A Revolução Russa de 1917 representou uma ruptura de grande significado histórico. Pela primeira vez, a classe trabalhadora tomou para si as rédeas de seu destino e exerceu o poder político de uma nação. Um século depois desse acontecimento, em um momento de agudização da luta de classes, a reflexão sobre o significado e as lições dessa experiência é mais que necessária.

Personalidades políticas e de diversos segmentos da sociedade baiana, além de militantes, prestigiaram o evento. A revolução é considerada um dos principais eventos da história contemporânea, tendo inclusive marcado o curso do século XX.

Aberta pelo deputado Zó, que compôs a mesa, o evento foi conduzido pelo deputado Fabrício, que no discurso de abertura afirmou ser a revolução russa o fato mais importante da história da humanidade. “O czarismo era uma monarquia cruel que oprimia os trabalhadores e foi derrubada pela mobilização do povo”, afirmou.

O deputado Zó salientou o aspecto de um país semifeudal ter construído a primeira revolução socialista da história, quando a expectativa anterior era de que ela ocorresse nos países mais desenvolvidos. 

“Quero render homenagem também para aqueles que construíram a história do PC do B”. O parlamentar fez questão de lembrar o heroísmo do dirigente comunista João Amazonas.

Marcelino Galo, do Partido dos Trabalhadores (PT), considerou ser fundamental o evento, lembrando que o capitalismo esgotou suas possibilidades do ponto de vista econômico, e que se não houvesse a revolução de 1917,  não teríamos as experiências socialistas que viriam depois.

Já o deputado Marcelino Galo, petista e socialista, parabenizou a iniciativa dos deputados comunistas que integram a bancada na Assembleia, lembrando que “sem o acontecido não existiriam as revoluções cubana, africana, latina e outras. Não podemos permitir que esse evento seja apagado da história e da sobrevivência da esquerda no mundo”.

 

Desafios

O deputado Fabrício Falcão, terceiro secretário da Assembleia e um dos idealizadores da homenagem, destacou que a Revolução de Outubro de 1917, liderada pelo partido bolchevique, foi também na sua opinião o acontecimento mais importante do século XX. “Pela primeira vez, os trabalhadores derrubaram a burguesia local para dar início à construção de uma nova sociedade: Além dos desafios locais a União Soviética teve que resistir ao cerco hostil e violento dos países capitalistas”.

Fabrício Falcão afirma também que este ano é celebrado o centenário “em um momento de acirramento da luta de classes e das ofensivas da burguesia contra os direitos da classe trabalhadora. É essencial discutir o legado da União Soviética e os desafios dos comunistas hoje, reafirmando nossa firmeza ideológica”, disse acrescentando que “a chama deixada pela Revolução de Outubro jamais se apagará. Que ela sirva como ensinamento e inspiração para as duras lutas travadas no cotidiano da nossa classe trabalhadora de todo mundo”, desabafou o deputado Fabrício.

Entre os destaques da homenagem prestada aos 100 anos da Revolução Russa a execução do hino da ‘Internacional Comunista’ ao solo de guitarra do músico Wadson Calasans, bastante aplaudido e elogiado. Outro destaque da sessão foi a palestra e o depoimento minucioso do comunista Renato Rabelo, presidente da FMG.

“Este ato tem um significado enorme para os comunistas. O PC do B é filho e herdeiro de toda a história da revolução”, disse o dirigente, ressaltando e reverenciando antigos mártires e heróis comunistas como João Amazonas e Diógenes Arruda, entre outros e lembrando que o socialismo não morreu no século XX. “Pelo contrário marcou este século”.

Renato Rabelo

“O PCdoB faz parte do legado desse grande empreendimento revolucionário. Somos filhos-herdeiros da revolução de 1917. Ao contrário do que dizem, o socialismo nasceu, e não morreu  no século 20. A primeira experiência histórica surge num país relativamente atrasado, ao contrário do que previa Marx, em condições excepcionais daquele período histórico, entre duas guerras mundiais. O socialismo surgiu de uma exigência histórica e não de um desejo subjetivo” afirmou.

Na continuidade enfatizou: “Através da experiência socialista, países capitalistas tiveram que adotar direitos para os trabalhadores, especialmente na Europa. Foi essa mesma experiência a responsável pela destruição da máquina de guerra do nazismo. E foi fundamental também para desmoronar grande parte do que existia de colonialismo. O país em curto espaço de tempo acelerou a industrialização e conquistou as bases que seriam fundamentais para vencer a guerra mundial”, disse.

Sobre o fim da rica experiência da revolução, Rabelo diz que não há resposta fácil para analisar o revés que ocorreu na URSS, e deve ser analisado nas circunstâncias históricas. “Começou  a haver um declínio do ponto de vista econômico, na produtividade, na tecnologia, gerando defasagem em relação aos grandes países capitalistas. Não houve o salto necessário para enfrentar essas questões “, resumiu.

Para ele, as atuais experiências socialistas incorporam formas contemporâneas que resultam em formidável crescimento econômico, especialmente da China, que alcança avanços tecnológicos extraordinários, mesmo sob cerco capitalista. “O desenvolvimento das forças produtivas é essencial para a transição ao socialismo, sob controle do estado de democracia popular”, reforçou.

Sobre o capitalismo, ele comentou: “O sistema é crescentemente concentrador e gera extremadas desigualdades sociais. O capitalismo é incapaz de resolver os impasses da humanidade, que impede o avanço civilizacional”.

Ao concluir a intervenção,  Rabelo frisou a questão da defesa da soberania nacional, afirmando: “a construção de um estado poderoso e soberano é a grande questão da época atual, essencial na luta pelo socialismo”, finalizou.

