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‘Trago comigo’ remexe e confronta as memórias da ditadura

Em uma das cenas mais emblemáticas de Trago Comigo, o dramaturgo Telmo (Carlos Alberto Riccelli) discute com Miguel (Felipe Rocha), o ator que faz seu alter-ego na nova peça que estão montando. O diretor quer reconstituir a cena de um assalto a banco do qual participou na época da Ditadura, uma ação política de resistência, mas Miguel tem dificuldade em entender porquê aquele ato não era algo condenável como simplesmente criminoso.

Este abismo de ideologias e gerações é um dos temas do filme de Tata Amaral, cineasta que comemora neste ano 30 anos de carreira, tendo no currículo obras importantes como Um Céu de Estrelas (1997) e Hoje (2011).

Enquanto dirige o grupo de atores em um projeto de alta carga pessoal, Telmo apresenta a eles um pouco do que foi viver sob repressão constante, como parte de uma geração ameaçada de tortura e relegada à clandestinidade. Em mais de um momento porém, esta nostalgia é questionada pelos jovens: “não havia ninguém da periferia no movimento?”, “e negros?”.

Trago Comigo é uma espécie de making of do espetáculo que este grupo ensaia e debate. Riccelli é uma presença poderosa em cena, como um homem montando em cima do palco o quebra-cabeça de sua juventude, ao mesmo tempo revivendo e exorcizando traumas que havia preferido esquecer. A citação à Hamlet, perto do desfecho, é uma referência excelente e muito apropriada.

Além da narrativa linear, o filme salta no tempo para mostrar cenas da peça teatral pronta, revelando uma direção de arte cuidadosa e até deixando o público com vontade de ver aquela montagem fictícia na íntegra. Por outro lado, o ritmo é às vezes quebrado com depoimentos de pessoas que sofreram horrores inimagináveis durante a repressão. Aqui vale mais o registo do que o mérito cinematográfico.

Os acontecimentos recentes mostram que o fantasma da Ditadura está mais vivo do que nunca. Ver o novo longa de Tata agora ganha novo contexto: se a intenção no início da produção era não deixar que esta memória se perca, virou um alerta para que não seja vivida novamente na pele.

Com a estreia do filme nos cinemas, foi lançada na página do filme no Facebook a campanha #TragoComigoUmaLembrança, em que atores, artistas e ativistas leem relatos de presos políticos da Ditadura. Veja alguns dos vídeos abaixo:

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Publicado em Carta Capital.

 

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