“A crise é gestada nos períodos de euforia, de bonança. Investidores excessivamente otimistas vão fazendo apostas cada vez mais arriscadas, se endividando excessivamente, até que chega um fato grave, ou um conjunto de fatos graves, que leva os mercados subitamente a reavaliarem suas posições e suas expectativas”, explicou Paulo Nogueira Batista Jr., em vídeo postado em seu canal no YouTube.

O fato grave, na conjuntura atual, é o surto de coronavírus, ao qual veio se somar um novo choque do petróleo nesta segunda-feira (9). A Arábia Saudita anunciou que pretende aumentar sua produção de petróleo e baixar os preços para alguns mercados, o que é interpretado como um primeiro passo em uma guerra de preços contra a Rússia.

O economista destacou, entretanto, que a fragilidade dos mercados já era uma realidade antes desses choques exógenos. “Nós temos, na realidade, uma profunda fragilidade dos mercados financeiros em nível nacional e internacional, que se manifestou muito claramente agora”.

No caso específico do Brasil, Paulo Nogueira Batista Jr. ressaltou que os agentes econômicos já estavam decepcionados com o desempenho do governo na área. “As reformas não vinham produzindo os resultados esperados, a economia patinando, certo pessimismo quanto ao crescimento em 2020, já antes do choque do coronavírus”.

Segundo ele, há um desapontamento geral. “Até dois meses atrás, o que tínhamos era a expectativa de um voo de galinha. Era um voo de galinha, não era grande coisa, mas era um voo mesmo assim. E, agora, o crescimento muito próximo de zero em termos per capita. A galinha não levantou voo”, concluiu.

Assista abaixo a íntegra do vídeo: