Publicado em 13/06/2013 – 10:02

A preparação do Brasil para a Copa das Confederações e os investimentos em segurança, turismo, mobilidade e aeroportos para o Mundial de 2014 foram os assuntos abordados pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, durante o programa “Bom Dia, Ministro”, na manhã desta quinta-feira (13.06). A entrevista foi produzida e coordenada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e transmitida ao vivo pela NBR TV e via satélite, das 8h às 9h. Assista ao vídeo do programa, ouça a íntegra e confira abaixo um resumo das respostas.

Legados físicos e imateriais

“Já podemos dizer que, a partir da preparação do Brasil para a Copa do Mundo, há um legado na geração de empregos, de renda, no fluxo de turistas para nossas sedes. Com a Copa, elas passam a ser mais conhecidas. A imprensa internacional, revistas, jornais e rádios passam a visitar e a divulgar o país. Isso sem contar com os estádios, com engenharia avançada, sustentabilidade, aproveitamento de energia e água da chuva.

Fora isso, já temos uma experiência na chegada das delegações estrangeiras. A primeira foi o Taiti. Depois Itália, Espanha e Uruguai. Todas encantadas com o magnetismo do país, que é rico em imagens, em história, em cultura, em folclore. Um país capaz de encantar o mundo. Todos esperam uma Copa que encante. E vamos naturalmente aproveitar para consolidar as manifestações da nossa cultura, da nossa música, e deixar um legado para o futuro. Da afirmação do Brasil não apenas do ponto de vista material, como os estádios, aeroportos, equipamentos de segurança, mas um momento privilegiado para o Brasil mostrar ao mundo um projeto civilizatório, tolerante, que não cultiva o ódio.”
Obras nos estádios e em mobilidade urbana

“Tenho visitado permanentemente as obras dos estádios e de mobilidade urbana. Tenho conversado com governadores, prefeitos e construtoras. As obras estão adiantadas. Nas arenas estamos avançados. No estádio do Corinthians, chegamos a 79%. Em Manaus, 62%. Natal está em dia. Da mesma forma em Cuiabá. Porto Alegre também. Mobilidade do mesmo jeito. Em Recife entregaremos todas, com uma exceção, até dezembro de 2013. E mobilidade é legado para a população das cidades. Em Curitiba, pelo que tenho conversado com governantes e proprietários do estádio, teremos as obras entregues no prazo. Lá na Arena da Baixada é uma reforma, para acrescentar uma parte já prevista de arquibancada que não foi construída na obra inicial. Houve desapropriação no entorno para a mídia e outros equipamentos para a Copa. Há um acordo com a prefeitura e o governo para apoiar as obras. Acordo com o BNDES para o empréstimo. Está tudo encaminhado.  Estamos otimistas quanto aos prazos serem cumpridos.”

Confederações: desafios e os pessimistas

“A maior dificuldade que tínhamos era o prazo para a entrega dos estádios. Os 12 começaram mais ou menos ao mesmo tempo. Entregamos dois no prazo [para a Copa das Confederações]. Os outros quatro atrasamos um pouco, mas a tempo de realizar testes. As obras de mobilidade urbana são quase todas para 2014. O pessimismo sempre acompanhou uma parte de nossa intelectualidade. Não compartilhamos quando vira uma coisa destrutiva. Temos um controle muito grande por parte do governo federal, um trabalho com prefeituras e governos estaduais e achamos que a população poderá ficar tranquila de que a Copa será uma festa à altura. Há investimentos em segurança, telecomunicações, mobilidade urbana, para garantir aos turistas, aos estrangeiros, uma Copa como todos esperamos.”
Testes e avaliações

“As arenas da Copa das Confederações foram submetidos aos eventos-teste. Foram jogos e shows para avaliar parte elétrica, hidráulica, acessos, acomodação, sistema de informação, para ver se tudo funciona a contento. São equipamentos sofisticados, com preços diferentes para acomodações, áreas de higiene, banheiros, restaurantes, bares. Tudo tem de funcionar a contento para os frequentadores. Fizemos os eventos-teste e nem todos foram satisfatórios, mas eles servem para isso mesmo, para avaliar e corrigir. Para ver se tudo funciona de acordo com os planos operacionais.”
Inexistência de planos B

