No discurso que fez no Congresso, Manuela destacou que o lançamento de sua pré-candidatura é um fato histórico para os comunistas do Brasil, pois, em quase um século de trajetória do partido, esta é apenas a terceira vez que a legenda participa da disputa presidencial com candidatura própria.

“Hoje, certamente, vivo o momento mais bonito dessa trajetória, ao ser lançada pré-candidata à Presidência da República por nosso partido. Se o partido comunista é a honra do nosso tempo, como disse o Neruda, que honra enorme para mim ser a candidata dos comunistas à presidência do Brasil”, declarou Manuela.

A pré-candidata também enfatizou a defesa da política como caminho de superação da crise. “Nossa pré-candidatura não se soma àquelas que desconstroem a política e, portanto, agravam a crise brasileira. Sabemos que a crise no Brasil tem origem política e, portanto, a saída da crise também é política. Não existem candidaturas de outsiders. Nada mais a cara do sistema do que buscar soluções que pareçam estar fora dele”, defendeu.

Muito aplaudida e ao som de palavras de ordem como “Brasil independente, Manuela presidente!”, a pré-candidata afirmou que a proposta do PCdoB é promover o debate de um projeto nacional de desenvolvimento com a formação de uma Frente Ampla. Segundo ela, sua pré-candidatura tem como linhas programáticas mais gerais a retomada do crescimento econômico e da industrialização; a defesa e ampliação dos direitos do povo, atacados pelo atual governo; e a reforma do Estado, de forma a torná-lo mais democrático e capaz de induzir o desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.

Durante entrevista coletiva, quando questionada por jornalistas sobre quais seriam os pontos que poderiam unificar os partidos numa Frente Ampla, ela apontou: “Acredito que são os partidos que têm compromisso com a justiça social, com investimentos em políticas públicas que diminuam as desigualdades e que o Estado seja o motor do desenvolvimento.”.
Perfil

A formalização da pré-candidatura de Manuela D’Ávila pelo 14º Congresso do PCdoB, ocorrido entre os dias 17 e 19 de novembro, contribuiu para repercutir ainda mais a trajetória progressista da deputada.

Manuela d’Ávila é jornalista, tem 36 anos e é deputada estadual desde 2014, a mais votada naquele pleito. Cumpriu dois mandatos como deputada federal, tendo sido, nas duas ocasiões, a mais votada do Rio do Grande do Sul. Em 2010, teve mais de 400 mil votos, o que representou 8,06% dos sufrágios. Foi líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, indicada três vezes pelo DIAP como uma das 100 “Cabeças” do Congresso e cinco vezes ao Prêmio Congresso em Foco, que premia os melhores parlamentares do Brasil. Na Câmara Federal, Manuela foi autora da Lei do Estágio e relatora do Vale-Cultura e do Estatuto da Juventude, presidiu a Comissão de Direitos Humanos e foi coordenadora da bancada gaúcha.

Leia a íntegra do discurso de Manuela D’Ávila no 14o Congresso do PCdoB:

Boa tarde, camaradas

Olho para esse plenário de nosso 14º Congresso e vejo rostos conhecidos. Vejo Luciana, nossa presidenta, negra, mulher, nordestina, com sua doçura e firmeza revolucionárias. Uma mulher com a cara das mulheres deste Brasil: forte e doce, incansável. Uma Maria, marias. Uma Maria como Vanessa Grazziotin, como Alice Portugal, como Jandira, como Jô Moraes, como Marcivânia, como Ângela Albino, como Perpétua Almeida, como Ana Júlia. Olho Renato, com sua busca incessante pela renovação de nosso Partido e atualização de nossas bandeiras. Posso ver Haroldo Lima com seu discurso firme e Aldo Arantes com sua persistência. Vejo a atualidade dos sonhos de Amazonas, de João, em tantos Joãos por aqui. Os Joãos com a cara do Assis, Orlando, do Davison, Daniel, Wadson, Inácio, Chico Lopes, Rubens, Marcio. E vejo Amazonas e todos nossos mártires do Araguaia e da Lapa na força, coragem e combatividade de nossos jovens da UJS, Carina, Mariana e Camila. Que transformadora a força das jovens mulheres!

