Na eleição da presidência da Câmara dos Deputados, o PCdoB se pautou pela coerência ao fixar como objetivo central aglutinar amplas forças políticas para impedir o continuísmo de Eduardo Cunha, aliado fiel de Michel Temer no golpe de Estado em marcha no país e expressão do que há de pior no parlamento brasileiro. Nesse sentido, a derrota de Rogério Rosso (PSD-DF), preposto de Cunha, abala e debilita o “centrão”, e açula contradições na base parlamentar do golpe.

A conduta política do PCdoB emanada de sua direção nacional se manteve, neste episódio, consentânea à sua tomada de posição firme e decidida, desde a primeira hora, de combate sem tréguas ao golpe.

No primeiro escrutínio, num cenário sob o controle das forças conservadoras e diante de uma dispersão das forças progressistas, a bancada comunista decidiu lançar uma candidatura própria: o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

A candidatura de Orlando cumpriu o papel de fazer contundente denúncia do golpe e vigorosa defesa da democracia. No seu pronunciamento, Orlando atacou a pauta de corte de direitos dos trabalhadores do governo interino e chamou uma ampla unidade de partidos e de deputados e deputadas para varrer do parlamento as práticas autoritárias do reinado de Cunha.  

No segundo escrutínio, diante do confronto objetivo entre Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), a bancada do PCdoB em conjunto com grande parte da esquerda votou em Maia para derrotar o candidato de Eduardo Cunha. Levando em conta circunstâncias políticas, a bancada autorizou as ausências das deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Alice Portugal (PCdoB-BA) da votação.

Obviamente, a vitória de Rodrigo Maia não altera a relação de forças na Câmara dos Deputados, que segue sob ferrenho e amplo domínio das forças conservadoras. Contudo, o governo interino vê agravadas as disputas e contradições na sua base de sustentação. Além disso, Cunha fragilizado, encaminhando-se para ser cassado, passa a ser uma variável de potencial explosivo para Temer pela relação umbilical entre ambos. Espera-se, também, que com a mobilização permanente das forças democráticas seja restaurado na Câmara, o respeito ao regimento, às bancadas, e aos direitos da minoria.

As forças de esquerda e populares que tiveram legítimas diferenças de opinião e de conduta política nesta batalha pontual não podem perder de vista a imensa responsabilidade de prosseguir unidas nas jornadas contra o golpe.

Continuaremos no parlamento, nas ruas, nas redes sociais e em outros espaços da luta de ideias, nossas ações contra a agenda regressiva do governo interino, batalhando contra retrocessos e corte dos direitos sociais e dos trabalhadores, e empreendendo a defesa da soberania nacional e da integração solidária da América Latina.

Finalmente, quando se avizinham as batalhas decisivas do julgamento do Senado Federal, impõe revigorarmos as mobilizações do povo, e de amplos setores democráticos para derrotarmos o golpe e restauramos a democracia.

Plebiscito Já!

Fora Temer!

 

São Paulo, 15 de julho de 2016

Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)