As atenções concentram-se sempre sobre a factura alemã. Aquela que Berlim deve pagar pelos dois planos de salvamento da Grécia a partir de Maio de 2010. A Alemanha é o maior contribuidor da zona euro, com uma participação de 29% nos programas de ajuda a Atenas. Até hoje ela desembolsou cerca de 46 mil milhões de euros e ainda deve assinar um cheque que fará a factura subir para 67 mil milhões de euros.

Mas isto é esquecer que a crise grega, que originou uma desconfiança geral para com a zona euro, provocou um movimento de “fuga para a qualidade” que se traduziu por uma corrida sobre a dívida alemã. Como prova, Berlim financia-se em certos títulos a uma taxa de 0%. Mais notável ainda, o custo de empréstimos a dois anos no mercado secundário foi negativo no princípio do mês de Junho. O que significa que os investidores estavam prontos a perder dinheiro para preservar o seu capital, tal como se alugassem um cofre-forte num banco.

Um cálculo aproximado [1] mostra que as economias geradas pela baixa dos custos de financiamento desde há três anos se elevam a cerca de 63 milhões de euros. As taxas a 6% – as que correspondem à maturidade média da dívida alemã – passaram efectivamente de 2,66% em 2009 a 0,95% em 2012. O país está portanto certo de ter recuperado seu risco com a Grécia: a baixa dos seus custos de tomada de empréstimos quase compensa os empréstimos concedidos a Atenas.

De acordo com o mesmo raciocínio, a França [1] , que viu a sua taxa a 6 anos declinar de 2,91% em 2009 para 1,97% este ano, amortizou a sua ajuda à Grécia em 80%. Os ganhos teóricos realizados nestas tomadas de empréstimos representam 38 mil milhões de euros, ao passo que os empréstimos a Atenas elevam-se a 48 mil milhões – portanto 33 milhões já foram pagos.

Há que considerar que a contribuição da Alemanha e da França não cessa na Grécia. Os dois países apoiam também a Irlanda, Portugal e dentro em breve os bancos espanhóis através do fundo de socorro europeu.

 

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[1] Tendo como hipótese um stock de dívida pública de 2.200 mil milhões de euros para a Alemanha e 2000 mil milhões para a França, renovado a cada 6 anos. As economias realizadas representam as taxas fixadas em 2010, 2011, 2012 para seis anos em comparação com a taxa de 2009.
22/Junho/2012
[*] Chefe de serviço adjunta de Les Echos.

O original encontra-se em www.lesechos.fr/…

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