Milito em nosso partido há 19 anos, desde meus 17 anos. Vivi muitos momentos de alegria contribuindo com a construção partidária e com nosso sonho de transformação do Brasil. Hoje, certamente, vivo o momento mais bonito dessa trajetória, ao ser lançada pré-candidata à presidência da República por nosso partido. Se o partido comunista é a honra do nosso tempo, como disse o Neruda, que honra enorme para mim ser a candidata dos comunistas à presidência do Brasil.
É a terceira vez que o nosso Partido faz isso. Em 1945 lançamos Yedo Fiúza, prefeito de Petrópolis, que teve uma grande votação, ao lado de Prestes, Jorge Amado, Maurício Grabois, João Amazonas, dentre outros camaradas que foram candidatos. Foi nessa eleição que elegemos a bancada da Constituinte de 1946, responsável, por exemplo, pela emenda que garantiu ao Brasil liberdade religiosa. Mas eu gostaria de lembrar da primeira vez que um comunista foi candidato a presidente. Isso aconteceu em 1930, quando lançamos o vereador do Rio de Janeiro, Minervino de Oliveira. A primeira vez que os comunistas se lançaram à presidência foi com ele: operário e negro, um trabalhador da indústria do mármore no Rio de Janeiro.

Estamos, portanto, aos noventa e cinco anos, vivendo esse momento pela terceira vez e eu quero agradecer, sinceramente emocionada, pela oportunidade de representar o nosso Partido nessa caminhada. Esse sonho jamais passou pela cabeça daquela jovem que se filiou à UJS em 1999 e aprendeu a amar o Brasil e a lutar pelo socialismo ouvindo as sábias palavras de Renato, Haroldo e Aldo Arantes. Sou a primeira mulher a concorrer à presidência pelo Partido Comunista do Brasil, presidido por sua primeira mulher. Um Partido com tantas Heleniras, Pagus, Elzas, Gilces, Loretas. Um partido que em sua história fez valer a máxima que lugar de mulher é onde ela quiser. Que honra, camaradas. Que honra. Muito obrigada.

Primeiro, camaradas, gostaria de falar, mesmo que Luciana já o tenha feito em seu informe político sobre as razões que nos fizeram lançar uma candidatura. Nosso Partido construiu nos últimos anos mudanças importantes no Brasil apoiando e participando dos governos Lula e Dilma. Lutamos lado a lado com milhares de brasileiras e brasileiros contra o golpe de 2016. Resistimos ao desmonte do Estado,à retirada de direitos sociais e individuais promovidos por Temer. Somos as mulheres, os gays e negros que gritam contra a reforma trabalhista, a Emenda Constitucional 95. Denunciamos a chamada neocolonização do Brasil. Mas, camaradas, acreditamos que o golpe encerra um ciclo político e é por isso, que, para nós, 2018 não pode ser momento de mero debate sobre o passado. Nós não queremos fazer da eleição um momento de acirramento da crise econômica e política. Nós queremos fazer da eleição um momento de construção de saídas. Dois mil e dezoito é momento de debate sobre o futuro. Que brasil viveremos em 2, 4, 10 anos?

Queremos que o Brasil retome o crescimento econômico, preservando direitos sociais e individuais. Precisamos traduzir nosso projeto para as pessoas que vivem a crise em seus cotidianos. A crise faz com que as pessoas percam as certezas sobre o futuro. A crise faz com que as pessoas sintam medo do futuro. Nós precisamos fazer com que o nosso povo sonhe novamente e que compreenda que, como diz o nosso hino o “Brasil é um sonho intenso”. É isso que eu estou falando, o Brasil é um sonho porque o Brasil é uma bela realidade, mas o Brasil ainda é também um projeto. E nós queremos discutir esse projeto, esse sonho em 2018. Queremos discutir um Projeto Nacional de Desenvolvimento.

Concretamente queremos discutir se o Brasil vai se realizar plenamente como nação, ou seja, desenvolver todas as suas potencialidades como país, se teremos as condições para nosso povo viver em paz, com segurança, educação, saúde, com alimentação decente, cuidados à primeira infância e proteção para a velhice, condições de vida dignas para as mulheres, para os negros… queremos discutir se poderemos ter um regime democrático de verdade, na medida em que a desigualdade não vai mais levar o Brasil a uma situação de anomia social.

