Em abril de 2010, na cidade do Rio de Janeiro, o PCdoB realizou o seu primeiro Encontro Nacional de Pós-graduandos. Foi a primeira atividade sistematizada nessa área específica, atendendo a uma demanda cada vez mais crescente, advinda, sobretudo, pela destacada participação dos jovens comunistas na política científica e tecnológica nacional, destacadamente através da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG).

Este encontro serviu para discutir uma linha de ação política na área de Ciência e Tecnologia entre a militância comunista, mais balizada ao Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (NPND) e, sobretudo, em consonância com o novo programa socialista e com o documento de política de quadros do PCdoB.

“Doutores comunistas”

Uma importante percepção ou compreensão sobre a intervenção comunista na política científica, que nasce neste encontro, é de que não há incompatibilidade entre militância e dedicação aos estudos e a pesquisa, pois, nesta esfera, se aplicar exclusivamente ao mestrado ou ao doutorado é tarefa das mais estratégicas. Portanto, é necessário formar uma militância cada vez mais presente nas salas de aula e nos laboratórios. Dedicar-se aos estudos é, assim, uma tarefa militante das mais altivas, imposta aos pós-graduandos do PCdoB.

Outra tarefa importante apresentada aos militantes pós-graduandos é de se organizarem a fim de se tornar uma força orgânica capaz de ocupar os espaços de formação do conhecimento. Para isso, é imprescindível a titulação de doutor, ou seja, o Partido deve estimular os seus quadros a serem mais que comunistas, serem “doutores comunistas”.

Novo quadro, na política de quadros

A partir deste encontro, o PCdoB realizou seu primeiro encontro que resolveu chamar de Coletivo Nacional de Pesquisadores em Ciência, Tecnologia e Inovação, ocorrido em março de 2012, na cidade de São Paulo. O Coletivo será coordenado pelo professor e membro do Comitê Central do Partido, Olival Freire, e terá um núcleo composto inicialmente por Luciano Rezende, Felipe Maia, Elisângela Lizardo, Fábio Palácio e Marcelino Granja, e será vinculado à Fundação Maurício Grabois.

O Coletivo surge diante de algumas especificidades verificadas no trabalho dos quadros comunistas pesquisadores em ciência e tecnologia. Estas especificidades têm sido responsáveis pela dificuldade da organização da militância destes pesquisadores no âmbito do PCdoB. Dentre estas especificidades pode-se apontar o longo período de formação antes da conversão integral em pesquisadores (pelo menos seis anos além da graduação); o afastamento de seus locais de militância para a realização de cursos de pós-graduação, muitas vezes esse afastamento implica em sair do país; a intensa competitividade nesse campo profissional, o que requer muitas vezes um tempo de dedicação à profissão, maior que o usual em outras profissões.

Mais recentemente, algumas condições podem alterar o enfrentamento destas particularidades, tais como o reconhecimento pelas diversas instâncias partidárias da existência destas especificidades e a valorização da militância comunista neste setor da vida social e a existência de um número já expressivo de militantes comunistas em cursos de pós-graduação e mesmo como pesquisadores formados. Estas condições motivaram a formulação da proposta da organização de um coletivo nacional de pesquisadores em ciência e tecnologia como instância de organização da militância neste setor.

O Coletivo terá como agenda de trabalho a discussão e intervenção em torno de duas grandes temáticas, além daquelas mais usuais na organização partidária: a política de ciência, tecnologia e inovação como vetor do desenvolvimento e as implicações produtivas, sociais e culturais da pesquisa.

Serão convidados a participar do Coletivo, aqueles que participam do que chamamos de Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, composto tanto por militantes em estágio de formação, como pesquisadores nos diversos cursos de pós-graduação, quanto pesquisadores formados, atuantes em diversas instituições, e também gestores e aqueles envolvidos em inovação tecnológica. Como o coletivo não deve rivalizar com as formas de organização já existentes e em funcionamento, a decisão sobre quais militantes deverão integrar tal coletivo precisará ser tomada, caso a caso, tendo em conta a opinião das diversas instâncias partidárias.

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Fonte: Portal da Organização