As obras da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 2014, começaram a sair do papel, mas 7 dos 12 estádios estão com os cronogramas atrasados. Enquanto cinco atrasos são relativamente pequenos (variam de dois a cinco meses), dois projetos ainda estão completamente indefinidos e podem ficar de fora da Copa: o Morumbi, em São Paulo, e o Arena da Baixada, em Curitiba. Nas obras de infraestrutura urbana e nos aeroportos, os problemas são maiores, e muitos projetos executivos ainda não foram feitos.

Apesar dos atrasos, o andamento das licitações para transformar os atuais estádios em arenas multiuso (ou construí-las do zero) mostram que os governos foram capazes de criar equações financeiras para tornar viáveis os projetos e atender às exigências da Fifa. No Distrito Federal, terrenos estão sendo vendidos para pagar a reforma de R$ 696 milhões do Mané Garrincha e transformá-lo em alternativa para a abertura da Copa. O governo do Mato Grosso formou um fundo de R$ 1 bilhão com recursos orçamentários e financeiros para cobrir os custos da nova arena e as prescrições da Fifa.

Após o Mundial, todos os estádios do Nordeste serão explorados economicamente pelos consórcios. A concessão mais longa será na Bahia, de 35 anos, e a mais curta, de somente oito anos, no Ceará. A licitação do Maracanã, com preço limite de R$ 720 milhões, foi adiada para 15 de julho. No Rio Grande do Sul, ao contrário de São Paulo e Paraná, a iniciativa privada está bancando os projetos.

O BNDES criou uma linha de R$ 4,8 bilhões para construção ou reforma dos estádios. Quatro pedidos – Ceará, Amazonas, Bahia e Rio – já foram formalizados. Ontem, em Johannesburgo, na África do Sul, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país apresentou oficialmente o emblema da Copa de 2014.

No Nordeste, só uma obra começou

Região com o maior número de sedes da Copa de 2014, o Nordeste também terá de correr contra o relógio para viabilizar a tempo as quatro arenas que receberão os jogos do Mundial. Em todas as cidades, o atraso no início das obras é atribuído a problemas nos processos de licitação dos estádios, que serão construídos por meio de Parcerias Público Privadas (PPPs). Com as obras de mobilidade urbana necessárias ocorre o mesmo: nada começou a sair do papel.

O caso que pode ser considerado mais “adiantado” é o de Salvador. O projeto da Arena Fonte Nova, para 50 mil espectadores, já está sendo tocado por um consórcio formado pelas construtoras OAS e Odebrecht. De acordo com o secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Nilton Vasconcelos, a demolição do Estádio Octávio Mangabeira, em cuja área será erguida a nova arena, de R$ 591 milhões, começou há 20 dias.

Para viabilizar o empreendimento, o governo baiano vai emprestar R$ 400 milhões do BNDES. Os recursos serão aportados na agência estadual de fomento e depois repassados ao consórcio. Outros R$ 238 milhões serão tomados pelas construtoras com o Banco do Nordeste. As duas operações, porém, ainda não saíram.

A previsão inicial para a arena baiana era de que as obras fossem iniciadas em março. Agora, a expectativa ficou para outubro. “Temos de correr contra o cronômetro”, admitiu o secretário, que apontou a morosidade dos processos de licitação e de financiamento como os principais responsáveis pelo atraso. Ainda assim, garante que a Arena Fonte Nova será entregue até 31 de dezembro de 2012, prazo limite estipulado pela Fifa.

O mesmo acontece em Pernambuco. Apesar de o terreno onde será erguida a Arena Capibaribe ainda estar completamente vazio, o governo garante a inauguração dentro do prazo. Responsável pelo projeto, o secretário da Casa Civil, Ricardo Leitão, disse que as obras devem começar até o fim deste mês, assim que for concedida a licença de instalação do estádio.

O trabalho, porém, deveria ter começado em fevereiro. Questionamentos do Ministério Público Federal sobre cláusulas do edital de licitação atrasaram o projeto, de R$ 464 milhões. Também tocada pela Odebrecht, a arena será construída em São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife, e terá cerca de 46 mil lugares.

