“Dominar os recursos naturais passou a ser mais uma tática do imperialismo norte-americano de dominação hegemônica sobre os países em desenvolvimento, como o Brasil. Mudam as táticas, mas não os objetivos. Além da pressão histórica sobre a Amazônia, que detém água, calor, território e biodiversidade. Somos um alvo permanente”, pontuou Eron Bezerra, secretário estadual de Produção Rural do Amazonas, que integrou a mesa de discussão, organizada pela Fundação Maurício Grabois, Fundação Perseu Abramo e Foro de São Paulo.

“O que vamos enfrentar na Rio+20 é a hegemonia dos países desenvolvidos. Portanto, vamos discutir sim, mas a nosso modo, sem abrir mão da soberania, investindo em tecnologia e  conhecimento”, completou.

Membro do Comitê Central do PCdoB, responsável pelas questões amazônica e indígena, Eron Bezerra classifica os agentes que atuam sobre a questão ambiental de três maneiras. Os santuaristas ou neomalthusianos, que defendem o controle de todo e qualquer recurso natural, com crescimento zero, impedindo o desenvolvimento a qualquer custo, onde os Estados Unidos se integram. Os produtivistas, que são o oposto dos santuaristas. Estão dispostos a destruir tudo em nome do crescimento e produtividade. E os sustentabilistas são os que procuram desenvolvimento partindo da premissa de que todo recurso é finito e, por isso, investem na manutenção dos recursos, a partir de ações como manejo sustentável.

“Eu me enquadro nesse terceiro grupo. É preciso buscar fontes alternativas de renda para a preservação e isso inclui gerar renda para as comunidades locais”, explicou Bezerra, que é autor do livro Amazônia, esse mundo à parte.

Um dos exemplos citados por Eron Bezerra, que está sendo desenvolvido na região do Solimões, dentro da Reserva de Mamirauá, região amazônica, é o Bacalhau da Amazônia, lançado em novembro de 2011, com investimento de R$ 1,5 milhão, gerando 1.100 postos de trabalho, de ponta a ponta da cadeia produtiva.

“Enquanto não dermos alternativas à comunidade local, ela vai continuar contribuindo com a biopirataria naquela região. Temos muitos casos registrados de espécies vegetais e animais que foram levadas e transformadas em patentes. Como o cupuaçu”, lamentou o secretário de estado.

Novas metas podem ficar para 2030

Guilherme Patriota, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, adiantou que está previsto um acordo entre todos os países durante a Rio+20 que estabelecerá um conjunto complementar de metas.

“A partir da Conferência terão um prazo para se aprovar as metas do desenvolvimento sustentável que incorporam objetos de sustentabilidade econômico-social às metas antigas, referentes ao desenvolvimento humano”, disse Patriota.

Segundo ele, os países terão até 2015 para debater e definir essas metas e estima que terão até 2030 para cumprirem as mesmas. “É uma oportunidade para debate-las regionalmente, entre nós, América Latina, América Central e Caribe. Uma grande oportunidade para promover um debate mais amplo”, concluiu o assessor especial

A coordenação do seminário ficou sob a responsabilidade de Valter Pomar, secretário executivo do Foro de São Paulo.

Fonte: Vermelho