Essa ação também contou com nomes importantes que abrilhantaram e fortaleceram o debate. Estiveram presente na mesa debatedoras como a professora de direito da UFRJ, Vanessa Berner; Deusimar Costa, militante histórica do movimento comunitário e que atualmente ocupa a direção de Direitos Humanos e Desigualdade Racial da CONAM; a coordenadora da REDEH, Schuma Schumarer; A  professora do Departamento de Direito Público da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP e do Programa de Mestrado da mesma instituição, Fabiana Severi; a arquiteta e urbanista, ativista feminista, especialista em Patrimônio Cultural, Tayná de Paula; e Márcia Tiburi, filósofa, feminista, professora universitária com vários livros publicados.

O evento – que também foi marcado por diversas intervenções culturais que foram realizadas por mulheres como trapézio, teatro e poesia – foi iniciado e coordenado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) que convidou as debatedoras para comporem a mesa e valorizou fortemente a construção desse espaço de discussão. Jandira Feghali ressaltou que:

“Estamos abrindo o mês de março em que a pauta da mulher ganha uma principalidade, é um mês onde o debate de gênero toma conta do mundo inteiro e do Brasil também, dentro do parlamento, fora dele onde esse debate corre com muita força. Então estamos abrindo, hoje é dia 1°, o mês de março que coincide com o aniversário de uma cidade onde é composta em sua maioria por mulheres. É impossivel pensar o papel do estado, das políticas públicas sem a transversalidade de gênero, que as mulheres são as mais prejudicadas quando o papel do estado é reduzido. E a presença da Manuela, é fundamental como pré-candidata a presidente, e aliás a única, ela carrega não só a responsabilidade de feminista que é, mas também é importante que possa ouvir das mulheres populares e das mulheres especialistas que acumulam experiências para poder formular o seu próprio programa de governo. Esse debate inicia esse processo junto com a Manuela de acumular essas formulações, completando e enriquecendo o seu próprio programa de governo”. 

Vanessa Berner iniciou o debate com tema “Os Direitos Humanos das Mulheres” e, entre outras coisas, destacou que: 

“O Estado Moderno inventa um discurso que nos vai dominar (…) Esse discurso pode até ser muito bonito, mas a prática não”.

Em seguida, Deusimar da Costa falou sob a ótica da militância comunitária, criticou a Intervenção Federal no Rio de Janeiro e fez questão de ressaltar a força e salientar as grandes dificuldades cotidianas das mulheres das periferias. A partir da temática “O cotidiano das mulheres nas comunidades populares”, Deusimar afirmou que:

“Poucas mulheres estão exercendo lideranças nas comunidades. Muito por medo e intimidação. Mas sabemos que – principalmente nos momentos mais difíceis – vemos a força das mulheres de favelas. Geralmente nos momentos difíceis são essas mulheres que tomam a frente”.

Schuma Schumarer, falou sobre o tema “Mulheres, Direitos e Violência de Gênero” e reforçou que “temos que buscar uma saída coletiva (…) É preciso retomar o discurso da esperança”.

Já Fabiana Severi esteve focada na discussão em torno “Do Sistema de Justiça e as Mulheres”. A professora paulista disse que: “O sistema de justiça é sexista e racista” e que “de modos bastante variados o campo feminista brasileiro tem lutado por leis mais igualitárias e não discriminatórias”.

A arquiteta e urbanista, Tayná de Paula, que é especialista em projetos em habitação popular, espaços de pobreza e políticas públicas de enfrentamento às desigualdades urbanas, ficou responsável por discutir o tema “A mulher no Espaço Urbano” e ressaltou que “precisamos avançar em políticas concretas para as mulheres e duas famílias”.