No Ceará, a licitação ainda não foi concluída. De acordo com o secretário estadual de Esportes, Ferrúcio Feitosa, a expectativa é de isso ocorra até o fim deste mês. Quatro consórcios ainda disputam a obra de modernização do Estádio Governador Plácido Castelo, o Castelão. O projeto, de R$ 452 milhões, prevê a ampliação da capacidade para 66,7 mil expectadores, o que poderá credenciar a arena para ser a única do Nordeste a abrigar um jogo de semifinal.

Na avaliação de Feitosa, o atraso nas obras se deve à briga judicial travada entre as empreiteiras interessadas. De acordo com reportagem da revista “Veja”, o governo cearense estaria privilegiando a construtora Marquise no processo de licitação, do qual também participam Galvão Engenharia, Queiroz Galvão e Odebrecht – as duas últimas juntas em um consórcio. Apesar do atraso, o secretário também garante o cumprimento do prazo. “Vamos entregar até o fim de 2012. A obra era para ter começado em fevereiro, mas não foi possível. Os consórcios brigam e isso é prejudicial”, queixa-se.

O caso mais complicado é o de Natal (RN), onde o edital da PPP sequer foi lançado. O imbróglio está no colo da Assembleia Legislativa, que ainda não regulamentou o fundo garantidor do Estado, necessário para a viabilização do empréstimo com o BNDES.

O governo também está sendo questionado pelo Ministério Público por ter contratado, sem licitação, a americana Populous, que elaborou o projeto básico e executivo do Estádio das Dunas. A arena, para 40 mil torcedores e custo de R$ 400 milhões, será erguida no local onde está hoje o Estádio João Machado, o Machadão.

Assim como todos os outros, o governo potiguar também garante que tudo estará pronto até dezembro de 2012. A expectativa é de que as obras do Estádio das Dunas comecem em outubro, já com oito meses de atraso.

Após o Mundial, todos os estádios do Nordeste serão explorados economicamente pelos consórcios durante um período pré-acordado. A ideia é que a realização de shows, festas, eventos religiosos e, claro, jogos de futebol, tornem as arenas minimamente rentáveis, possibilidade questionada por muitos especialistas, que apontam o risco do surgimento dos famosos “elefantes brancos”. A concessão mais longa será na Bahia, de 35 anos. A mais curta, só oito anos, no Ceará. Pernambuco e Rio Grande do Norte concederão por 30 anos.

Além dos estádios, todas as cidades se comprometeram a realizar uma série de obras para melhorar a mobilidade urbana. Quase nada foi iniciado, mas a promessa é que tudo estará pronto antes de a bola rolar. Abertura de vias expressas, alargamento de avenidas e melhoria dos portos estão entre os projetos da região.

No Ceará, o governo pretende investir R$ 262 milhões na construção de um corredor de 13 quilômetros para um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). Também está prevista a construção de duas novas estações do Metrô de Fortaleza (R$ 35 milhões) e de um terminal de passageiros no Porto do Mucuripe (R$ 106 milhões). Um empreendimento semelhante deve ser construído no Porto do Recife, num investimento de R$ 200 milhões. A ideia é que o local receba navios transatlânticos, que possam servir de alternativa para hospedagem dos turistas. A rede hoteleira da capital pernambucana foi considerada insuficiente pela Fifa.

Também estão previstas para o Recife novas estações do metrô, que façam a ligação entre o Aeroporto dos Guararapes e a região do estádio. De acordo com o governo, as obras da estação que ficará próxima da arena já começaram.

Em Salvador, o governo baiano pretende construir uma linha expressa de ônibus, ligando o aeroporto ao metrô e ao entorno da Arena Fonte Nova. O porto da capital também deverá receber um terminal de passageiros. Se adicionadas outras obras menores, os investimentos totais em mobilidade urbana (federais, estaduais e municipais) somam R$ 560 milhões.

