Faltou espaço no teatro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS), na noite de segunda-feira, 8 de maio, primeiro dia do seminário 100 Anos da Revolução Russa. Os 150 lugares do local foram insuficientes para receber todo o público interessado em ouvir os palestrantes falarem sobre os legados da revolução que marcou todo o século XX e continua repercutindo no século XXI.

Devido ao grande público, os próximos encontros serão realizados na sede da Fetrafi/RS (Cel. Fernando Machado, 820 – Centro Histórico, Porto Alegre), espaço que permite 400 pessoas. Com isso, as inscrições foram reabertas e podem ser feitas pelo email [email protected] ou nas secretarias do IFCH (Campus Vale) e do IHGRGS. Informações podem ser obtidas pelos telefones (51) 3308.9800 e 3224.3760.

Promovido pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS (IFCH), pelo IHGRGS, pela Fundação Maurício Grabois (FMG) e pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CEBRAPAZ), o evento, que tem apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (SINDJORS), trouxe renomados estudiosos para falarem sobre o tema.

Legado democrático

Após a abertura do evento, que contou com representantes das entidades promotoras, a mesa O legado de 100 Anos da Revolução Russa evidenciou a ideia de que tanto os europeus quanto os norte-americanos temiam a influência da Revolução Russa de 1917 sobre os trabalhadores locais. Os historiadores Augusto Buonicore (FMG), Analúcia Danilevicz (UFRGS) e Luís Dario (UFRGS) expuseram seus pontos para o público, que posteriormente pode fazer perguntas. A mediação foi do historiador Miguel do Espírito Santo (Presidente do IHGRGS).

Buonicore lembrou que a Suprema Corte dos Estados Unidos só considerou inconstitucional a existência de escolas separadas para brancos e negros quando foi alertada pelo governo que essa divisão favorecia a pregação dos comunistas americanos.

Segundo o professor Luis Dario, as mulheres eram tratadas com igualdade em relação aos homens na União Soviética, participando inclusive de combates. Citou o caso de Lyudmila Pavlichenko, atiradora de elite, que respondia de forma direta e objetiva quando lhe perguntavam quantos homens havia matado: “Nenhum. Matei 300 fascistas”.

A professora Ana Lúcia, contrapondo a ideia de falta de liberdade difundida no Ocidente, destacou que a revolução trouxe plena liberdade para o povo depois de séculos de autoritarismo do czarismo. Até o fim de União Soviética, segundo ela, o sistema democrático era extremamente capilarizado. “Inclusive no Judiciário havia democracia e não decisões autoritárias de um único e jovem juiz”, ironizou, lembrando o caso atual brasileiro.

Além da história da Revolução Russa e da experiência da União Soviética (URSS), o seminário, que ocorre até 12 de junho, todas as segundas-feiras, irá examinar o conjunto de experiências revolucionárias dos últimos 100 anos, o processo de descolonização, as causas e as lições do colapso soviético, as experiências socialistas que persistem e as perspectivas da luta pelo socialismo no século XXI.

O próximo encontro, dia 15, irá discutir a URSS, o movimento comunista internacional e a luta anticolonial, com a presença do filósofo e historiador João Quartim de Moraes (Unicamp), do historiador Enrique Serra Padrós (UFRGS) e do prof. de Relações Internacionais Diego Pautasso (Unisinos). A coordenação será da historiadora Ana Regina F. Simão (ESPM/ULBRA).