Conforme destacou Pedro Oliveira, este perfil parlamentar procura resgatar as contribuições de João Amazonas não somente no âmbito do Congresso Nacional, mas também na esfera do movimento social, intelectual e político brasileiro. Amazonas teve a maior parte de sua vida marcada “pela perseguição ininterrupta de governos arbitrários e ditatoriais. Conquistados os períodos preciosos de liberdade, entretanto, suas atividades puderam ser acompanhadas de perto, como o foram durante meados dos anos 40 do século passado, quando da Constituinte de 1945, e depois a partir de 1985, com a redemocratização do país”.

O processo para a realização do livro durou sete anos e consistiu no processo de levantamento dos discursos realizados no plenário do Congresso Nacional quando da discussão da Constituinte de 1945, além de uma biografia escrita pelo historiador Augusto Buonicore e textos assinados por Renato Rabelo (presidente do PCdoB), José Carlos Ruy (jornalista e editor do jornal comunista Classe Operária) e Adalberto Monteiro (secretário de Formação do PCdoB e presidente da Fundação Maurício Grabois).

A publicação será enviada para bibliotecas públicas e outros centros de referência para estudo e pesquisa a respeito da história política do Brasil. O lançamento nacional está programado para o dia 23 de março próximo, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília, às 17 horas. Na mesma ocasião serão comemorados os 89 anos de vida ininterrupta do mais antigo partido político nacional em funcionamento no país, que é também o mais jovem por sua composição social e por suas ideias: o PCdoB.

Síntese de uma vida

Homem da política, das ideias e das lutas sociais, João Amazonas atuou em diversas frentes para a construção de um país mais justo e soberano, caminho brasileiro para o socialismo. Além de ideólogo do comunismo e de ser um dos pilares da construção partidária, Amazonas esteve na Guerrilha do Araguaia (1972-1974), foi parlamentar e um dos articuladores da candidatura de Lula à Presidência da República.

No prefácio, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) destaca: “O nome de João Amazonas lembra de imediato a palavra que é a síntese de toda a sua vida: comunista, não apenas no sentido ideológico, mas significando também um compromisso com uma visão de mundo e de sociedade”.

Mais adiante, acrescenta: “sou testemunha de que João Amazonas foi o artífice da necessária unidade das forças progressistas e avançadas na direção de um projeto político e social de caráter emancipatório para o povo brasileiro. Pacientemente, ele construiu, convenceu, dirimiu dúvidas daqueles mais incrédulos da possibilidade da construção de um novo rumo para o Brasil, com soberania e desenvolvimento nacional”.

Um dos destaques feitos na publicação é o fato de Amazonas, especialmente como parlamentar, ter dedicado suas ações sempre aos trabalhadores e à melhoria do povo brasileiro. Como constituinte, apresentou 17 emendas ao projeto de Constituição, “entre elas a que fixava a jornada de trabalho num máximo de oito horas diárias, instituía o direito irrestrito de greve e a efetiva liberdade de organização sindical, e aperfeiçoava a já arejada legislação trabalhista com inovações voltadas para a higiene e a segurança no ambiente de trabalho”, destaca a apresentação assinada pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Quando deputado, Amazonas era um dos 15 comunistas na Casa, que tinha então 320 deputados. O partido contava, também, com um senador: Luis Carlos Prestes. Amazonas foi eleito pelo Distrito Federal (no então estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro) com 18.379 votos, número expressivo para a época.

Ao contextualizar aquele período, Rebelo anota: “Mesmo a conservadora redemocratização operada naquele período serviu de estuário para que os comunistas, empolgados com a vitória dos Aliados contra o eixo do nazifascismo, se empenhassem em alargar as bases das liberdades democráticas. Getúlio Vargas fora deposto, mas as instituições e os tiranetes do Estado Novo, a começar do então presidente Eurico Dutra, prolongavam sua sobrevida autoritária e limitavam as lutas populares. Sindicatos eram tomados pelo Ministério do Trabalho, grevistas espancados nas fábricas, comunistas seqüestrados no meio da noite para sofrer torturas em lugares ermos, e até a comemoração do Dia do Trabalhador, internacionalmente uma data de festa e de lutas, era tirada das ruas e confinada a auditórios fechados”.

Finalizando sua apresentação, Aldo destaca: “João Amazonas viveu para ver o Brasil redemocratizado e os comunistas integrados ao esforço de construção da pátria independente, da pátria democrática, da pátria justa para seus filhos, caminho para a pátria socialista com que sonhou e para a qual viveu e lutou”.

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Da redação