimento.

O auge dos enfrentamentos ocorreu em 10 de maio, que ficou conhecido como “a noite das barricadas”. Nova manifestação marchou por Paris e passou ostensivamente diante da prisão onde se encontravam líderes estudantis presos. Logo após, os participantes resolveram, numa proposta insólita, tomar o Bairro Latino e cercar a polícia que ainda se encontrava alojada na Sorbonne. Ergueram-se barricadas – o slogan era “Vamos cercar a polícia!”. Na calada da noite, o governo decidiu desocupar as barricadas e começou a luta de rua. Nos choques que se seguiram, dezenas de pessoas ficaram feridas.

As imagens da violência policial indignaram os parisienses, aumentando a solidariedade popular aos estudantes. Ao contrário do que se podia imaginar, naqueles dias conturbados, o movimento estudantil gozou de simpatia da maioria da população da capital. Hobsbawn falou em 61% de pessoas favoráveis ao movimento e apenas 16% que lhe eram claramente hostis.

Em resposta à violência policial, os estudantes rebelados ocuparam as demais universidades. As centrais sindicais, atendendo ao pedido de apoio, convocaram uma greve geral para o dia 13 de maio. Nesta data, cerca de um milhão de pessoas marcharam pelas ruas de Paris. Lado a lado, mas não muito confortáveis, estavam os dirigentes do movimento estudantil, das centrais sindicais e do Partido Comunista. O conflito subitamente mudou de qualidade. Escreveu Hobsbawn: “somente esta segunda fase criou possibilidades revolucionárias”. 

A classe operária entra em cena

 

A greve geral havia sido planejada para durar apenas 24 horas, mas ela desencadeou uma reação em cadeia, provando que o descontentamento dos operários era tão grande quanto o dos estudantes. Greves espontâneas começaram a pipocar até se transformarem numa outra greve geral por tempo indeterminado. Um dos pontos de partida foi a paralisação da fábrica Sud-Aviation em Nantes, ocorrida em 14 de maio. No dia seguinte, foi a vez da Renault em Cleon paralisar seus trabalhos. O exemplo foi seguido pelas demais empresas, inclusive a Renault de Billancourt – a maior fábrica do país com mais de 35 mil trabalhadores. O método era o mesmo: paralisação, ocupação da fábrica e “sequestro” da direção da empresa. As bandeiras vermelhas tremularam nos portões de algumas empresas.

O número de trabalhadores em greve cresceu de maneira geométrica. No total, cerca de 10 milhões deles se envolveram no movimento paredista que durou mais de duas semanas e atingiu seu ápice entre os dias 22 e 23 de maio. Foi, segundo alguns historiadores, uma das maiores greves gerais da qual se teve notícia na história. Esse é um lado pouco conhecido do Maio parisiense. Esquecimento necessário para a construção do mito sobre a passividade operária.

A gigantesca greve operário-estudantil, que ganhou amplo apoio dos setores médios urbanos, levou a uma semiparalisia do regime do general De Gaulle, criando uma das mais graves crises políticas desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Desenhava-se no horizonte uma crise revolucionária e o velho general, enfraquecido, tentava manobrar em meio à turbulência que ameaçava devorá-lo.

No dia 24 de maio, o presidente anunciou que o governo realizaria algumas reformas educacionais e prometeu um aumento salarial para os trabalhadores. Imediatamente, os representantes governamentais e patronais começaram a negociar com as centrais sindicais sua pauta de reivindicação. Os resultados dessas conversações seriam os chamados “acordos de Grenelle”, numa referência à rua onde se localizava o Ministério do Trabalho, lugar da negociação.

Nos acordos, eram estabelecidos: aumento de salário de 10%, redução gradual da jornada de trabalho, reconhecimento dos sindicatos dentro das fábricas etc. No entanto, uma das principais reivindicações do movimento grevista – a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais – não foi conseguida. Ela já havia sido conquistada na greve geral de 1936, durante o governo da Frente Popular, e depois retirada pelos governos conservadores que se seguiram. Os operários tinham a esperança de poder reconquistá-la através da sua greve.

Os patrões concordaram apenas com a redução em duas horas – até 1970 – das jornadas acima de 48 horas e de uma hora para as jornadas de 45 e 48 horas. Durante as negociações, o líder sindical comunista Krasucki afirmou: “é preciso ter por objetivo o retorno às 40 horas, sem fixar uma data, com um regulamento contratual por indústria”.

Levando em conta a situação da indústria francesa, o tamanho da greve e a gravidade da crise política, as conquistas foram relativamente pequenas. Por esse motivo, os acordos foram rejeitados nas assembleias operárias e, inclusive, o número de grevistas chegou a aumentar. Criava-se assim uma séria crise de representação.

Para o historiador comunista inglês, “os operários foram mais avançados que seus dirigentes” ao levantarem questões que iam para além do simples aumento de salários, como o “controle social da indústria”. Continuou ele: “Se o PC tivesse reconhecido a existência e o alcance do movimento popular e agido adequadamente, teria adquirido suficiente impulso para forçar seus aliados indecisos de esquerda tradicional a seguirem a sua linha” e concluiu categórico: “os que perdem a iniciativa perdem o jogo”. Séguy, secretário-geral da CGT, no auge do movimento, afirmou: “Os dez milhões de operários em greve não reivindicam o poder para a classe operária e sim melhores condições de vida e de trabalho, e a imensa maioria deles expressou sua adesão à democracia com a palavra de ordem: governo popular.”

