Faz 35 anos, no cenário político nacional, surgia o Partido Comunista. AS lutas da classe operária em nosso país, de 1917 a 1921, bem como a Grande Revolução Socialista de Outubro na Rússia, fizeram destacar nos grupos de antigos militantes operários e anarquistas, os elementos mais clarividentes que fundaram o Partido Comunista do Brasil, no seu 1o. Congresso, a 25 de março de 1922. A organização do proletariado brasileiro em classe, isto é, no Partido Comunista, determinou enorme influência nos destinos do país.

Foi lento e duro o avanço do Partido nos primeiros nãos de existência. Mas já em 1935 ele apareceu como combatente destemeroso no movimento de frente única revolucionária, da Aliança Nacional Libertadora, que tão importante papel jogou na luta contra o fascismo indígena e internacional.
Hoje, com 35 anos de vida, o Partido entrou na fase de seu amadurecimento. Ele atravessa um momento difícil, m virtude do aguçamento da luta de classes no país e do agravamento da contradição entre o nosso povo e o imperialismo e seu agente no país, o Partido tem de sustentar com firmeza e sabedoria, com flexibilidade e prudência a luta por sua unidade, ao mesmo tempo que deve aparar e responder aos golpes do imperialismo americano e de seus sustentáculos internos, os latifundiários e grandes capitalistas.
Lutando desde o primeiro instante para cumprir suas tarefas históricas – libertar o país do jogo imperialista e dos restos feudais e conduzir o povo pelo caminho do socialismo – o Partido tem procurado conhecer a fundo o caráter dos seus inimigos de classe e , ao mesmo tempo, confiar profundamente na imensa força das massas.
Compreendendo que o verdadeiro motor da história é a luta de classes e que esta é o resultado inevitável da divisão da sociedade em classes antagônicas, os comunistas brasileiros nestes 35 anos jamais esconderam o caráter de classe do Partido. Formamos um partido de classe, da classe mais revolucionária da sociedade, o proletariado. Somos seu destacamento de vanguarda, consciente, irreconciliável com os partidos das classes dominantes. O fato de destacar a classe operária como lutadora consequente pela democracia e a independência nacional só tem feito aumentar o prestígio do Partido entre as grandes massas camponesas, entre as camadas médias do povo, entre as massas exploradas e oprimidas, e fortalecer a frente única. A bandeira da revolução nacional contra ao imperialismo e da revolução democrática contra os restos feudais, desfraldada pelo nosso Partido, congrega, por isso, massas sempre mais numerosas e ativas. Nosso Partido é o guia e a esperança de milhões de brasileiros que sofrem, de norte a sul, as consequências do regime econômico, político e social caduco, imperando no país.
É secular a luta de nosso povo para libertar-se de seus opressores internos e externos. Mas os heroicos levantes insurrecionais, as épicas batalhas das massas populares não conseguiram ainda, para nossa pátria, uma verdadeira independência e uma genuína democracia. As classes dominantes conservam seu poder. Mas as massas oprimidas possuem seu partido proletário, autenticamente revolucionário, fiel aos seus interesses, intransigente, lutador contra o imperialismo e os seus agentes. Hoje, nosso Partido inspira certeza q na vitória porque trabalha infatigavelmente para unir o povo e conduzi-lo à conquista de um novo regime, democrático popular, capaz de assegurar independência da pátria e a liberdade e o progresso para as massas.
Nosso Partido é o mais nacional de todos os partidos existentes no país. Guiando-se pelo  princípio do internacionalismo proletário, os comunistas se tornaram por isso mesmo, uma força de coesão nacional, sobrepondo os interesses e sentimentos locais e regionais, os de toda a nação. A defesa da soberania nacional e o sentimento anti-imperialista das massas têm tido em nosso Partido um porta-voz destemeroso e um educador destacado. Milhares de honrados combatentes formados pelo partido e numerosos quadros foram formados para as lutas que se avizinham.
Após 35 anos de lutas gloriosas, nosso Partido é parte integrante e cada vez mais indispensável da vida nacional, carne e sangue do povo. Parafraseando o herói do Partido Comunista grego, Beloianis, podemos também afirmar com orgulho que as raízes de nosso Partido estão regadas com o sangue de muitos patriotas e profundamente entranhadas no povo. A fisionomia da sociedade brasileira ficaria irreconhecível sem o Partido Comunista.
Em vão tentam os inimigos do povo destruir o nosso Partido. Ele é tão imortal como a classe operária. Tornou-se o instrumento indispensável para os que desejam lutar por um Brasil próspero e progressista, um Brasil que seja um dos guardiães da paz entre os povos.
Neste momento da vida internacional e nacional, pesam enormes e graves responsabilidades sobre os ombros dos comunistas. A integridade da Pátria está ameaçada. Os imperialistas americanos, os maiores inimigos de nosso povo, se preparam para ocupar Fernando de Noronha. Exigem mais o Nordeste, nossas riquezas e o sangue de nossos filhos. Com a cumplicidade do governo de Juscelino Kubitschek, os imperialistas americanos pretendem transformar nossa Pátria em ponto de apoio para seus planos de guerra e de dominação do mundo.
A união das mais amplas forças patrióticas para resistir ao assalto imperialista e reconquistar Fernando de Noronha é, neste instante, nossa maior tarefa. Ao mesmo tempo devemos intensificar a luta pelas liberdades democráticas e em defesa dos interesses econômicos mais sentidos das massas populares.
Mas a unidade patriótica exige como condição a unidade do Partido, seu fortalecimento, para que a luta pela paz, a democracia e a independência nacional seja vitoriosa. Tendo por base o marxismo-leninismo e como centro o CC, dirigido pelo camarada Prestes, a unidade do Partido deve ser intransigentemente defendida. Nas comemorações do 35o. aniversário do nosso Partido, fazendo o balanço das nossas lutas, procurando extrair lições de nossos erros e sucessos, os comunistas poderão olhar com serenidade e confiança as perspectivas, o grandioso caminho a percorrer. E aqui podemos repetir com Marx: “ Nós não dizemos ao mundo: ‘deixa de lutar, toda tua luta não vale nada’; nós lhe proporcionamos a verdadeira orientação de luta. Só mostramos ao mundo porque ela luta realmente.” Nosso Partido deve continuar educando o povo brasileiro a lutar até vencer seus inimigos para criar em nossa Pátria uma vida nova, de felicidade para todos os explorados e oprimidos e para que no mundo triunfe o socialismo.

Artigo publicado no jornal do PCB-SP, Notícias de Hoje, no domingo de 24 de março de 1957.