Estiveram presentes no lançamento da Frente os professores Luiz Bevilacqua (Coppe), Débora Foguel (IBqM), Jerson Lima Silva (IBqM), Luiz Pinguelli Rosa (Coppe), José Eduardo Cassiolato (Economia) e Ildeu de Castro Moreira (Instituto de Física), José Sérgio Leite Lopes (Museu Nacional), Beatriz Resende (ECO).

Como se sabe, o governo interino de Michel Temer decidiu pela fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações – órgão sem conexão com o campo da ciência e tecnologia. O embrião dessa frente, que já agrega vários docentes, surgiu na recente assembleia da Adufrj realizada para discutir a nova conjuntura e as ameaças à educação no país.

A exemplo do procedimento que adotará em relação a outras iniciativas de mobilização, a Seção Sindical está oferecendo os meios para ampliar a adesão a esta frente que quer discutir os prejuízos à ciência e à pesquisa que a extinção definitiva do MCTI trará ao Brasil.

A elaboração de um blog específico para tratar do tema atende a este objetivo. Nesse espaço virtual, será armazenado todo o conteúdo (notícias, reportagens, entrevistas, ações) relacionado com a luta conta a extinção do MCTI.

A adesão ao movimento pode ser feita por meio do blog www.adufrj.org.br/mcti na aba adesão, no topo da página.

Enfrentar a crise com C&T

No Centro de Atividades Acadêmicas da Universidade Federal de Minas Gerais, pesquisadores e pesquisadoras de diversas regiões do país que participaram do 25o CNPG (Congresso Nacional de Pós-Graduandos), encerrado em 12 de junho, dividiam uma mesma preocupação: qual horizonte se desenha no Brasil com a extinção do seu Ministério da Ciência e Tecnologia?

A decisão do governo interino de Michel Temer de fundir o MCTI ao Ministério das Comunicações é considerada um retrocesso de grandes proporções pela imensa maioria da academia brasileira. Manifestações e atos públicos têm acontecido nas maiores universidades do Brasil e somam-se às pautas dos movimentos sociais que resistem à tentativa de golpe à democracia que está em curso.

Entre os que repudiam tal medida está o vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Ildeu Moreira, que participou de um debate sobre o tema junto com Paulo Sérgio Beirão, diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa de MG (Fapemig). “É a extinção de um projeto que já tem 60 anos no Brasil, que é o movimento pela implantação de um sistema nacional de Ciência e Tecnologia. Foi uma medida que não teve nenhum diálogo ou consulta à comunidade científica, pelo contrário, que contou com as nossas críticas”, lamenta.

Ildeu Moreira, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Foto: Guilherme Bergamini
Paulo Sérgio Beirão, diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa de MG (Fapemig) Foto: Guilherme Bergamini
O argumento utilizado pelo governo interino para o fim do MCTI foi a redução de gastos e uma suposta proximidade entre a pasta e a área de Comunicações, o que também vem sendo rebatido pelas sociedades científicas. A economia alcançada com a fusão dos ministérios não se provou significativa e o espaço para a ciência e tecnologia no novo ministério é extremamente reduzido. “As justificativas para a medida são muito frágeis”, opina Ildeu Moreira.

Segundo o professor, o fim do ministério e o corte de investimentos na área é também um grande erro em um momento de crise econômica e vai na contramão do que outros países têm feito. “China, Índia, Estados Unidos estão na verdade é apostando mais na Ciência e Tecnologia, porque essa é uma possibilidade de sair da crise, de fazer inovação, de construir sistemas mais eficientes, políticas sociais, de meio ambiente, reduzir recursos disso atualmente é um retrocesso enorme”, critica.