Bom é sorrires, olhar
em mim: não vês
o inimigo, o rival
jamais.
Na caça, não serás
a presa; não serás,
no jogo, a prenda.
Partilharemos, sem meias
medidas,
a espera, o arroubo, o gesto,
o salto, o pouso e o sono
e o gosto desse rir
dentro e fora do tempo
sempre que nova mente
acordares

 

Geir Campos , capixaba, nascido em 1924, é um dos poetas da chamada "Geração de 45"; poeta engajado, procurou a clareza e a comunicabilidade como princípio de uma poesia participante, diz o crítico Manoel Sarmento Barata (em Canto Melhor, uma perspectiva da poesia brasileira). Suas Cantigas de Acordar Mulher (1964) enfrenta, com veio poético, a condição da mulher na sociedade burguesa. "A mulher", diz Barata, "tal como a concebe a civilização do ócio, reduzida à superficialidade das coisas bonitas e vistosas, destituída de seu ser próprio, propriedade de um marido. É contra essa imagem que o poeta reage, ao denunciar os padrões reificantes que condicionam a atitude da mulher"(JCR).