O ex-senador e atual secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Ceará participou do ato político no país onde o Partido Comunista é um dos de maior tradição na luta em defesa da democracia, do progresso social e econômico. “Mesmo assim, este partido está sendo ameaçado pelas forças mais conservadoras e retrógradas, que estão atualmente no governo da Ucrânia. Essas forças substituíram o governo anterior, que traiu os compromissos com o povo ucraniano e se envolveu em várias denúncias. Após esse movimento, os fascistas e nazistas assumiram a direção do governo e isso tem sido uma ameaça muito grande, ameaça que se estende para toda aquela região”.

O 1º de Maio foi transformado em ato político por ocasião do Dia Internacional do Trabalhador, unindo O PC da Ucrânia e a Organização dos Veteranos da Ucrânia, dando um toque antinazista ao evento, ao lembrar a derrota de Hitler pelo Exército Vermelho. Em inúmeras cidades do país, foram feitas reuniões de organizações de esquerda, sempre lideradas pelo Partido Comunista, enfrentando a proibição de manifestações. Com isso, o PC da Ucrânia deu uma importante demonstração de estar ao lado da liberdade de expressão, e ao lado dos trabalhadores mais sofridos, calados pela dominação de direita. Por onde passavam, as manifestações criticavam o alto custo de vida que atinge a população com seus salários arrochados. Os poucos que foram as ruas por todo o país representaram a maioria amedrontada que ficou em casa, mas vê nos comunistas os porta-vozes da insatisfação com o governo desgastado pela crise econômica e a guerra civil.

“Praticamente o único ato realizado no país naquele dia foi o realizado pelo Partido Comunista, com a participação de vários partidos na manifestação. Estive lá em nome do PCdoB, ação importante de solidariedade internacional, e essa movimentação se deu no momento em que o mundo comemora os 70 anos da derrota do nazifascismo. A 2ª Guerra Mundial se estabeleceu a partir da ação dos fascistas e nazistas, que colocaram a tese de que deveriam dominar o mundo e para isso deflagraram uma guerra que ceifou milhões e milhões de vidas exatamente naquela região do mundo, onde as forças mais avançadas, dirigidas pelo então Partido Comunista da União Soviética, no qual estavam os comunistas da Ucrânia, abriram uma nova rede de progresso social, cientifico e tecnológico para o mundo”, afirma.

O membro do Comitê Central do PCdoB reforça que “foi exatamente aquela região que mais sofreu, quem mais perdeu vidas por todos os meios, com prisioneiros que foram para a câmara de gás, assassinatos massivos, terríveis crimes de guerra”. “Mesmo assim aquele povo resistiu e foi a bandeira vermelha a primeira a tremular no parlamento alemão, dando conta da vitória das forças aliadas durante a 2ª Guerra Mundial”.

Para Inácio, nesse momento em quem o mundo comemora os 70 anos da derrota do nazifascismo, “as forças mais atrasadas e conservadoras chegam ao governo da Ucrânia colocando em risco a democracia e sobretudo a existência de um partido com tanta tradição e luta que é o Partido Comunista da Ucrânia”. “Se nós tivemos força de derrotá-los, eles que tinham um poderio bélico, militar e recursos gigantescos naquela época, nós também temos condições de resistir a essa nova investida que se materializa circunstancialmente na Ucrânia mas que avança em várias países, com uma onda que se movimenta no mundo inteiro, inclusive na America do Sul. No Brasil, acompanhamos reações odientas contra as forças progressistas no nosso país. Devemos ter um movimento em conjunto, coletivo com os camaradas ucranianos. A luta dos comunistas da Ucrânia tem tudo a ver com a que travamos no Brasil”, salientou.

O evento solene foi aberto pelo presidente do Conselho da Organização dos Veteranos da Ucrânia, Peter Tsybenko, realizada no Museu da Grande Guerra Patriótica. Entre os milhares que compareceram estavam representantes do Lenin Komsomol da Ucrânia, da União dos Oficiais Soviéticos, a seção ucraniana do Fórum Europeu Mundial, o Partido Socialista Progressista, a União dos Trabalhadores Internacional e do Comitê Nacional Eslavo, a Associação Zubr e outras forças de esquerda.

Também houve a participação de outros convidados estrangeiros: João Ferreira (MEP de Portugal), Eliseos Vagenas (membro do Partido Comunista da Grécia e chefe do Departamento Internacional do Comitê Central do KKE), Oleg Horjan (Presidente do Comitê Central do Partido Comunista da Pridnestrovian), Grigory Petrenko (presidente do partido “Nossa Home Moldávia”), Nikolai Volovich (Secretário do Comité Central do Partido Comunista da Bielorrússia e UPC-PCUS).

Primeiro de Maio

Em Nikolaev, os manifestantes enfrentaram a proibição do governo, recorreram à Justiça pelo direito de celebrar o 1o. de Maio, e correram o risco de manifestar-se em meio à ameaças de agressões. Uma manifestação de nacionalistas de extrema direita foi impedida em suas provocações violentas por um cordão policial. O incidente apressou o ato e exigiu que todos se dispersassem em grupo para não sofrerem agressões. Ainda houve uma homenagem com flores depositadas no memorial aos libertadores de Nikolaev e V. Lyagin – o chefe do movimento clandestino durante a guerra.

Em Odessa, a reunião só ocorreu após a intervenção de representantes de organismos internacionais da União Europeia. Milhares de policiais foram convocados para impedir o ato, embora houvesse manifestações dos próprios agentes de segurança em apoio aos manifestantes, segundo relatos.

O discurso de abertura foi feita por Eugene Tsarkov, que falou sobre os méritos de Lenin, Stalin e o Partido Comunista na criação de um Estado ucraniano e a expansão de seus limites territoriais e econômicos. Também foi feita uma análise crítica das chamadas leis de “des-comunização” que mesmo na União Europeia têm sido consideradas inconstitucionais, o que atraiu muitas bandeiras vermelhas dos comunistas tremulando na manifestação. Ele ainda criticou as organizações sindicais que se omitiram no 1o. de maio ao se submeter aos ditames do governo de direita.

Várias outras grandes cidades ucranianas tiveram protestos aos pés de estátuas de Lênin ou heróis da vitória contra os nazistas na 2a. Guerra Mundial, mesmo com as dificuldades já relatadas. Em Dnipropetrovsk, Sergey Hrapov, primeiro-secretário do PC, destacou o fato do trabalhador ucraniano mais simples estar completamente desprovido de proteção social, com salários e pensões congeladas, fábricas  falidas ou prestes a fechar. Ao mesmo tempo, as tarifas e preços dos produtos de primeira necessidade está em constante aumento, de modo que as pessoas não sabem se terão dinheiro suficiente para alimentos, medicamentos ou pagamentos de serviços públicos.

De acordo com o Serviço de Estatísticas do Estado, a Ucrânia registrou oficialmente 524.400 desempregados. De acordo com dados não-oficiais – mais de 5 milhões de pessoas estariam sem trabalho. Segundo a ONU, mais de 60% dos ucranianos vivem abaixo da linha da pobreza. Aproximadamente 12 milhões de pessoas sobrevivem apenas com o salário mínimo mensal. 

Com infos de Carolina Campos e http://moskva.bezformata.ru/