Mais de cem pessoas se reuniram na noite desta quinta-feira, 19 de outubro, para prestigiar o lançamento do livro “A Revolução Biopolar —a gênese e a derrocada do socislimo soviético”, de Luis Fernandes, na livraria Travessa do Shopping Leblon. O público também acompanhou com entusiasmo o debate entre o autor e o professor Daniel Arão Reis, como parte das atividades em homenagem ao centenário de 1917.

O autor explicou que o título de sua terceira obra sugere uma dupla conotação, propositalmente. Ele afirma que usou o termo “bipolar” primeiramente porque a Revolução de 1917 levou à ruptura do capitalismo como o único sistema vigente no mundo, trazendo um novo modelo de sociedade. Para Luis Fernandes, os acontecimentos daquele ano culminaram no mundo polarizado no período da Guerra Fria.  

“Ao mesmo tempo eu uso a palavra “biopolar” porque observamos que a Revolução sofreu um colapso singular, saindo de um quadro de confiança e euforia para um estado de quase rendição. O livro discute os elementos que levaram a este desfecho”, destaca.

 

(Foto: Clarice Manhã)

Apesar deste colapso, Luis Fernandes ressalta que a Revolução colocou na pauta mundial importantes questões sociais, como reforma agrária e democracia, e lembra que à época o mundo era unicamente capitalista, com muitas áreas da África, Ásia e América sobre exploração colonial. “Questões estas que hoje estão sob ataque”, enfatiza.

Embora a comunicação fosse precária no início do século passado, o autor acredita que  as notícias que circulavam sobre a Revolução Russa, ainda que fragmentadas, inspiraram trabalhadores do mundo todo, incluindo operários brasileiros que fizeram os movimentos de greve geral em 1917-1918. “O inicio da luta política organizada entre os jovens sindicalistas anarquistas no Brasil teve influência direta da Revolução Russa”.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) acompanha a pesquisa de Luis Fernandes há mais de 30 anos  e  considera que o professor é um dos grandes estudiosos da história do comunismo no mundo.  “Não podemos ficar parados. Vivemos um momento onde a luta de classes está aguda, com características de ausência de democracia, e esse processo precisa ser analisado”.

 

Deputada Jandira Feghali, com o autor (Foto: Clarice Manhã)

Para o professor emérito do Instituto Militar de Engenharia Rex Nazaré Alves, a leitura de “A Revolução Bipolar” promete momentos de reflexão e engrandecimento intelectual. “Conheço o Luis há muito tempo, e sei da seriedade de sua pesquisa e trabalho. Vir ao lançamento de seu mais novo trabalho é motivo de alegria e reencontro com os amigos”.

O professor Daniel Arão, que lançou “A Revolução que mudou o mundo”, comemora o sucesso de público no debates, e avalia que a temática de 1917 se faz muito atual na contemporaneidade. “Especialmente pelo momento que estamos vivendo no país, onde essas mesmas questões centenárias estão em grande evidência”.