A professora e pesquisadora, Marcia Tiburi, que falou sobre “Os desafios do feminismo” ressaltou que:

“Hoje nós estamos aqui para discutir várias questões relacionadas a vida das mulheres e do feminismo no campo da política, a gente começa hoje o mês das mulheres, o mês de março, um mês dedicado à tensão e à reflexão sobre o papel das mulheres nos vários setores da sociedade. E é uma alegria realmente estar junto com tantas mulheres incríveis tanto do campo do direito quanto do campo da política, do ativismo, da militância no geral, mulheres intelectuais, mulheres que são professoras, que são trabalhadoras. E é um prazer também, encontrar com a Manuela D’Ávila que tem sido uma voz tão importante no cenário da política brasileira, ela uma personagem que tem trazido muita lucidez ao debate sobre política no Brasil. E  é uma figura que admiro muito, porque é muito jovem e muito lúcida, eu vou usar um termo que não é da nossa área e nem é um dos mais bonitos, mas ela é muito competente política, é uma grande deputada, tem uma história que precisa ser valorizada e que precisa ser respeitada no Brasil, por mais que seja realmente uma pessoa muito jovem, o que torna mais impressionante e fico muito feliz de hoje a Gaúcha que vive no Rio de Janeiro estar junto com a Manuela em um debate tão importante sobre o cenário político no Brasil.”

Manuela D’Ávila fez uma excelente fala em que falou sobre a difícil conjuntura política e fez uma importante abordagem acerca de diversas e importantes questões que marcam o Brasil e o Rio de Janeiro. Segundo a pré-candidata comunista à presidência da República:

“Em primeiro lugar precisamos de uma resposta que seja feminista porque se o golpe foi misógino é o feminismo – as mulheres que são a maior parte do povo brasileiro – que sairá em defesa de uma saída radicalmente democrática e profundamente vinculada ao desenvolvimento do país. (…) Como podemos pensar em um Projeto Nacional de Desenvolvimento se não necessariamente esse projeto for para o povo do nosso país? Aqui reside a chave da nossa resposta: um projeto para o povo brasileiro é um projeto para as mulheres, para os negros e negras do Brasil, porque esse é o nosso povo, a maior parte da população brasileira. Para quem seria esse projeto se não fosse para o seu povo? As bases do nosso pensamento devem ser a radicalidade democrática, um esforço para que tenhamos eleições e para que nesse pleito façamos o debate sobre como tomar o Estado em nossas mãos. A radicalidade democrática é isso, é fazer com que as mulheres, os negros e negras tomem o Estado em suas mãos para garantir que esse país se desenvolva os incluindo, os percebendo, os vendo”.

O presidente estadual do PCdoB-RJ também marcou presença no evento e, em entrevista, fez questão de afirmar que:

“Hoje nós fazemos aniversário no Rio de Janeiro, é um grande presente a gente dar ao Rio um debate muito importante emancipacionista da luta das mulheres e como as mulheres veem a saída da crise. Nós temos muito interesse nisso porque as mulheres são a maioria da população e sem o protagonismo do povo, da classe trabalhadora, não vamos ter transformação no fundo desse país. E as mulheres hoje já se destacam nas lutas, nas ruas e vão cada vez mais se empoderando. Isso é muito importante para nós e se expressa também na vida da nossa pré-candidata Manuela D’Ávila que também vem da luta da juventude, do movimento de juventude, do Partido Comunista do Brasil. Manuela tem muitas condições de debater um projeto nacional com geração de emprego, com soberania nacional e que busque resgatar a democracia no nosso país. Pois vivemos um Estado se exceção sobretudo aqui no Rio de Janeiro, sobretudo, agora através da intervenção. Então, a Manuela através da pré-candidatura dela, abre condições pra a gente construir um debate mais sério sobre o novo rumo para o país, buscando um projeto de nação que aprofunde a democracia. Para nós é muito importante e com isso também o Partido Comunista do Brasil vai jogando o seu papel e ocupando o seu espaço na luta política de classes no nosso país”.

Após o encerramento do debate, outras atividades culturais marcaram o evento como o lançamento do livro “Feminismo em Comum”” com Márcia Tiburi, e a apresentação da Roda de Samba “Moça Prosa”.

Assista à integra do evento, abaixo: