Em 23 de fevereiro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou um novo plano para fechar a prisão de Guantánamo. No entanto, com a forte oposição no Congresso, ainda pairam dúvidas sobre o compromisso de Obama em relação ao fechamento do campo de detenção.

Nos últimos dias, um grupo de especialistas das Nações Unidas cobrou do presidente dos EUA, Barack Obama, uma profunda investigação sobre as violações de direitos humanos registradas na prisão de Guantánamo.  

No contexto do anúncio da proposta de fechamento da prisão de Guantánamo, especialistas da ONU pedem uma investigação imparcial e independente sobre os relatos de tortura, detenções arbitrárias, desaparições forçadas, e que os responsáveis sejam punidos. 

Uma das principais acusações sobre as violações em Guantánamo diz respeito a práticas de tortura, denunciadas inúmeras vezes por reportagens, investigações independentes e advogados de prisioneiros. 

Entre os métodos, já foram citadas práticas como espancamento, humilhações religiosas, transporte dos detentos em jaulas, abuso sexual, detenção de crianças, privação de sono, entre outras. 

O fechamento da prisão de Guantánamo é uma das principais promessas eleitorais de Obama desde que assumiu a Casa Branca, em 2008. Mesmo com a recente proposta encaminhada ao congresso do país, o presidente norte-americana deve enfrentar forte oposição por partes dos Republicanos, que possuem maioria no Congresso. 

 

A lista de denúncias sobre as violações de direitos humanos no campo de detenção é longa, assim como o número de declarações de Obama prometendo o fechamento de Guantánamo. 

 

22 de janeiro de 2009

Não muito tempo depois de assumir a presidência, Obama assinou ordens executivas que proíbem a tortura em interrogatórios de pessoas consideradas ‘inimigas’, e prometeu fechar a prisão de Guantánamo em não muito mais um ano. 

“Não vamos continuar com uma falsa escolha entre nossa segurança e nossos ideais. Nós pensamos que são justamente os nossos ideais que nos dão a força e a superioridade moral de ser capaz de lidar eficazmente com a violência impensada que emana de organizações terroristas em todo o mundo. Temos a intenção de vencer essa luta; vamos ganhá-la em nossos termos”, disse Obama na ocasião. 

7 de março de 2011

Obama assinou uma ordem executiva que parecia divergir da sua intenção de fechar Guantánamo. Esta ordem estabeleceria um sistema para a detenção de suspeitos de terrorismo indefinidamente, retomando julgamentos militares na prisão.

Foi o primeiro reconhecimento concreto da administração de Obama de que o campo de detenção permaneceria aberto por algum tempo. 

“Estou anunciando várias medidas que ampliam nossa capacidade de levar os terroristas à justiça, a supervisão por nossas ações e garantir o tratamento humano dos detentos. Eu acredito fortemente que o sistema americano de justiça é uma parte chave do nosso arsenal na guerra contra a Al Qaeda e suas afiliadas”, afirmou.

 

2 de janeiro de 2013

Neste ano, Obama criticou o Congresso por criar obstáculos para o fechamento da prisão. “O Congresso promulgou restrições injustificadas e onerosas que impediram a minha capacidade de transferir detentos de Guantánamo”. 

“Desde que tomei posse, eu tenho repetidamente apelado ao Congresso para trabalhar com minha administração para fechar o centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba. A contínua operação da instalação enfraquece a nossa segurança nacional drenando recursos, prejudicando nossas relações com os aliados e parceiros-chave, e encorajando os extremistas violentos”, declarou Obama. 

30 de abril de 2013

Após prisioneiros realizarem greve de fome em protesto às suas condições na prisão de Guantánamo, Obama anunciou que iria aumentar seus esforços para fechar o campo de detenção.

“Continuo a acreditar que temos de fechar Guantánamo. Eu acho que é fundamental para nós compreender que não necessitamos de Guantánamo para manter a América segura. É caro. É ineficiente. Ela nos fere em termos da nossa posição internacional. Ele diminui a cooperação com nossos aliados sobre os esforços de contraterrorismo. É uma ferramenta de recrutamento para extremistas. Ela precisa ser fechada”. 

 

19 de dezembro de 2014

“O centro de detenção na Baía de Guantánamo, Cuba, permanece aberto pelo 13º ano consecutivo, custando centenas de milhões de dólares ao povo americano a cada ano e minando a posição dos EUA no mundo…. O fechamento do centro de detenção é um imperativo nacional”.

25 de novembro de 2015

“É imperativo que tomemos medidas responsáveis para reduzir a população nesta prisão quanto dor possível e fechar as instalações. A população de Guantánamo já foi reduzida em mais de 85%. Nos últimos 24 meses nós transferimos 57 detidos, e os nossos esforços para transferir detentos adicionais vão continuar”, disse nesta data. 

Fica evidente que ao longo dos dois mandatos de Barack Obama, o fechamento da prisão de Guantánamo foi bastante promovido em seu discurso. Resta saber se com a última proposta encaminhada ao Congresso, majoritariamente conservador, a promessa será materializada em realidade. 

 

 Fonte: Sputnik News