Miro iniciou sua participação no programa comentando o período atual e a ação da mídia no processo eleitoral. Para ele, a capa da revista Veja, na véspera da eleição, foi “um risco à democracia e à soberania do voto. Esse setor, se não for modificado, sempre irá se comportar assim. Democratizar a mídia é uma questão de governo.”

Em sua análise sobre a conjuntura e atuação da mídia nacional, Miro afirmou que “a mídia é poder político e econômico, muitas vezes associada aos interesses econômicos. Eles não vão falar da reforma agrária, por exemplo, porque estão associados ao capital financeiro e ao agronegócio”.

Ele diz também que apesar de os governos do PT não terem enfrentado a contento o tema da comunicação, o segundo mandato da presidenta Dilma irá agir diferente, mas para que o projeto da mídia democrática elaborada pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação possa ser levado em conta, deverá haver pressão dos movimentos sociais.

Identidade nas manchetes
Segundo comentou o jornalista, “as empresas jornalísticas concorrem entre elas, disputam espaço e audiência, mas quando chegam nos grandes temas, aí estão unidos. Quando é contra o avanço dos trabalhadores é uma unidade de aço”.

“Eles se dividem na disputa de mercado, mas é histórico o alinhamento deles nos outros interesses. Como foi no golpe de 1964 ou contra Getúlio Vargas. Mas hoje são complexos midiáticos muito maiores. Um exército poderosíssimo”, alertou.

Joaquim Soriano, diretor da FPA, comandou esta edição do programa. Para ele, “nesta eleição, outra direita apareceu ou se mostrou. Democratizar a mídia não é só questão de ter opinião na sociedade, mas é pressuposto que ela colabore na formação de uma cultura política democrática. É um problema específico da democratização mas também da constituição de outra narrativa”, alertou.

Para Miro, o caminho será o contra-ataque, com “nossos sites, blogues, redes sociais. Fazemos uma guerrilhazinha, mas eles estão incomodados com nossa ação nas redes sociais”. Na pauta futura estão dois grandes desafios: fortalecer e qualificar os vários instrumentos, como é a experiência da tevêFPA, da TVT, das rádios comunitárias, blogues e sites e lutar para acabar com o monopólio midiático, “dois movimentos simultâneos”.

Miro citou os ensinamentos de Perseu Abramo, sobre manipulação e informação e também respondeu às questões dos internautas que abordaram o conselho nacional de comunicação, internet e tecnologia, políticos e radiodifusão e formação de novos comunicadores. E também relembrou os países que já fizeram suas leis relacionadas à comunicação, como Estados Unidos e Reino Unido.

Direito à comunicação

Durante a entrevista, foi abordado também o lançamento da publicação Para Garantir o Direito à Comunicação, uma coedição da Editora Fundação Perseu Abramo, da Fundação Maurício Grabois e do Centro Barão de Itararé. O livro é organizado pelo professor Venício de Lima, com prefácio de Franklin Martins. Saiba mais aqui.