Estiveram presentes no ato e compuseram a mesa  as  representações dos diversos movimentos sociais dirigidos pelo PCdoB: o presidente Estadual do PCdoB Davidson Magalhães, o deputado Federal Daniel Almeida, a vereadora de Salvador Aladilce Souza,  o presidente estadual da CTB Pascoal Carneiro, o presidente do Cebrapaz Antonio Barreto,  a presidenta da Unegro  Angela Guimarães, o presidente da UEB Natan Ferreira e as secretárias da SETRE Olívia Santana e da SPM Julieta Palmeira.

Após o evento, houve o lançamento na Bahia do livro 100 Anos da Revolução Russa – legados e lições, da Editora Anita Garibaldi, no Foyer da Assembleia Legislativa.

Agenda baiana

Além da exposição na Sessão Solene em homenagem aos 100 anos da Revolução Russa, na capital baiana, o presidente da Fundação Maurício Grabois (FMG) e ex-presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, foi à Bahia, no final de semana, para ministrar palestras nas cidades de Vitória da Conquista, Itabuna e  Ilhéus. O temário dos debates foram as teses do 14º Congresso do PCdoB, com destaque para a crise política vivenciada no Brasil e o balanço das experiências dos governos Lula e Dilma.

De acordo com os organizadores das atividades, o líder comunista, referência para o pensamento da esquerda brasileira, ‘fez uma análise da atual crise que atinge a raiz da democracia nacional, analisando como os problemas econômicos são parte de um processo mais amplo de um colapso social e moral no país’.

Em quatro dias de uma agenda intensa, da última sexta até segunda (18), Rabelo pôde discutir a crise que atinge a raiz da democracia nacional e analisar os problemas econômicos atuais, parte de um processo mais amplo de um colapso social e moral no país.

Mais que isso, o dirigente, referência para o pensamento da esquerda brasileira, reafirmou a urgência de um projeto nacional de desenvolvimento que, para o PCdoB, passa pela defesa da nação, da democracia, do desenvolvimento e dos direitos sociais.

Na sexta-feira (15), houve o debate “Frente Ampla: Novos Rumos para o Brasil” na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista. No sábado (16), o debate “Rumos e Perspectivas para o Brasil na Atualidade” ocorreu de manhã na Câmara de Vereadores de Itabuna, continuando à tarde no Auditório do Sindicato dos Bancários de Ilhéus.

Em Vitória da Conquista, terceiro maior munícipio do estado, com o plenário da Câmara Municipal lotado, Renato afirmou que a “grande tarefa é a superação da crise e a reconstrução nacional”. O dirigente apresentou propostas do PCdoB que envolvem a formação de uma frente ampla baseada nos compromissos de restauração da democracia, do crescimento econômico e reconquista dos direitos sociais. “É preciso que essa frente ampla vá além da esquerda. É o momento de unir forças”, declarou.

O evento aconteceu na última sexta (15), na Câmara de Vereadores, e reuniu o presidente do PCdoB da Bahia, o deputado federal Davidson Magalhães, a deputada federal Alice Portugal, líder do PCdoB na Câmara; o deputado estadual Fabrício Falcão, os vereadores Nildma Ribeiro e Danilo Kiribamba, ambos do PCdoB; Gilmar Ferraz, vereador e presidente do Sindicato dos Comerciários; o presidente do PCdoB, Andreson Ribeiro; do PT, Rudival Maturano; dirigentes estaduais, filiados, militantes, representantes de outros partidos e membros da Frente Brasil Popular na cidade.

No dia seguinte (16), filiados, amigos e simpatizantes do PCdoB de Itabuna e vários outros municípios do sul da Bahia prestigiaram o debate organizado pelo Diretório Municipal da legenda, que ocorreu na Câmara de Vereadores durante toda a manhã. Compuseram a mesa de honra o deputado federal Davidson Magalhães; o diretor da Sudesb, Elias Dourado; o vice-prefeito de Ibirapitanga, Dinho Mecânico; Márcia Rosely Azevedo, presidenta do PCdoB de Itabuna; o presidente do PT local, Flávio Barreto; o ex-prefeito Geraldo Simões (PT); o vereador itabunense Jairo Araújo e a presidenta do Sindicato dos Servidores Municipais de Itabuna, Vilmaci Oliveira.

Na tarde de sábado (16), foi a vez da cidade litorânea de Ilhéus: num bate-papo no auditório do Sindicato dos Bancários, Renato Rabelo defendeu que “a saída para crise só pode ser resolvida por meio da política”, e ainda enfatizou que “o povo precisa se manifestar diante do caos institucional instalado no país, através de eleições diretas para presidente”. Estiveram presentes o ex-vice-prefeito de Ilhéus, José Henrique Abobreira; o vereador do PT, Makrise Angeli; o presidente do PCdoB local Josenaldo Cerqueira, o presidente do Sindicato dos Bancários de Ilhéus, Rodrigo Cardoso; a liderança Tupinambá de OIivença, Cláudio Magalhães, além de militantes e amigos do PCdoB.

O dirigente comunista defendeu a necessidade de uma candidatura própria dos PCdoB à Presidência da República; para Renato Rabelo é fundamental que o partido apresente um candidato que seja capaz de defender seu projeto político, suas ideias e seu programa. O dirigente ressaltou que a consolidação da pré-candidatura do PCdoB à Presidência da República é absolutamente legítima e natural. Renato também defendeu o direito de Lula poder se candidatar em 2018, considerando a inviabilização de sua candidatura pelo Judiciário como mais um golpe na democracia brasileira. “A perseguição política com o cerco judicial e midiático ao ex-presidente Lula é uma inaceitável ameaça à soberania popular.”