A chave para um Brasil com futuro é realizar esse sonho intenso, é unir o máximo possível de brasileiras e brasileiros em torno de um projeto de nação, de um sonho de futuro para o Brasil. Ou seja, o que pode viabilizar o projeto de desenvolvimento do país é a Frente Ampla. É a consciência das pessoas comuns, são os movimentos sociais, é a unidade de nosso campo político. Gosto da ideia de que uma candidatura dos comunistas é uma candidatura das pessoas comuns e para as pessoas comuns. Um governo para transformar a vida da maior parte das pessoas, os comuns, o povo brasileiro.

Isso deve começar por mudanças radicais na economia. Hoje o Brasil é vítima de um tripé macroeconômico que tem como objetivo remunerar o rentismo, retirar as riquezas do trabalho para transferi-las para o mercado financeiro.

É preciso mudar essa realidade.

Juros, câmbio e inflação: a gestão desses três preços macroeconômicos tem que que ser feita, mas tendo como lógica o desenvolvimento do país e não os interesses do rentismo. Esse foi o caminho trilhado pela China, país que tem um projeto de nação e que colocou esse projeto como o meio de resolver os seus problemas sociais. Um câmbio para tornar a nossas exportações competitivas; juros baixos que incentivem o investimento produtivo e tornem o crédito barato e o “fim do medo-pânico” paralisante do crescimento da inflação são a base para que voltemos a crescer.

Ao lado disso, o Brasil precisa de uma nova política industrial. Uma das tragédias do último período é a destruição da indústria brasileira, conquistada com tanto esforço. Hoje, quando olho pra esse plenário, vejo vários produtos que poderiam ser fabricados pelo nosso país, mas são feitos por indústrias estrangeiras. Quando eu falo de indústrias, não estou falando somente daquelas indústrias mais simples, essas nós até mantemos. Falo das indústrias de ponta, aquelas mais capazes de agregar valor.

Isso faz com que os empregos de qualidade, aqueles que podem remunerar melhor, fiquem lá fora e não aqui. Faz também com que fiquemos para trás na inovação, na medida em que um país sem indústrias é um país sem criatividade. Em última instância faz com que nossos jovens que se dedicam às áreas vinculadas à produção de tecnologia saiam do Brasil.

Para falar das indústrias, queria lembrar um conterrâneo meu. Quando a Revolução de 1930 foi vitoriosa, no seu primeiro discurso, Getúlio Vargas afirmou: “nós precisamos montar a chamada indústria pesada: aço, eletricidade, a química de ponta”. Notem, camaradas, Getúlio, mal tinha derrotado as oligarquias atrasadas, estava obcecado com o que havia de mais importante no seu tempo, estava nas grandes aquisições da chamada segunda revolução industrial.

Nós queremos sonhar o sonho de Getúlio: um país industrializado, voltado para a indústria do seu tempo. A indústria do nosso tempo é a chamada indústria 4.0. Partimos de uma situação difícil, dada a destruição da indústria que assistimos nos últimos anos. Mas, por outro lado, há uma oportunidade importante. A indústria 4.0, por suas características, permite que pulemos fases, que nos adiantemos. Desde que tenhamos decisão nesse sentido. E mais importante do que isso: desde que tenhamos um poder político que esteja a serviço do desenvolvimento nacional.

Nosso país, com um governo comprometido com o desenvolvimento, pode escolher alguns setores industriais para realizar uma política consciente de substituição de importações. Setores como o de Petróleo e Gás, Química Fina, Defesa e mesmo o agronegócio, são exemplos concretos disso.

Falando da química final, não é razoável que a maior parte dos remédios que consumimos seja feita com insumos estrangeiros.

Não é razoável também que exportemos Petróleo cru. Não é razoável que sendo o maior produtor de agrícola do mundo não tenhamos mais uma fábrica de fertilizantes! Mesmo no vestuário, camaradas, uma indústria simples, importamos uma série de produtos estrangeiros para fabricar roupas como as pessoas estão usando neste plenário.

É necessário, portanto, um grande investimento em ciência, tecnologia e, especialmente, inovação. Um investimento que também esteja conectado com esse projeto de reindustrialização, ou seja, algo que atenda prioritariamente as demandas dessa nova indústria, de forma concentrada e com grande volume de recursos.

Preciso salientar que enquanto nossas mulheres permanecerem alijadas da produção de conhecimento tecnológico esse sonho é ainda mais distante. De cada 1000 jovens na graduação apenas 22 escolhem carreiras vinculadas a chamada indústria de inovação. Destes, apenas uma é mulher. Ou seja, é preciso fazer com que nossas meninas tenham espaço nesse sonho de Brasil desenvolvido, como há anos nos dizem as mulheres da UBM.

