Como era comum na época, foram cruelmente torturados. A repressão buscava informações que a levasse à Guerrilha do Araguaia. Os filhos de Cesar e Amelinha, Janaina e Edson, crianças na tenra idade, também foram levados para o DOI-Codi, onde sofreram maus tratos. Mais recentemente a família Teles conseguiu levar Ustra, recém falecido, a julgamento por crime de tortura.

Eles foram presos numa operação que tinha por objetivo restabelecer o contado da direção do PCdoB, por meio de Danielli, com a Guerrilha do Araguaia — interrompido quando o Exército atacou o Sul do Estado do Pará em abril de 1972. Maurício Grabois, que comandava a Guerrilha junto com João Amazonas, enviou uma carta por intermédio de Crimeia, que estava no Araguaia, aos dirigentes comunistas que estavam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Criméia chegou à capital paulista na tarde do dia 28 de dezembro de 1972. Danielli, previamente comunicado da missão, marcou um encontro com Lincoln Oest, que viria do Rio de Janeiro, para o mesmo dia no começo da noite na Rua Loefgreen, na Vila Mariana. A missão teria o apoio de César e Amelinha. Os três deixaram Criméia com os dois filhos do casal no “aparelho” e se dirigiram ao “ponto” previamente marcado com Lincoln Oest. Danielli desceu antes e disse para os dois buscá-lo algum tempo depois. Na volta, foram recebidos de armas em punho.

Ele havia caído numa cilada armada pela “comunidade de informações”, que ligava os DOI-Codi. A operação começou com a prisão de dirigentes locais do Partido no Estado do Espírito Santo e chegou a Lincoln Oest, que neste dia já estava morto. Em seu lugar, a repressão mandou outro militante do Partido, que serviu de isca para atrair Danielli. Os três foram levados para o DOI-Codi; Crimeia seria presa em seguida. “Mesmo com todos os problemas de saúde, agravados pela prisão na ditadura e pelas torturas que sofreu, sempre manteve a leveza, a gentileza e o bom humor que contagiavam todos ao seu redor”, afirma o comunicado sobre a morte de Cesar.

Graças à abnegação de Cesar, Amelinha e Crimeia, o jornal A Classe Operária saía regularmente e cumpriu importante papel na tarefa de manter o PCdoB na luta contra a ditadura militar. Contribuíram também na reorganização do Partido no estado de São Paulo após sua saída da prisão. No final da década de 1980 eles romperam com PCdoB, mas continuaram sua militância política em defesa da democracia e dos direitos humanos. Nesse momento de dor para familiares, companheiros e amigos, o reconhecimento da importância da militância de Cesar no combate ao regime dos golpistas de 1964 é dever de todos os que se irmanam dos ideais que ele defendeu.