Já na capital potiguar, o investimento estadual será de R$ 82 milhões. O prolongamento de avenidas, a construção de entroncamentos e a melhoria dos acessos ao aeroporto são as prioridades.

Para 2014, CBF teme caos aéreo

O presidente da CBF e do Comitê Organizador do Mundial, Ricardo Teixeira, disse ontem em entrevista coletiva que a maior preocupação em relação à Copa do Mundo de 2014 é com os aeroportos brasileiros. “Há um plano bem adiantado sobre mobilidade urbana. Há menos de dois meses, houve aprovação de verba representativa em relação à reforma dos aeroportos com mais problemas. Sempre digo que os três grandes problemas que temos são aeroporto, aeroporto e aeroporto”, afirmou Teixeira.

Segundo o dirigente, isso preocupa mais do que a questão de segurança, um problema que há em todos os lugares. “Segurança é um problema que existe no mundo inteiro, não tem uma fixação geográfica. Vejo violência na Europa e nos Estados Unidos. Não seria diferente no Brasil e na África”, disse ele.

Sobre os estádios, ele considera que as coisas estão “relativamente em dia”. “Ontem [quarta], em Brasília, já foi definida a concorrência e o valor a ser gasto nas obras até dezembro”, disse. Quatro Estados já formalizaram pedido de financiamento ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): Ceará, Amazonas, Bahia e Rio.

Em Cuiabá e Manaus, velhos estádios já estão em demolição

Duas cidades sem tradição no futebol, Cuiabá (MT) e Manaus (AM) estão demolindo os atuais estádios para levantar modernas arenas para a Copa do Mundo de 2014. Em Cuiabá, o antigo estádio Governador José Fragelli, o Verdão, já virou entulho, que está sendo removido para o início das obras da Arena Multiuso, investimento público de R$ 342 milhões a ser concluído em dezembro de 2012. Em Manaus, o Estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão, já não tem assentos nem placar eletrônico. Os tapumes para o obra já foram colocados. Serão investidos R$ 499 milhões para transformar o estádio em uma arena com capacidade para receber 48 mil torcedores. A data de entrega também foi fixada para 2012.

Sem atratividade para a iniciativa privada, os estádios são bancados inteiramente pelo poder público. O governo do Mato Grosso formou um fundo de R$ 1 bilhão com recursos orçamentários e financeiros para arcar com custos da nova arena e dar a garantia financeira exigida pela Fifa. O Estado também busca financiar 70% da obra por meio de uma linha do BNDES. O governo do Amazonas, por sua vez, formalizou um pedido de empréstimo de R$ 400 milhões ao BNDES. Até agora, há R$ 32 milhões do orçamento estadual comprometido com a demolição do estádio e terraplenagem.

A cidade de Manaus deve receber R$ 4 bilhões em investimentos públicos para se preparar para a Copa. Marcelo Lima Filho, secretário de Planejamento do Amazonas, conta que há um pedido de financiamento de mais R$ 600 milhões ao BNDES para a construção de um monotrilho em Manaus. “Estamos dentro do prazo para os projetos de mobilidade urbana. Temos até o fim do ano para contratar as empresas, considerando que a licitação do monotrilho terminará em agosto.”

O monotrilho de Manaus terá 20 quilômetros e será combinado com um corredor rápido de ônibus, ou BRT (Bus Rapid Transit), a ser empreendido pela prefeitura de Manaus. O sistema integrado prevê a cobertura de todas as regiões da cidade com um investimento total de R$ 1,9 bilhão, sendo R$ 1,3 bilhão para o monotrilho e R$ 600 milhões para o BRT.

Segundo o secretário, está prevista para o começo de agosto a entrega das propostas para a construção de um estádio menor e de um centro de convenções em Manaus. “O local ficará como legado para atender grandes eventos, terá 8,4 mil metros quadrados, e demandará um investimento de R$ 35 milhões”, conta Lima Filho. As obras foram iniciadas no ano passado, mas o Estado anulou o contrato com a antiga construtora, depois que ela pediu aumento do preço do contrato alegando inexequibilidade. A expectativa é que o complexo fique pronto até o meio do ano que vem. Um terceiro estádio será construído para ser centro de treinamento, investimento de R$ 20 milhões do governo estadual em fase de licitação.