Aproveitando-se dos impasses vividos pelo movimento, De Gaulle ensaiou uma ofensiva. Em 29 de maio, visitou as bases militares francesas na Alemanha Ocidental para obter o apoio do general Massu, conhecido carrasco do povo argelino. Voltou ao país e fez um duro pronunciamento público contra o perigo representado pelos comunistas, anunciou a dissolução da assembleia nacional e a convocação de novas eleições. No mesmo dia uma manifestação de cerca de 1 milhão de pessoas, a chamada “maioria silenciosa”, marchou em apoio ao presidente e contra a greve geral. Em 13 de junho, dentro dessa ofensiva conservadora, foram proibidas as organizações políticas de extrema-esquerda (anarquistas, trotskistas e maoístas).

O PCF e o Partido Socialista se uniram e defenderam o fim das greves, visando a se prepararem melhor para as eleições que acreditavam poder vencer. As direções sindicais realizaram acordos setoriais. A partir de então, o movimento refluiu e as greves, que ainda resistiam, foram sendo aniquiladas pela repressão patronal. A Renault de Billancourt voltaria ao trabalho em 17 de junho. Poucas resistiriam até o final daquele mês.

O resultado desse processo foi que, traindo todas as expectativas, a direita venceu amplamente os dois turnos das eleições parlamentares, que se realizaram nos dias 23 e 30 de junho. Os partidários de De Gaulle aumentaram sua bancada de 358 para 487 cadeiras. Esta era uma prova de que Paris não era a França. Uma constatação já feita durante a revolução de 1848 e a Comuna de Paris de 1871.

 

Hobsbawn escreveu criticamente: “A prova de fogo de um movimento revolucionário não é sua disposição para erguer barricadas em qualquer oportunidade, mas sua presteza em reconhecer quando as condições normais da rotina política deixam de funcionar e em adaptar seu comportamento à nova situação.” Aquela organização que deveria ser vanguarda, referindo-se ao Partido Comunista, “manteve-se por detrás das massas sendo incapaz de reconhecer a seriedade dos movimentos estudantis até que as barricadas foram erguidas, de reconhecer a disposição dos operários para uma greve geral indefinida até que as ocupações espontâneas forçaram a mão de seus líderes sindicais, apanhados de surpresa uma vez mais, quando os operários rejeitaram os termos do acordo para pôr fim à greve”.

As esquerdas não conseguiram estabelecer uma tática que permitisse romper o impasse criado. Enquanto o PCF jogava todas as suas cartas na preparação das eleições parlamentares, a palavra de ordem esquerdista era “eleição é traição”. Uns apostavam tudo na espontaneidade (despolitizada) do movimento e outros nas eleições, que poderiam trazer uma vitória da esquerda. Desse desencontro histórico foi sendo construída a vitória político-eleitoral de De Gaulle e dos porta-vozes da ordem.

Apesar do caráter utópico do projeto esboçado por parte importante das lideranças estudantis e intelectuais, o Maio de 1968 não foi a realização, ainda que fugaz, da utopia anárquico-comunista. Ele, pelo contrário, foi a expressão de uma luta de classes que atingiu um patamar bastante elevado, pondo em xeque a estabilidade do regime e em polvorosa a burguesia e seus representantes. A greve geral operária deu ao movimento uma radicalidade qualitativamente maior que as palavras de ordem pichadas nos muros de Paris. Neste sentido, podemos dizer que, ao contrário do que pensam muitos de seus intérpretes, o Maio de 1968 foi o reverso da utopia.

 

 

Leia o artigo do mesmo autor 1968: as camadas médias e a crise da ditadura militar.

 

* Capítulo do livro Linhas Vermelhas: marxismo e os dilemas da revolução, publicados pela Editora Anita Garibaldi e Fundação Maurício Grabois. Escrito originalmente para sítio Vermelho em 2008.

** Augusto Buonicore é historiador, mestre em Ciência Política pela Unicamp e diretor de publicações da Fundação Maurício Grabois. E autor dos livros Marxismo, história e a revolução brasileira, Meu Verbo é Lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas e Linhas Vermelhas: marxismo e os dilemas da revolução, publicados pela Editora Anita Garibaldi.

 

Bibliografia

 

ALI. Tariq.Mayo del 68. Adónde ha ido a parar toda la rabia?. In: Rebelión, 31-03-2008.

COHN-BENDIT, Daniel. O grande bazar. São Paulo: Brasiliense, 1988.

DUCLOS, Jacques. Anarquistas de ontem e de hoje. Lisboa: Edições Sociais, 1974.

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HOBSBAWN, Eric. Maio de 1968. In: Revolucionários. São Paulo: Paz e Terra, 1985.

MANDEL, Ernest. Da Comuna a Maio de 68. Lisboa: Antídoto, 1979.

ATOS, Olgária C. F. Paris 1968: As barricadas do desejo. São Paulo: Brasiliense, 1981.