Poesia pra mim é cura. Não para doença ou vício.
Pode ser na palavra escrita, na música ouvida, na foto revelada ou na dança valsada.
Sinto, toco, caminho poesia todos os dias, por entre minha rua, entre os prédios e seus jardins. Vejo poesia na placa do carro dos amores que vem e vão, nos olhos brilhantes de meus pais, na cama forrada com limpos lençóis.
Bato com poesia na cara quando o vento fecha a porta,
dói poesia nos joelhos quando caio no chão.
Como poesia com café com pão, feijão com arroz,
com coca gelada, na mesa para dois.
Vinho poesia, cervejo poesia, choro poesia, grito poesia.
Roupa lavada com poesia.
Amaciante, pregador, varal e passada a ferro, a poesia.
Em rio de poesia, nado de costas.
Em dia de poesia, ofusco os olhos no sol.
Poesia em pedra dura,
poesia-me com quem andas,
mais vale duas poesias nas mãos…
Aliás, é um tratamento, que nem sei se termina, mas que me alivia.