Cuiabá receberá cerca de R$ 2,5 bilhões para as obras da Copa de 2014. A cidade construirá dois centros de treinamento, com custo de R$ 25 milhões cada, mas eles ainda estão na fase de projeto. Para transportes, o governo chegou a pensar em um monotrilho, mas a hipótese foi abandonada por conta do alto custo. A previsão agora é construir dois BRTs, um investimento total de R$ 457 milhões para os quais há um pedido de financiamento ao BNDES. Um dos corredores terá 15,2 km e ligará o centro de Cuiabá ao aeroporto, e o segundo terá 7,3 km de extensão e integrará o centro à região sudeste da cidade.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) aportará R$ 338 milhões em obras previstas em avenidas que possuem entroncamentos com rodovias federais (BRs 364, 163 e 070). Os projetos estão em análise. Também estão sendo estudadas intervenções nas vias de acesso à arena esportiva, como alargamentos de pistas, duplicação e abertura de alternativas para o escoamento do tráfego de veículos. Segundo o governo do Mato Grosso, uma definição deve sair nos próximos meses.

Indefinição em SP afeta planos de transportes

A indefinição sobre o estádio que vai receber os jogos da Copa de Mundo de 2014 em São Paulo afetou o planejamento de mobilidade urbana para o evento na capital paulista. As obras indicadas pelos governos estadual e municipal priorizavam o acesso à região do estádio do Morumbi, cujo projeto de adequação, de R$ 280 milhões, foi rejeitado pela Fifa.

A segunda opção para São Paulo ter um estádio capaz de suportar 65 mil torcedores e receber o jogo de abertura da Copa seria um estádio em Pirituba, mas o prefeito Gilberto Kassab (DEM) praticamente enterrou essa alternativa ao afirmar que não há tempo hábil.

A confusão envolvendo o estádio paulistano da Copa deverá começar a ser desfeita, segundo o presidente da CBF e do comitê organizador do Brasil, Ricardo Teixeira, a partir de uma reunião com integrantes do comitê organizador paulista, que tem à frente o governador Alberto Goldman (PSDB), dia 19 ou 20. E na próxima terça, o Palmeiras vai assinar o documento final para a construção da nova arena, que o capacitará a receber jogos da Copa.

Um dos exemplos de projetos afetados pela indefinição sobre o local dos jogos é o da linha 17-Ouro, um monotrilho de R$ 3,17 bilhões para ligar a futura estação de metrô Morumbi (Linha 4-Amarela) ao aeroporto de Congonhas e às linhas de metrô 5-Lilás e 1-Azul. A linha terá 21,5 quilômetros e 19 estações. O projeto não foi abandonado, mas deixa de ser prioritário.

Estado e Prefeitura de São Paulo pretendem investir R$ 34 bilhões em transporte público e mobilidade urbana visando a Copa. A prefeitura ressalta que os investimentos para a Copa já faziam parte do planejamento, pois atendem a uma demanda já existente, e só tiveram o cronograma adiantado.

O fato é que, entre os projetos de mobilidade urbana citados como prioritários pela prefeitura para atender à demanda da Copa, nenhum entrou em fase de investimento até o momento.

O prolongamento da avenida Jornalista Roberto Marinho, túnel que ligará a via à rodovia dos Imigrantes, um investimento estimado em R$ 2,9 bilhões, está em licitação, assim como o prolongamento da avenida Chucri Zaidan e a construção dos túneis que formarão o Complexo Viário Sena Madureira. A ampliação do túnel Lineu de Paula Machado está em fase de elaboração de projeto.

A modernização e expansão da rede de metrô e trens também foram incluídas nas prioridades da Copa em São Paulo. Porém, dois grandes projetos, o Expresso Aeroporto, trem que ligará o centro da capital ao aeroporto de Guarulhos, e o monotrilho de ligação da estação de metrô Vila Prudente à Cidade Tiradentes, tiveram as licitações suspensas e não há previsão de retomada.