“Não existe plano B. Em São Paulo o estádio de Itaquera é o Plano B para o estádio de Itaquera. Já me fizeram essa pergunta em Porto Alegre quando a obra do Inter estava paralisada e eu disse que a alternativa ao Beira-Rio era o Beira-Rio, embora reconhecêssemos que o Grêmio construiu uma arena de fazer inveja em beleza e satisfação. Sabemos que [a Arena do Grêmio] está destinada a grandes glórias, mas o estádio para a Copa é o do Inter. Em 1950 foi o dos Eucaliptos. Em São Paulo, o Palmeiras vai construir a mais bela arena do mundo. Sofisticada, plasticamente uma beleza, mas a Copa será na Arena do Corinthians.”
Obras em Cuiabá

“É visível em Cuiabá as máquinas realizando as obras. O que a FIFA nos pede é o acesso ao aeroporto, à rede hoteleira e ao estádio. As outras obras fazemos com base na Matriz de Responsabilidades, que estabelece o compromisso de cada um dos entes governamentais. Não tememos pelas obras. Houve uma mudança de traçado em Cuiabá para ser retomado em outra circunstância. Teremos todas as condições de ter as obras concluídas. Vejo as obras no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, em bom ritmo. Por isso acho que teremos em Cuiabá uma Copa à altura da expectativa dos matogrossenses e de todo mundo.”
Obras em Belo Horizonte

“Visitei várias vezes o Mineirão. Fui com o governador Anastasia, fui ao primeiro clássico. Não pude ir ao segundo. O estádio passou pelos testes. Houve ali um ou outro problema na venda de alimentos, na entrada, mas já foram resolvidos e o Mineirão é um templo à altura do futebol mineiro, que representa a melhor tradição do futebol brasileiro. As obras no entorno também estão sendo entregues no prazo. Em dezembro de 2011 acompanhei a entrega do anel viário, da alça de acesso ao estádio. Acho que a prefeitura e o governo do estado fizeram o dever de casa como se esperava.”
Obras em Manaus e preconceito com a região

“Fico feliz que tanto a Arena Amazônia quanto o Aeroporto Eduardo Gomes estejam com as obras adiantadas. Manaus merece e precisa das obras e o Brasil também. Há uma grande expectativa de uma bela Copa do Mundo na região Norte. Lamentavelmente, a ignorância muitas vezes atinge pessoas que se julgam ilustradas, cosmopolitas, que não sabem que Manaus representa uma verdadeira civilização, com sua história, cultura, culinária. É uma parte do Brasil fundamental para nossa identidade e formação. Defendemos a história, o futebol do Amazonas e a importância de realizar o evento lá. Se tivéssemos um pensamento estreito, também não faríamos a Copa na Coreia do Sul, onde não há grande tradição no futebol. E fizemos lá.”
Questionamentos sobre o Estádio Nacional Mané Garrincha

“Há os que dizem que não só o estádio, mas que Brasília, a cidade em si, é um elefante Branco. Eu acho absurdo. Brasília foi um sonho de José Bonifácio, nosso patriarca. Floriano Peixoto mandou a missão Cruls, em 1892. O presidente Juscelino Kubitscheck, que sonhava com o Brasil grande e integrado, tomou a iniciativa. Hoje a cidade é querida e respeitada pelo arrojo, pela arquitetura. Tenho muito orgulho de Brasília e do estádio que abre a Copa das Confederações, à altura do nome que o batiza, do nosso Mané Garrincha. É um estádio à altura da visão futurista da capital, que é a capital de todos os brasileiros. Já acolheu Flamengo x Santos, a final do Campeonato Candango, mas também será um espaço para feiras, passeios, turismo, eventos. Fica numa área privilegiada, acessível. Vai pagar esse investimento com a renda dos eventos que vai acolher e realizar.”
A Copa além das cidades-sede – Maceió