Uma outra questão nodal, camaradas, é o investimento público. Não há possibilidade de retomar o desenvolvimento sem um poderoso incremento do investimento público. Se for preciso, devemos cortar gastos em outras áreas para garantir essa massa de investimentos.

Devemos pensar em um grande Plano de Obras Públicas. Grandes obras feitas com capital privado e público. E nisso, penso que devemos ter concentração em dois setores:
Infraestrutura e moradia. Infraestrutura porque esse é um dos mais graves entraves ao desenvolvimento e moradia porque essa é uma demanda enorme no país.
Um grande plano de obras públicas voltado para grandes obras de infraestrutura e uma verdadeira revolução na política de moradias populares!!! Diante da crise torna-se ainda mais relevante o debate sobre moradia, regularização fundiária e equipamentos públicos.

Falei do público, mas temos que pensar no investimento privado também. Não podemos nos conformar com a ideia de que não há tradição no Brasil de investimento privado, como se isso fosse uma coisa que está escrita nas estrelas e não pode mudar.

Precisamos falar sobre geração de empregos, camaradas. Se não pensarmos em indústria do futuro, não geraremos empregos de qualidade pro nosso povo. Parece uma loucura que no momento em que o vivemos o ápice do desenvolvimento tecnológico a sociedade viva a maior crise do capitalismo. A tecnologia tem que estar a serviço de nosso povo, não o contrário. Por isso defendemos um referendo revogatório da reforma trabalhista.
Queremos investir em empregos de qualidade para que as trabalhadoras e os trabalhadores tenham redução de jornada, por exemplo, tenham mais tempo para viver a vida. Como diz Mujica, a vida é a única coisa que o capitalismo não vende. Queremos que nosso povo viva a vida.

Camaradas, não existe nenhuma contradição entre as nossas lutas enquanto mulheres e as lutas dos negros, por exemplo, com nosso projeto de desenvolvimento. Como seria possível desenvolver o país sem mais de 70% da população? Sem enfrentar a diferença salarial entre mulheres e homens, entre negras e brancas, negros e brancos? Então nosso projeto é o do povo brasileiro. E o povo brasileiro é negro e é mulher!

Camaradas, como sabem sou da terra de Getúlio mas sou também da terra de Brizola. Cresci ouvindo dele a ideia de que um grande Brasil só aconteceria com um grande investimento em educação. Hoje tenho certeza disso. Como pensar em indústria sem pensar na manutenção e ampliação de nossos Institutos federais? Como fazer dessas escolas técnicas escolas nossas parceiras da indústria 4.0? Como pensar em crescimento da economia sem pensarmos em nossos jovens nas universidades públicas e privadas e na retomada da ampliação do investimentos em pesquisa?

Aliás, os estudos de Tomas Piketty sobre o capitalismo e desigualdade social evidenciam que não há outra ferramenta de diminuição de desigualdades senão o forte investimento público em educação.

Sempre que começo a falar em educação me lembro carinhosamente de nosso maior exemplo, o governador Flávio Dino. Senhoras e senhores! Que revolução! Se eu pudesse resumir em poucas palavras seria compromisso com o futuro e eficiência. Toda vez que vejo uma obra de escola no Maranhão me lembro de Laura, minha filha, e a história dos três porquinhos. Quando Laura quer falar que algo é duradouro, ela fala que é tijolo. Flavio já fez mais de cem escolas de tijolo em contraposição às escolas de taipa e palha, metade da folha do funcionalismo é destinada aos educadores. Flavio criou a escola de tempo integral no Maranhão!

Toda vez que vejo um político, quase sempre homem, defender a diminuição do Estado penso em nossas mulheres que são mães. Que diminuição é essa que não leva em conta que nós não temos escola em tempo integral para nossos filhos? Como isso dificulta nosso retorno ao mercado? Quem cuida de nossas crianças quando não estão na escola? Ou seja debater tamanho do Estado não é algo abstrato. É algo real, que interessa a nós mulheres. A escola de tempo integral de Brizola e agora de Flávio, a escola que garante tranquilidade à mãe trabalhadora. Nós mulheres e mães sabemos, desde a centenária Revolução Russa e os registros feitos por Kollontai, que o Estado tem relação direta com nossas vidas e emancipação. Numa sociedade ainda machista como a nossa, a ausência do Estado é uma punição às mulheres.