Em 2013 será entregue a segunda parte da Linha 4-Amarela, que levará o metrô até o bairro Vila Sônia. Junto a essa estação terminal, há o plano de construir um terminal internacional de ônibus.

O pleito de São Paulo para o PAC da Copa é de R$ 2,8 bilhões, com contrapartida de R$ 400 milhões das esferas municipais e estaduais, investimentos que iriam para a Linha 17-Ouro (monotrilho) e para o terminal de ônibus Vila Sônia.

Prazo para licitação do Maracanã está no limite

São dois anos e meio para transformar o Maracanã em um estádio modelo capaz da abrigar a final da Copa do Mundo de 2014. A lista de exigências e recomendações da Fifa obrigará o Estado do Rio a praticamente reconstruir o estádio por dentro. As gigantescas arquibancadas, com capacidade para mais de 80 mil pessoas, serão movidas de lugar e ganharão uma cobertura completa, quatro rampas de acesso serão construídas e os camarotes mudarão de lugar e receberão uma varanda. Além disso, será instalada todo um sistema de informação para os torcedores com telas distribuídas em todo estádio e um novo sistema de segurança. A licitação, com preço limite de R$ 720 milhões, foi adiada do dia 5 para o dia 15 de julho.

Ícaro Moreno Júnior, presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) diz que a obra não está atrasada, mas admite que o prazo está apertado. “Em toda licitação temos uma margem no prazo. Podíamos ter feito em dezembro, mas a Fifa fez novas exigências e tivemos que mudar o projeto das arquibancadas. Agora estamos no limite.”

As obras estão previstas para começar em agosto. Segundo Ícaro, a qualidade da mão de obra brasileira reduz a produtividade. “No PAC investimos também na qualificação do profissional. Faremos um curso mais intensivo e aprofundado no caso do Maracanã, porque exige maior especialização”, diz.

O secretário estadual de Obras, Hudson Braga, é mais prático. “Obra depende de fluxo de dinheiro. Com dinheiro, ela sai no prazo.” O Rio negocia com o BNDES crédito de R$ 400 milhões. O restante será bancado pelo Estado.

Além da reforma do Maracanã, o Rio ofereceu uma série de obras de infraestrutura para melhorar o transporte. Entre elas, a linha 4 do Metrô, que ligará Ipanema à Barra e o trem-bala Rio-São Paulo. Os dois não ficarão prontos para a Copa. Apesar das obras do Metrô terem começado dia 26 de junho, a previsão de entrega é para 2016. Já o edital de licitação do trem-bala sequer foi lançado.

Uma das obras prometidas pela Prefeitura, a do corredor Transoeste, que ligará Santa Cruz à Barra da Tijuca, já foi iniciada. A entrega está prevista para daqui a dois anos. O custo é de R$ 692 milhões, com a construção de um túnel da Grota Funda que encurtará o trajeto atual de 50 quilômetros para 38,5 quilômetros e de uma via de BRT, o ônibus de transporte rápido.

Já a outra ligação prometida, a Transcarioca, enfrenta problemas com o Tribunal de Contas do Município. O corredor, que irá da Barra à Penha, com uma ligação ao Aeroporto do Galeão, estava com o edital pronto e tinha primeira previsão de licitação para janeiro deste ano. Segundo o secretário para Copa e Olimpíadas da Prefeitura, Ruy César, assim que o TCM liberar, o projeto vai para a rua. E a Procuradoria do Município já iniciou os processos de desapropriação de imóveis para construção de viadutos. Cerca de cem processos dos 3.630 necessários foram iniciados.

