No próximo dia 16, o movimento LGBT ganha força. Será lançada em São Paulo a UNA-LGBT (União Nacional LGBT), entidade da sociedade civil que se propõe a defender os direitos de homens e mulheres com diferentes orientações sexuais e identidades de gênero e a combater todas as formas de discriminação. Além de empunhar tradicionais bandeiras do movimento, o grupo tem como diferencial seu compromisso com a luta política, com marcado viés progressista.

Composta por mulheres e homens, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de todo território brasileiro, a UNA-LGBT vai atuar pela emancipação política e humana, ao defender a garantia de direitos e as ideias no campo da consciência de classe. A entidade já surge com ampla representação da juventude, do movimento negro e de mulheres, agregando diversas lideranças.

Para o coordenador nacional LGBT da Unegro, Andrey Lemos, a UNA-LGBT será lançada no momento em que há uma onda conservadora que se opõe às conquistas da comunidade LGBT. “Embora tenhamos conquistado alguns direitos e existam hoje políticas públicas voltadas para a comunidade, há uma reação grande a esses avanços, provocada por uma onda conservadora. As pessoas cada vez mais expressam abertamente os seus preconceitos. A UNA-LGBT surge então para lutar contra a discriminação e por mais equidade”, diz.

Leonardo Lima, coordenador nacional LGBT da União da Juventude Socialista (UJS), destaca a necessidade de se contrapor a esse retrocesso e enumera algumas bandeiras da nova entidade. “Queremos colocar a luta LGBT na rua, pautando especialmente a criminalização da homofobia, a luta pela conquista do nome social em todo o país e o combate ao Estatuto da Família, que é inconstitucional. Nós conquistamos no STF o reconhecimento da união afetiva, e a bancada fundamentalista do Congresso agora tenta dar um dar um passo atrás, retirar direitos, inclusive afrontando o Estado laico”, afirma.

A nova entidade quer estabelecer alianças com organizações LGBT nos diversos países. Além de defender as demandas do movimento, a UNA-LGBT quer enfrentar a exploração de classe em todas as suas manifestações e solidarizar-se com a luta de movimentos sociais e populares que se colocam no campo progressista.

Entre seus princípios norteadores, está a discussão de um novo modelo de sociedade, solidária, equânime, igualitária e livre de opressões – a sociedade socialista. A ideia da entidade é desmistificar padrões construídos e naturalizados.

“Embora sejamos uma entidade LGBT, a ideia é que a luta ultrapasse as questões de gênero e orientação sexual e se norteie pela transformação social. Queremos discutir democracia, justiça, cidadania. Lutamos por uma sociedade livre, igualitária, justa e menos preconceituosa. Não dá para pensar em uma sociedade em que as pessoas possam usar seu nome social, mas não tenham emprego, por exemplo”, explica Andrey Lemos.

O encontro de lançamento da UNA-LGBT, que acontece nos dias 16 e 17 de outubro, é aberto a todos aqueles que militam pela causa LGBT ou são simpáticos e solidários a ela. No primeiro dia do evento, haverá um ato político, às 19h, no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa de São Paulo, com a presença de diversas lideranças relacionadas à luta LGBT. No dia seguinte, no Campus Apeninus da UNIP, das 9h às 18h, a nova entidade vai promover mesas de debates, eleger a diretoria e definir um calendário de lutas.