“Nós temos compromisso com o país e com Alagoas. Temos de fato o empenho em fazer com que o estado se torne centro de treinamento para acolher seleções. Temos feito esse esforço. Temos procurado investir no Estádio Rei Pelé. Já liberei recursos para adaptar às exigências da FIFA. A cidade tem uma rede hoteleira razoavelmente sofisticada. Queremos aproveitar a Copa para assegurar as condições para democratização do esporte e do acesso ao esporte.”
Abusos de tarifas na rede hoteleira

“Teremos tolerância zero para o abuso. Não vamos aceitar que a rede hoteleira aproveite os eventos esportivos para superfaturar o preço do setor. Isso prejudica o país, a cidade que praticar o abuso. Vai perder eventos, vai perder como destino turístico. Vamos colocar, se necessário, a Polícia Federal, a rede de fiscalização do governo federal para defesa do consumidor. E é preciso alertar que na última vez os que adotaram essa prática tiveram de devolver dinheiro, na Rio +20. Podemos ter até hotel fechado por abusos.”
Aeroportos

“O nosso principal problema nos aeroportos não é a capacidade aeroportuária propriamente dita, a capacidade de receber pousos e decolagens ou passageiros. O problema é a operação. Da saída do avião até tomar o transporte e sair do terminal. O processo de desembaraço da bagagem, a passagem pelo raio-x e coisas assim. O ministro [Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República] Moreira Franco está empenhado, visitando pessoalmente os terminais ligados aos grandes eventos. Acho que teremos um caminho para a integração disso.”
Entrega de ingressos

“Ainda ontem conversei com representantes da FIFA e eles estão fazendo um grande esforço para desburocratizar o acesso aos ingressos. Há uma queixa da FIFA segundo a qual aqueles que adquiriram o ingresso estão deixando para a última hora o recolhimento. É preciso procurar com alguma antecedência para evitar filas. Não deixar para a última hora. Eles têm experiência, fazem Copa há quase 100 anos, de quatro em quatro anos, e sabem que essa imagem deles precisa ser preservada.”
Investimentos e retorno

“A Ernest Young projetou a geração de 3,6 milhões de empregos com Copa do Mundo e Olimpíada. Para cada dólar público investido, há 3,4 do poder privado. Recebo investidores internacionais dos EUA, Holanda, Inglaterra, África, América do Sul, interessados em participar dos serviços dos grandes eventos. Há investimentos em hotelaria. Só uma cadeia de hotéis francesa pensa em investir R$ 2,5 bilhões. Isso só acontece porque o país cresce com sustentabilidade. Estamos, paralelamente, treinando mão de obra, com o Pronatec Copa e a ajuda de entidades como Sebrae, Sesi, Senai, Senac. Isso em todo o Brasil, não apenas nas cidades-sede.”
Aumento dos ingressos em novas arenas

“Vejo isso com grande preocupação. Sei que principalmente no Nordeste o poder aquisitivo da população que gosta de futebol é mais baixo. Se houver elitização do futebol pelo preço, é ruim para o futebol. Se o futebol se afastar dessa base que lhe deu legitimidade, o futebol perde sua magia, seu encanto, sua fantasia. Vamos procurar junto aos clubes, às entidades organizadoras do futebol, à CBF, mobilizar um grande esforço para que parcela dos ingressos, não só para a Copa do Mundo, mas depois da Copa, não sejam proibitivos.”
Relação entre novos estádios e custos para clubes

“É claro que esses estádios mais sofisticados, seguros, confortáveis, vão ser mais caros. Tanto os clubes merecem o conforto quanto o torcedor merece. Cabe compatibilizar o conforto com a capacidade e viabilidade financeira dos estádios. Pernambuco, por exemplo, vendeu os Naming Rights por algo como R$ 10 milhões ao ano. Mas é preciso encontrar uma forma que assegure aos times jogar nos estádios e fazer deles comercialmente viáveis.”