AQUELES DOIS

      Assistindo uma peça de teatro dia desses aprendi um pouco mais sobre o amor. O Teatro é assim: desvelador.

      Era uma espetáculo de Belo Horizonte, baseado no conto de Caio Fernando Abreu, Aqueles Dois, e contava a história de dois homens que, por estarem sozinhos, únicos, em um mundo de comuns, encontram-se, entendem-se e amam-se tão intensamente que desafiam os olhares do preconceito em favor da liberdade de simplesmente viver. É muito bonito.

      Caio Fernando Abreu é pouco conhecido em minha vida. Li Morangos Mofados certa vez. O Milton, meu grande amigo, falava do autor. Gabriela foi quem realmente abriu meus olhos para conhecê-lo. Leu trechos do conto da peça citada certa vez, em casa.

      Outras poucas leituras.

      Mas aprendi que o Caio fala do amor de forma precisa, sem desenhar o outro. Sem desenhar o ar e o céu. Apenas fala. E fala tão gentilmente que apaixona quem lê. Apaixona quem ouve. Nos faz viver a liberdade de escolha, da crônica viva.

      Hoje acordei pensando em Caio.

      Tomei um café com meu pai.

      Visitei a Gabi doentinha logo cedo.

      Fui a TV dar uma pequena entrevista.

      Voltei ao meu escritório de onde escreve essas palavras.
 
      Hoje acordei pensando em Caio.

      Mas não nos contos. Na forma de olhar o mundo. Cantei sozinho, o que há? Falei sozinho, o que houve? Amei um pouco mais o céu vi as pessoas com um olhar um pouco mais lúdico.

      Hoje acordei pensando em Caio Fernando Abreu.

      Um cara bacana, simples, resolvido. Um cara que, para mim, como Renata Russo, sabia falar de amor. Aquele amor que não existe em qualquer lugar: amor de verdade.

       Luiz Henrique Dias é escritor, estudante de Arquitetura e Urbanismo e Gestão Pública e comunista (convicto). Ele é daqueles caras que acreditam no seguinte: o cara que joga um papel na rua, pode também jogar o seu voto