Flávio comprova que a experiência dos comunistas garante boa gestão, ou seja, eficiência do Estado comprometida com a existência do Estado para os que precisam.
Camaradas, um partido como o nosso não trabalha com a ideia de retomada do crescimento econômico com centralidade por acaso. Nossa razão de ser é buscar que as pessoas vivam com mais dignidade, com mais oportunidades. É por isso que nossa candidatura quer responder às principais angústias da população.

O que pode angustiar mais alguém do que não ter acesso à saúde para si ou para um filho? A diferença entre a vida e a morte não pode ser o dinheiro. Os princípios do SUS, a universalidade, a integralidade, a gratuidade, a regionalização, a valorização dos trabalhadores da saúde são inegociáveis. Além disso, é possível pensar em como o segmento da saúde pode ser estruturante da retomada da indústria nacional. Fármacos, equipamentos, por exemplo. O Brasil pode diminuir o déficit da balança comercial se investir na indústria da saúde.

É possível dialogar com o povo brasileiro sem debater o tema da segurança pública e das múltiplas violências que sofremos? Candidaturas se forjam apenas organizando e agudizando o medo que as pessoas sentem em função da violência nos grandes centros urbanos. Nós achamos que é papel do Estado enfrentar esse tema. Até porque, camaradas, foi-se o tempo em que podíamos afirmar apenas que a desigualdade social gera violência urbana. Hoje a violência faz parte do sistema de produção e perpetuação da miséria, afinal, quem passa pelo sistema carcerário é marcado para ser para sempre pobre.

Queremos andar com nossos filhos nas ruas, queremos parar de enterrar nossos jovens. Percebam que estamos falando de 60 mil mortes por ano em homicídios, 40 mil jovens executados. São mais mortos do que em todas as guerras de nosso tempo. Estamos falando da juventude negra exterminada. Queremos rede de proteção para nossas mulheres vítimas de violência, queremos rede de proteção para as vítimas de homofobia.

Creio que fazer o povo brasileiro viver em paz é um dos maiores desafios de nosso tempo.

Portanto, falar em segurança é falar em política pública, em criação de ministério, em investimento federal, em modernização e inteligência, em fiscalização das polícias, em valorização dos polícias. Falar em combate à violência e falar em viver em paz é o esforço para a garantia do respeito a quem nós somos, às nossas individualidades enquanto mulheres, negros, gays, jovens.

Os jargões da internet, os discursos de ódio, a propagação do medo não salvam vidas, não resolvem nossos problemas e medos reais.
Mas falar em viver em paz também é falar sobre educação e voltamos a esse assunto. Uma política séria de diminuição da violência deve devolver aos professores as condições de dar aula. Enquanto alguns falam em escola com mordaça, nós falamos em escola modernizada, segura, que garante oportunidade para todos.

Nossa candidatura defende um pacto pela paz, com prioridade absoluta nos investimentos para que nossas crianças e jovens de 0 a 18 anos, para que todos estejam na escola. É preciso buscar, ativamente, aqueles que evadem de nosso sistema escolar. Pouco se fala nisso, mas quem sai da escola entre o 5º e 6º anos, um ano depois aumenta em 50% de chance de praticar violência.

Construir uma política de combate à violência é garantir um Brasil de oportunidades iguais para todos.

Camaradas, nossa pré-candidatura não se soma àquelas que desconstroem a política e, portanto, agravam a crise brasileira. Sabemos que a crise no Brasil tem origem política e, portanto, a saída da crise também é política. Não existem candidaturas de outsiders. Nada mais a cara do sistema do que buscar soluções que pareçam estar fora dele.

Mas se é verdade que a saída é política – e por isso defendemos uma Frente Ampla, popular, de diálogos com os cidadãos e cidadãs – também é verdade que defendemos que a política precisa ser reformada, renovada, representando os interesses da população, das pessoas comuns.

Nossa candidatura é a candidatura dos que compreendem a necessidade de lutar para o Brasil dar certo para o povo brasileiro!

Parafraseando Thiago de Mello que com seu poema deu nome a nosso congresso

Faz escuro mas nós cantamos,
Porque o amanhã vai chegar
Vamos juntos, pessoal
Trabalhar pela alegria

Um beijo e boa luta!