Desde que Netanyahu anunciou a indicação, de modo informal, através de sua conta no Twitter, o Governo brasileiro não se manifestou oficialmente a respeito. Informações vazadas de Brasília, porém, deram conta de que Dani Dayan seria vetado por ter integrado o Conselho Yesha, o conselho que reunia as lideranças israelenses nas áreas de assentamento de Gaza.

Neste final de semana, o Governo israelense pôs fim às dúvidas que ainda restavam em torno de Dani Dayan, ao anunciar que o empresário chefiará o Consulado-Geral de Israel em Nova York. 

Para Samuel Feldberg, professor de Relações Internacionais da USP, especialista em políticas do Oriente Médio, a decisão de Benjamin Netanyahu – que acumula a Chefia de Governo com o Ministério das Relações Exteriores – pôs fim a alguns questionamentos em torno do futuro de Dani Dayan. Falando à Sputnik Brasil, o Professor Feldberg observa que a questão termina com uma espécie de mensagem subliminar por parte da autoridade israelense: “Ao designar Dani Dayan para servir nos Estados Unidos, o Governo de Israel mostrou ao Brasil que considera o episódio encerrado.”

“Acho que o desfecho desse episódio já era esperado, face à intransigência do Governo brasileiro em aceitá-lo como embaixador”, comenta Samuel Feldberg. “O Governo brasileiro mandou duas mensagens muito claras ao Governo israelense: primeiro, tinha restrições ao fato de um morador de um assentamento na região da Cisjordânia e, além disso, ex-líder do movimento que representa os colonos na Cisjordânia ser apontado com embaixador no Brasil; e, segundo, havia uma tecnicalidade que de certa forma legitimava a decisão brasileira, que foi o fato de o anúncio de Dayan como embaixador nomeado no Brasil não ter seguido o protocolo diplomático.”

O Professor Samuel Feldberg destaca que “o primeiro-ministro que está atuando como ministro das Relações Exteriores [Benjamin Netanyahu] foi responsável por um processo relativamente muito atrapalhado. Primeiramente o anúncio, por parte dele, de que Dayan seria nomeado embaixador no Brasil fugindo aos canais diplomáticos normais. Depois, no dia 17 deste mês, houve um comunicado por parte do Departamento de Recursos Humanos do Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciando uma concorrência para os cargos em Brasília, na Eritreia e em Budapeste. E um pouco mais tarde, no mesmo dia, isso foi cancelado, insistindo-se com a ideia de que Dayan continuava sendo o candidato à Embaixada no Brasil”. 

“Um processo muito atrapalhado, muito pouco claro, que, de alguma forma, reflete o fato de ser o primeiro-ministro e não alguém de carreira que comanda hoje os procedimentos no Ministério das Relações Exteriores de Israel.”