O secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu, participou da mesa inaugural de debates do 19º Encontro do Foro de São Paulo, em 31 de julho.

O PCdoB foi co-organizador do evento junto com o PT, na qualidade de membro do Grupo de Trabalho do Foro, do qual faz parte desde 2008. Dentre os brasileiros havia também dezenas de delegados do PSB, do PDT e do PPL. Já o PCB teve uma pequena participação.

Na delegação do PCdoB, a maioria era formada pelos quadros e militantes de São Paulo, que atenderam ao chamado do Comitê Central, do Comitê Estadual de São Paulo e dos comitês municipais, em especial do Comitê Municipal paulistano. Merecem destaque também a União da Juventude Socialista (UJS) e as frentes de movimentos sociais do nos quais atua o PCdoB, como a sindical, a estudantil, a de mulheres, e a frente de luta contra o racismo.

Deixo aqui um reconhecimento a todos e todas que, participando da semana toda ou participando em um dia, contribuíram para essa vitoriosa e inédita (pela quantidade e qualidade) presença do PCdoB nesse 19º Encontro. Ao mesmo tempo em que fortaleceu o Foro de São Paulo, a presença desses quadros e militantes comunistas também possibilitou a eles um grande aprendizado, e uma elevação de sua consciência internacionalista.

Além de vários dirigentes nacionais do PCdoB, é preciso destacar a presença, em vários momentos do encontro, especialmente no Ato Político e na Plenária Final, do presidente nacional do PCdoB, camarada Renato Rabelo, com intervenções qualificadas e combativas, que expressaram as opiniões do PCdoB para as delegações internacionais e para os participantes brasileiros.

Junto às delegações internacionais, constatou-se o crescente respeito e prestígio do PCdoB, que nos foram registrados de forma solidária e espontânea pelos representantes de partidos latino-americanos e caribenhos, e de outros continentes. Muitos dos partidos presentes no Encontro já confirmaram a presença no 13º Congresso do PCdoB, em novembro deste ano.

Foro vive uma fase de muita unidade

Durante a atividade da Escola de Formação do Foro de São Paulo, de 29 a 31 de julho, e durante as dezenas de atividades que ocorreram na região central de São Paulo até o dia 4 de agosto, uma mensagem ficou clara para os participantes desse 19º Encontro: os partidos de esquerda da América Latina e Caribe estão unidos na luta para fazer avançar as mudanças e para acelerar o processo de integração continental.

Estamos vivendo a fase de maior unidade do Foro, e talvez a melhor fase de sua existência. Fundado em São Paulo, em julho de 1990, o Foro que leva o nome da capital paulista completou 23 anos realizando, pela terceira vez, o seu encontro anual na cidade na qual foi criado, e pela quarta vez no Brasil. Em 1990 e 1997, os encontros do Foro tratavam da resistência aos governos neoliberais, como o de Collor e FHC no Brasil, e em 2005, apesar de já termos naquela ocasião vários governos de esquerda e progressistas, a esquerda estava mais dividida, e o Foro vivia alguns impasses.

Desde 1998, quando a vitória de Chávez na Venezuela inaugura um período de ascensão das forças populares na América Latina e Caribe, este é o momento em que a esquerda demonstra amadurecimento, e compreende melhor o valor da unidade e da coordenação para enfrentar a atual contraofensiva do imperialismo e da direita em cada país da região.

As resoluções do Encontro são avançadas e merecem ser estudadas e aplicadas

Uma semana inteira de cursos, reuniões bilaterais e multilaterais, encontros setoriais, oficinas, seminários, atividades culturais, atos políticos e debates em plenária não foi em vão. As resoluções aprovadas na plenária final do domingo, 4 de agosto, expressam o elevado nível de elaboração e de unidade a que chegou o Foro de São Paulo.

O Documento Base, que serviu como ponto de partida para os debates, a Declaração Final, o Plano de Ação e as várias resoluções específicas são de uma riqueza enorme, e precisam ser estudadas pela militância dos partidos membros do Foro de São Paulo, para serem compreendidas, e sobretudo para serem aplicadas.

A Declaração Final do Encontro tem como título “Aprofundar as mudanças e acelerar a integração regional”. Ao abordar a situação brasileira, também tema de outra resolução específica, diz a Declaração: “Nos solidarizamos com a posição da presidenta Dilma Rousseff e das forças de esquerda e progressistas brasileiras de reconhecer a importância das voz das ruas, para avançar pelo caminho das mudanças e evitar um retrocesso nas conquistas já alcançadas”.

O Plano de Ação é arrojado e, por si só, denota uma característica muito positiva desses últimos anos, durante os quais a Secretaria Executiva do Foro de São Paulo vem sendo conduzida pelo companheiro Valter Pomar, dirigente nacional do PT. Essa característica é um internacionalismo militante, que valoriza o debate político e teórico, e ao mesmo tempo impulsiona a unidade de ação na prática, a coordenação internacional da luta cotidiana.

O Plano de Ação ressalta, por exemplo, a importância do apoio solidário às forças de esquerda que disputam as eleições em 2013-2014 em seus países, e o apoio ao processo de paz na Colômbia.

Próximo Encontro do Foro será na Bolívia

Engrandecido pela presença de eminentes dirigentes partidários, parlamentares, intelectuais e líderes de movimentos sociais, o 19º Encontro contou com a participação de dois dos maiores líderes da esquerda regional e mundial: Lula e Evo Morales. O ex-presidente do Brasil discursou no Ato Político e o presidente boliviano fez uma conferência no ato de encerramento do Encontro.

No fim de seu discurso, Evo Morales convocou a todos para construírem juntos e estarem presentes no 20º Encontro do Foro de São Paulo, a ser realizado na Bolívia em 2014. Até lá, como expressam as resoluções do 19º Encontro, temos muita luta para fazer, e muito a conquistar e avançar, no Brasil e em nosso continente.

*Ricardo Alemão Abreu é secretário de Relações Internacionais do PCdoB