DF inicia reforma do Mané Garrincha no fim do mês

O consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez e Via Engenharia, vencedor da licitação para reformar o estádio Mané Garrincha, em Brasília, assinará o contrato com o governo do Distrito Federal no dia 16. Orçada em R$ 696 milhões, a obra está prevista para começar no fim de julho, quase três meses após a data exigida pela Fifa (5 de maio). Segundo o coordenador da Copa 2014 no Distrito Federal, Sérgio Graça, Brasília está em dia com o cronograma. “Nosso projeto executivo (que esmiuça detalhes da obra) é o mais completo. Só não começamos em maio porque a fase final da licitação atrasou”, explicou Graça.

Ele garante que o estádio estará pronto em dezembro de 2012, prazo máximo para que os estádios interessados em sediar a Copa das Confederações em 2013 estejam concluídos. “Nossa ambição não é apenas sediar a Copa das Confederações. Teremos condições de sediar jogos de abertura e a final”, disse Graça.

O estádio tem atualmente capacidade para 40 mil pessoas e passará a comportar 70 mil após as obras – a Fifa exige uma capacidade de 60 mil para um estádio sediar partidas de abertura ou encerramento de Copa do Mundo. Terá três andares de subsolo para estacionamento das delegações, vestiários e zona mista de entrevistas. Um túnel subterrâneo ligará o estádio ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, localizado do outro lado da rua. Lá funcionará o centro de imprensa da Copa.

A equação financeira para a construção do estádio passa pela venda de terrenos públicos, que ainda estão de posse de uma empresa pública local, a Terracap. A venda de alguns lotes já rendeu R$ 80 milhões para a Novacap, responsável por repassar os recursos para o consórcio vencedor, que cobrirá os gastos da obra até dezembro. O montante restante está previsto no Plano Plurianual 2011/2012 já aprovado pela Câmara Legislativa. “Apenas um terreno localizado no Setor Hoteleiro Norte (próximo do estádio Mané Garrincha e com capacidade para receber entre 12 e 14 novos hotéis) está avaliado em mais de R$ 500 milhões”, disse Graça.

O comitê organizador da Copa 2014 no Distrito Federal também contratou uma empresa americana – Steer Davies Glove – para elaborar planos de fluxos de multidão. Essa é uma recomendação da Fifa, já que a ordem é que um estádio que abriga jogos da Copa deve ser evacuado no máximo em oito minutos. Segundo o coordenador, após a Copa a ideia é transformar o Mané Garrincha em uma grande arena para shows internacionais. “Queremos entrar nesse circuito ainda restrito a São Paulo e Rio.”

Além das obras no estádio, será construído um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), orçado em R$ 1,5 bilhão, dos quais R$ 362 bilhões são do governo federal, incluídos no PAC da Copa. A União também vai investir, via Infraero, R$ 744 milhões na ampliação do terminal de passageiros do aeroporto Juscelino Kubitschek. A capacidade atual, de 11 milhões de passageiros/ano, subirá para 25 milhões até 2014.

Cronograma de obras viárias foi alterado em BH

Três núcleos básicos marcam os preparativos de Belo Horizonte para ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O que envolve o maior volume de recursos é formado por obras viárias, como a construção de três corredores de ônibus BRT, e está a cargo da prefeitura. O segundo é a reforma do estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, a cargo do governo estadual, e o terceiro, privado e difuso, envolve a rede hoteleira.

O Mineirão já está fechado para as obras de readequação, conforme o cronograma estabelecido em fevereiro. Consumirá recursos de R$ 400 milhões em financiamentos , sendo 75% deste valor do BNDES. Os três corredores de BRT e outras obras viárias da prefeitura somam R$ 1,1 bilhão, financiados pela Caixa Econômica Federal, além de R$ 400 milhões previstos para desapropriações que sairão do próprio caixa municipal.

A prefeitura nega atrasos nas obras, embora o Ministério dos Esportes tenha anunciado, no início do ano, a conclusão das obras viárias para 2012. A maior obra, a construção de um corredor de ônibus BRT (Bus Rapid Transit) ligando o centro da cidade ao bairro da Venda Nova, extremo norte de Belo Horizonte, será a principal via de acesso ao Mineirão. O corredor com 30 estações ao longo das avenidas Pedro I e Antonio Carlos deverá ficar pronto no primeiro semestre de 2013, diz Ramon Victor, presidente da BH Trans. Com financiamento de R$ 382,6 milhões, já liberado pela Caixa, transportará 400 mil passageiros/dia.

