No capitalismo contemporâneo, o mercado financeiro ganhou exponencial legitimidade. Antes concentrada em grandes industriais e fazendeiros, a representação social da riqueza passou a ser focalizada em financistas e rentistas, que, em favor próprio, sugam e espoliam a produção da sociedade. Esta é a análise de Roberto Grün, professor do departamento de Engenharia da UFSCar, que discute O Que é Dominação Financeira, na Aula Pública Opera Mundi.  

Autor do livro Decifra-me ou te devoro – o Brasil e a dominação financeira (Alameda, 344 pg., R$48) ,Grün explica como a sociedade se organiza e aceita um determinado arranjo que privilegia o campo financeiro.

“A dominação financeira é mais um fenômeno cultural do que propriamente financeiro. Como as finanças prevalecem na esfera econômica, social e cultural até chegar até a política? A partir das ideias de Pierre Bourdieu, tento responder esta questão utilizando o conceito de campo financeiro”, explica Grün.

Para o autor, governança corporativa é uma ideia central para compreender como a sociedade contemporânea constroi sua estrutura em torno de uma perspectiva financeirista do mundo. Dominação financeira, explica Grün, não se estabelece apenas na economia. Pelo contrário, ela se expande à produção cultural e às esferas sociais, integrando totalmente o cotidiano dos países. Logo, os indivíduos são obrigados a empreender e se comportar como empresas de si mesmo.

“O que tento descrever com o conceito de governança corporativa é como a dominação financeira é estruturada na vida social contemporânea. Cada vez mais, essa lógica engloba um número maior de agentes e reformata o campo – na perspectiva do sociólogo Pierre Bourdie – do poder na sociedade brasileira”, afirma.

 

 

Aula Pública Opera Mundi:
*Coordenação-geral: Haroldo Ceravolo Sereza | Produção: Dodô Calixto | Edição de vídeo: Daniela Stéfano