Um segundo corredor BRT, cortando a zona oeste de Belo Horizonte e com demanda de 150 mil passageiros/dia, será financiado em R$ 146 milhões e sua conclusão ficou para 2013. O terceiro BRT corta a região norte da cidade e terá capacidade para 300 mil passageiros diários. Com custo de R$ 50 milhões, ficará pronto primeiro, em fevereiro de 2012. A operação dos BRTs será privada e ficará a cargo dos quatro consórcios que ganharam a licitação para o transporte coletivo na cidade em 2008.

As obras de infraestrutura em Belo Horizonte terminaram bem menos ambiciosas do que era projetado no momento da candidatura da cidade à sede do certame. O governo estadual imaginava transformar o Mineirão em um complexo turístico e comercial, com a construção anexa ao estádio de um shopping center e um hotel, e a prefeitura contava com o evento para a retomada de investimentos no metrô de Belo Horizonte.

Construído em 1982, ligando o município de Contagem ao centro da capital mineira, o metrô em Belo Horizonte é de superfície, federal, tem apenas 28 quilômetros de linha e não se expande desde a década de 90. Prefeitura e governo estadual chegaram a elaborar projetos prevendo linhas subterrâneas e investimentos de R$ 3 bilhões, sem sensibilizar o governo federal.

Projeto sem patrocínio pode tirar Curitiba da Copa

Curitiba havia saído na frente para receber jogos da Copa de 2014. Mostrou que precisava apenas concluir uma obra que já estava bem adiantada, mas até agora não foi apresentada uma solução para a conclusão da Arena, que pertence ao Atlético Paranaense. Sob a alegação de que não pode comprometer suas finanças, o clube fala em bancar 30% dos R$ 138 milhões previstos no projeto. O restante teria de ser pago por outros investidores.

Como é uma propriedade privada, comissões criadas pela prefeitura de Curitiba e pelo governo do Paraná tentaram nas últimas semanas encontrar brechas legais que possibilitem a colocação de dinheiro no local, com participação de empresas públicas ou privadas. O clube tem evitado falar no assunto. A Arena tem capacidade para 26 mil pessoas e, com sua conclusão, vai comportar 41,3 mil. Ela já tem o anel inferior e falta completar o anel superior e fazer melhorias, o que demoraria dois anos.

Recentemente, o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB) sugeriu a participação da estatal de energia Copel na reforma da Arena. Pela proposta, a empresa colocaria recursos (R$ 40 milhões) e ganharia o direito de dar seu nome ao estádio. O Atlético já teve uma experiência com a fabricante de produtos eletrônicos Kyocera, que pôs seu nome na frente do estádio, mas ele continuou sendo chamado de “Arena da Baixada” por torcedores e imprensa. A Copel informou que “não existe qualquer estudo, proposta ou negociação em andamento com vistas a participar de empreendimentos relacionados com estádios de futebol”.

Outra sugestão estudada pelo governo foi a criação de benefício fiscal para que montadoras de veículos como Renault ou Volkswagen pudessem viabilizar a obra. Além de questões legais, o assunto envolve reclamações de outros times da cidade (Coritiba e Paraná) e seus torcedores, que não aceitam ver dinheiro público colocado apenas em um estádio privado. Outras alternativas, sem o uso da Arena, também entraram em discussão. O prazo para entrega das propostas econômicas havia vencido em 14 de junho, mas representantes de Curitiba pediram mais um mês e o novo prazo vence na próxima semana.

Mesmo sem a definição sobre o estádio, a prefeitura de Curitiba planejou uma série de obras viárias para preparar a cidade para 2014. Entre elas está a revitalização da rodoviária e de vias ligadas a ela. A avenida que liga a capital ao aeroporto, que fica no município vizinho de São José dos Pinhais, também será renovada.

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Com informações do jornal Valor Econômico e agências